Há duas semanas participei numa acção de formação sobre ética. Apesar de ser vocacionada para a ética profissional, um dos pontos principais da formação era a distinção entre moral e ética.
Carnaval de Arlequim - Miró |
Moral é um ou mais conjuntos de códigos e regras que devem ser seguidas pelos indivíduos de um determinado grupo ou sociedade, tendo como objectivo o bem comum e uma sociedade organizada nesse ou noutro sentido - dependendo isso da sociedade em causa. Ou seja, ter moral, significa respeitar e seguir uma determinada conduta de comportamento previamente estipulada e definida. A própria palavra é uma herança Romana - apesar de traduzida directamente do Grego -, relacionada com a forte componente legal e legisladora que o Império deixou à civilização Ocidental.
Por outro lado, ética significa analisar e questionar os modelos e regras que regem o comportamento humano, especialmente o Homem como ser social e responsável em sociedade pelos seus actos, mas também para consigo próprio. Ou seja, enquanto a Moral define, a ética questiona para compreender e saber como actuar e proceder sem seguir cegamente os códigos legais e de conduta previamente estabelecidos.
Associar então moral à Religião e aos dogmas, do meu ponto de vista, é perfeitamente defensável, pois a grande maioria das religiões têm uma moral própria já estabelecida com base em verdades inquestionáveis - dogmas - quem devem ser seguidas e não questionadas.
Já associar ética à filosofia é quase imperativo, pois, na sua busca e amor pela sabedoria, a filosofia questiona e analisa para melhor compreender.
Me pregunto amigo si es posible una moral laica, republicana, con unos principios no guíados por una moral religiosa. Saludos
ResponderEliminarClaro que é possível, são muitos os casos de uma moral proveniente de instituições laicas. Por exemplo Partidos Políticos, Clubes de Futebol e até mesmo grupos de amigos.
ResponderEliminarUtilizei o exemplo da Religião para ajudar à diferenciação entre Moral e Ética devido forte componente Dogmática de algumas Religiões.
Tenho de admitir que pensei que só Portugueses, e poucos, lessem o que aqui escrevo.
ResponderEliminarFico muito contente com o comentário do Javier, por ser um falante de outra língua e mais que isso pela excelente questão.
Sigo con interés el blog desde hace algún tiempo. Saludos
ResponderEliminarPois meu caro, de facto discordo. Como saberás a minha posição vou resumir à seguinte constatação: toda a Filosofia, e aqui incluo na só a Filosofia Ocidental como têm por hábitos os ocidentais fazer, é influenciada por princípios religosos. Argumentar que a Filosofia não tem estes princípios é falacioso. A própria mitologia grega é uma forma de religião mais arcaica, não indexada. Não é porque está num ou mais livros que algo deixa de ser relgião ou texto sagrado. Os mitos gregos não contam histórias, ditam um moral, um quadro ético a seguir. E isso pode ser replicado para outros campos como os partidos políticos ou clubes de dominó!
ResponderEliminarClaro que a Mitologia Grega é uma forma de religião, tal como as actuais religiões são formas de mitologia. Simplesmente se admite a dita religião arcaica como tal, talvez por já ninguém a praticar enquanto religião, o que que não deveria ser verdade durante o apogeu das cidades-estado gregas.
ResponderEliminarEstudando-se os Filósofos pré-socráticos, salta à vista o início da tentativa de separação entre a explicação do mundo pelo mito e a pela razão. No inicio, na sua génese é verdade que a religião grega e a filosofia eram uma só, mas ao longo dos tempos a Filosofia foi-se separando desses princípios mitológicos e criando as suas próprias ferramentas de trabalho, entre elas a dialéctica, a lógica e a avaliação sensorial do observador. Algo que mais tarde daria origem ao empirismo cientifico.
Para confirmar a génese da Filosofia Ocidental pode-se ler um dos livros que já aqui apresentei: Filosofia Pré-socrática da Guimarães Editores.
Em primeiro lugar, os meus parabéns pelo blog - temas interessantes e grafismo sugestivo.
ResponderEliminarO tema que abordas, é propício a interpretações com um pendor religioso, contudo,a Ética na perspectiva filosófica,é sempre uma reflexão que se pretende objectiva acerca dos princípios morais, esta sim, particular e própria de uma sociedade. Enquanto que a moral tem um carácter prescritivo, a ética é a fundamentação última do agir humano.
Penso que essa distinção foi bem conseguida da tua parte.
Na obra Fundamentação da Metáfísica dos Costumes, E. Kant, preconiza-se a ideia da universalização da Moral, que mais não é do que uma ética aplicada. É apenas uma sugestão de aprofundamento do tema.
Tenho muito gosto em receber aqui um comentário teu Marta, um excelente contributo para aprofundar este tema. Tenho a maior honra em poder discutir este tema com alguém que efectivamente o domina, ao contrário de mim que arrisco o erro por analisar obra a obra, faltando-me uma visão mais abrangente, que só o estudo de muitos anos permite. Mas contarei com o teu contributo e com os demais que participem para ir trilhando este caminho a que me proponho.
ResponderEliminarEncontrei no blogue "Páginas de Filosofia" um texto muito interessante sobre este tema. Fica aqui o link: http://paginasdefilosofia.blogspot.com/2009/11/etica-objecto-e-caracter-normativo-ii.html
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