sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O Livro: "O Banqueiro Anarquista"

Fernando Pessoa é conhecido pela sua poesia, pelos seus heterónimos, pelos seus “vícios”, e pela sua morte sem o devido reconhecimento em vida, entre outras facetas universalmente divulgadas. No entanto é pouco conhecida, ou se calhar pouco divulgada, a sua escrita em prosa, especialmente aquela com tendências filosóficas e políticas. Daí a minha surpresa quando encontrei um pequeno livro classificado como de filosofia/política deste conhecido autor. Falo da obra O Banqueiro Anarquista. Só o nome é paradoxal e estranho. Como pode um Banqueiro, esse arauto do capitalismo, ser um anarquista? Não é nenhum jogo de palavras, a genialidade de Pessoa consegue justificar esta aparente contradição através de uma cuidada e profunda fundamentação. A obra consiste numa conversa entre duas personagens: um interlocutor que questiona o Banqueiro e ouve atentamente as suas respostas, tentando descortinar e compreender como pode ele intitular-se de anarquista; e claro o próprio Banqueiro. Os argumentos e justificações para tal posição controversa vão fluindo à medida que o diálogo entre as duas personagens se vai concretizando.
Frenando Pessoa - Almada Negreiros
Deixo apenas um pequeno desvendar do conteúdo da obra para que quem não a conheça possa ter uma ideia do que trata. 
Durante o diálogo o Banqueiro justifica-se como um verdadeiro anarquista porque, somente com o seu estatuto, através dos princípios capitalistas e da posse de muito dinheiro, se sentiu plenamente livre, ou seja, um verdadeiro anarquista.
Concordando-se ou não com os argumentos apresentados pelo banqueiro para sustentar o modo como ele próprio se intitula, o livro faz-nos questionar sobre o verdadeiro significado dos conceitos “Anarquista”, “Liberdade”, “Capitalismo” e muitos outros associados a estas dicotomias.
Em suma, ler esta obra, e meditar sobre o que Fernando Pessoa pretende transmitir, é sem dúvida enveredar por um exercício mental proveitoso porque contribui, nem que seja só um pouco, para vermos de outro modo a sociedade em que nos inserimos, o nosso comportamento e as opções que vamos tomando ao longo da vida.

O Significado da palavra Matemática

À medida que vou lendo, a um ritmo calmo e despreocupado, o livro “Grande Enciclopédia da História”, da editora DK, vou-me deparando com um continuar de revelações e curiosidades - novidades pelo menos para mim - que me fazem levantar uma série de questões, muitas delas talvez sem explicações automáticas e simplistas. Exemplo disto é a explicação para a origem do termo Matemática, que no dito atlas versa o seguinte: Matemática deriva do termo "Mathema" que em Grego antigo significava “estudo” ou “aprendizagem”.
Composição com vermelho, amarelo, azul e preto - Mondrian
Esta explicação - na minha opinião -, à luz dos nossos dias, continua a fazer todo o sentido. Pois o comum dos mortais só domina esta área do saber através de dedicação, muito “estudo” e mediante uma “aprendizagem” contínua e sequencial. Esta minha análise faz-me pensar no caso Português, havendo muitas explicações e causas para o panorama actual particular em torno desta ciência. Mas, arriscando uma análise superficial e cingindo-me aos termos gregos que deram origem à palavra, farei algumas correlações que deixo à consideração de quem ler estas palavras. Assim, é usual os alunos portugueses advogarem em sua defesa, como justificação para o insucesso na disciplina de matemática, a falta de bases, o que, na minha opinião, pode comprovar a razão de ser de um dos significados da palavra original: a aprendizagem - neste caso falta de aprendizagem continuada. Por outro lado, também sem estudo, por parte do próprio aluno – isto comprovamos todos os que de nós estudaram matemática -, o sucesso nesta áreas, como em quase todas, torna-se seguramente uma demanda académica difícil de alcançar, indo-se assim ao encontro da outra interpretação do termo original que resultou na palavra matemática: o estudo.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O Filme: Bonecas Russas

A metragem Bonecas Russas é a sequela do conhecido filme: Residencial Espanhola. Mas por ser uma sequela não significa que se trate de outro filme sobres estudantes em Erasmus
Parece-me importante falar primeiro um pouco sobre o seu precursor. Residencial Espanhola é um bom exemplo de um filme europeu de sucesso, capaz de agradar ao espectador habituado ao cinema tendencialmente mais comercial e "americanizado". Filmes como este muito contribuem para a desmistificação do cinema europeu e sua divulgação, acabando com a ideia de que as rodagens europeias são invariavelmente lentas, aborrecidas e incompreensíveis. Este preconceito é contrariado magistralmente em Residencial Espanhola devido ao tema do filme, do local , ambiente e modo como se desenrola a acção. A obra aborda o fenómeno Erasmus e expõe a cultura de vários países através das várias personagens que preenchem o elenco, retratando as vidas e relações de jovens deslocados noutro país e que habitam uma mesma casa. Barcelona é o pano de fundo perfeito para a acção principal. O ambiente mediterrâneo, os tons quentes, a arquitectura e a arte que caracteriza esta cidade dão a cor e cheiro que nos embebe e faz querer viajar para experimentar tudo o que esta cidade tem para oferecer.

 Por outro lado, a sequela Bonecas Russas trata da vida pós experiência Erasmus das mesmas personagens de Residencial Espanhola, sendo novamente focada a perspectiva e experiências da personagem principal - o francês Xavier. Todas as experiências que vão sendo relatadas por Xavier durante os dois filmes, mas mais em Bonecas Russas vão moldando-o, tornando-o um cidadão do mundo. A par disto o romance está sempre presente, seja qual for o local onde se desenrole a acção (enquadrada em várias cidades europeias tais como Londres, Paris, São Petersburgo, entre outras). 
O título da obra advém de uma comparação que origina uma série de questões colocadas pela personagem principal: os amores são como as bonecas russas, dentro de uma pode sempre existir uma outra mais bela, mas só o saberemos se tivermos a coragem de abrirmos a que temos, correndo o risco de, irremediavelmente, a desmontar ou até mesmo de a destruir apenas para encontrarmos uma pior ou que nos desagrade. Mas como sabemos quando parar? Como sabemos qual a nossa boneca, aquela onde devemos parar?

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Um pedófilo é um pederasta e vice-versa?

Segundo a Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, pedófilo é a “pessoa que se sente sexualmente atraída por crianças”. No entanto existe um outro termo, menos conhecido, mas com um significado muito semelhante. Segundo o mesmo dicionário, um “homem que pratica sexo com rapaz jovem” é um pederasta. Fazendo alguns paralelismos, o significado atribuído à palavra pedofilia faz-me questionar a origem etimológica de outras palavras com terminação semelhante, notemos então que: “filia” ou “filo” significa em Grego antigo algo semelhante a “alguém que gosta” ou “alguém com especial simpatia” ou “amor por”.
Se fizermos o paralelismo com palavras como filantropo (gosto pela humanidade), columbófilo (gosto por pombos), filosofia (gosto pela sabedoria), entre muitas outras, concluímos que pedófilo poderá ser, pelo menos na acepção primordial da palavra, alguém quem nutra um amor por crianças, sem que com isso seja associada qualquer conotação sexual.
O grito - Much
Apesar disto, as palavras vão evoluindo e ganhando vida própria no seio das próprias línguas, sendo esta palavra [pedofilia] é apenas mais um exemplo disso. Provavelmente alguém cometeu um erro na escolha do termo para definir os vergonhosos casos de abusos sexuais a crianças. Provavelmente o termo mais correcto para identificar esses comportamentos repugnantes e desviantes deveria ter sido pederasta. Isso, provavelmente, explica porque é ofensivo chamar pedófilo a alguém que lute pelos direitos das crianças, e perfeitamente aceitável chamar antropofilo (pessoa com dedicação ou simpatia pelos seres Humanos) a um activista dos direitos Humanos.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O livro: A Desilusão de Deus

O livro A desilusão de Deus, do conhecido biólogo evolucionista Richard Dawkins, merecia há algum tempo aqui uma referência. Para isso tive de voltar a reler a obra na transversal para evitar erros e gafes que em nada fariam jus ao autor e à obra.
Nesta obra, o autor questiona o porquê do fortalecimento de algumas correntes religiosas mais dogmáticas e extremistas, especialmente naquelas que apresentam explicações para o surgimento e funcionamento do universo opostas à ciência empírica, isto apesar dos avanços da ciência rumo a uma cada vez maior compreensão do universo e da vida.
Em a Desilusão de Deus, Dawkins distingue os diferentes modos como se considera Deus . De um modo resumido, segundo as suas crenças, agrupa as pessoas classificando-as como: Teístas, Deístas, Agnósticos e Ateístas.
Segundo a análise que fiz das palavras do autor, teístas são aqueles que acreditam num Deus omnipotente e omnipresente que tudo criou, tudo controla e opera (incluindo-se a humanidade também).
Os deístas acreditam que Deus criou o universo e as suas leis mas que depois não mais interveio. Dawkins refere que Einstein seria um Deísta, pois via em Deus a origem das leis da física. Isto não significa que esse Deus fosse o deus das três grandes religiões monoteísta (judaísmo, cristianismo e Islamismo), trata-se mais de um nome para uma entidade que deu origem ao que chamamos de leis da física pelas quais se rege o nosso Universo. 
Dawkins define agnosticismo como sendo a doutrina que admite a existência de uma entidade com as características atribuídas a Deus. Admite apenas, devido à falta de provas irrefutáveis não refuta nem valida a existência de Deus.
Finalmente, Ateus serão aqueles que, pela força da alta improbabilidade da existência de uma entidade com as características de Deus, negam a sua existência.

Sendo Dawkins um acérrimo defensor do evolucionismo de do ateísmo como modo de vida, ao longo desta obra vai apresentando diversas teorias no intuito de defender a sua posição. Irei de seguida apresentar uma dessas teses. Trata-se do paradoxo do bule, do conhecido filosofo inglês Bertrand Russell, que diz mais ou menos o seguinte: Se nos disserem que existe um bule a orbitar em torno do planeta Marte, quase que de imediato dizemos que não acreditamos. Qualquer pessoa diria que tal não será possível pois a Humanidade nunca viajou até Marte, logo não poderá existir lá esse objecto. No entanto, não conseguimos comprovar a sua inexistência, mas não hesitamos em admitir que tal é impossível, devido à grande improbabilidade desse fenómeno ocorrer.
Com esta referência ao paradoxo de Russell, Dawkins deixa-nos as seguintes questões no seu manuscrito: Porque não utilizamos o mesmo encadeamento lógico para validarmos a inexistência de Deus, dadas as elevadas improbabilidades? Porque deixam as Crianças de acreditar no Pai Natal e não em Deus?

Fica aqui também o link para a página do autor: http://richarddawkins.net/

Bem, deixo-vos estas questões. Eu procurei as minhas respostas. Façam o mesmo se assim o entenderem. 


O Filme: Barton Fink

No passado domingo tive um tempinho – coisa rara – ,o que me permitiu dedicar algum desse precioso bem à sétima arte. Fui à minha prateleira de DVD e peguei num ainda por abrir, decidi ver 'Barton Fink'. O filme à partida nada me dizia, apenas mais um que comprei numa qualquer promoção de filmes de autor. Depois de analisar melhor a caixa, descubro que se trata de uma obra dos “irmãos Coen”, e pensei logo – Isto promete.
Em Barton Fink é explorada a pressão que a indústria cinematográfica exerce sobre os autores e argumentistas: forçando-os a criarem argumentos comerciais e apelativos às grandes massas; obrigando-os a condicionarem a sua própria criatividade para moldes já pré-definidos e assim fazendo-os perder a verdadeira essência da sua arte, quer literárias quer cinematográfica. 

Quantos de nós não somos condicionados na nossa criatividade e opinião

Sendo que se trata de uma obra dos “Irmão Coen”, será de esperar um argumento original e repleto de particularidades originais. A isso acrescento a mestria do simbolismo presente em toda a obra e o facto de permitir uma grande possibilidade de interpretações ao verdadeiro significado que se deve extrair do acção, das personagens e dos ambientes físicos. Este filme divide-se em dois ritmos bem diferentes, sendo o inicial bastante lento e cheio de contemplações, terminando o segundo num ritmo frenético e desconcertante difícil de prever. 

domingo, 15 de novembro de 2009

Ig Nobel, os outros Prémios Nobel

Da minha habitual leitura da revista “Super Interessante”, onde mensalmente encontro artigos bem recheados de informação - mesmo que por vezes o modo como são apresentados nos leve a esperar mais -, com base no que se vai descobrindo nas várias áreas do conhecimento científico (apesar de não ser uma revista cientifica formal), fiquei surpreendido com um dos artigos da edição do mês de Novembro. Isto porque não fazia ideia que existisse uma gala anual para a entrega de prémios que distinguissem as investigações científicas mais humorísticas. Algo semelhante aos “Prémios Nobel”, mas repletos de humor e premiando as investigações mais originais e bizarras, mas todas elas ciência rigorosa e metódica (como é suposto). Estou a falar dos prémios “Ig Nobel”, um jogo de palavras que lido de enfiada soa a “ignóbil”. 

Deixo aqui alguns exemplo das investigações e cientistas premiadas com os ditos prémios, que, estranhamente ou não, muito apreciados pelos cientistas mais bem humorados
 Estes prémios provam que a ciência e a investigação cientifica podem ser divertidas e o acto de aprender um grande prazer recheado de boa disposição.

Passo a citar parte do artigo da Super Interessante “Ciência para rir”, do autor que assina como R.L.:


Alguns dos melhores de sempre:


Química 2008: Exequo para a equipa de cientistas que descobriu que a coca-cola era um espermicida eficaz… e para a que demonstrou que não o era.

Linguística 2007: Uma equipa da Universidade de Barcelona, por provar que os ratos nem sempre distinguem uma pessoa que fala japonês ao contrário de outra que fale holandês ao contrário.

Ornitologia 2006: Dois californianos por explicarem porque é que os picapaus não sofrem de dor de cabeça.

Medicina 2006: Dois trabalhos, um do Tennesse e outro de Israel , intitulados “Terminação dos soluços intratáveis através de massagem rectal digital”.

Química 2005: Uma experiência destinada a responder à eterna pergunta sobre se as pessoas nadam mais depressa em água ou xarope.

Fluidos Dinâmicos 2005: Um cientista alemão e outro húngaro, pelo estudo “Pressões produzidas quando um pinguim defeca: cálculos de excreções de aves”

Medicina 2004:Um estudo norte-americano sobre o efeito da música country nos suicídios.
Biologia 2004: Uma investigação sueca, dinamarquesa e canadiana que demonstrou que os arenques comunicam entre si, aparentemente, através de gases intestinais.

Biologia 2003: Atribuído ao holandês C.W. Moeliker por documentar o primeiro caso de necrofilia homossexual em patos.


Vencedores 2009:

Veterinária: A equipa da Universidade de Newcastle Demonstrou que as vacas cujos donos lhe atribuem nomes dão mais leite.

Paz: Cientistas Suíços testaram experimentalmente se é melhor que nos batam na cabeça com uma garrafa de cerveja cheia ou com uma vazia.

Economia: Administradores de bancos islandeses demonstraram que quatro bancos pequenos podem transformar-se em grandes, e vice-versa, e que isso pode ser aplicado à economia de um país.

Química: Um grupo de professores mexicanos criaram diamantes a partir de um líquido, concretamente, a tequila.

Física: Investigadores norte-americanos determinaram por que motivo as grávidas não caem para a frente, no estudo “Carga fetal e a Evolução da Lordose Lombar em Hominídeos Bípedes”

Saúde Pública: Investigadores de Chicago inventaram um soutien que se pode transformar, em caso de emergência, num par de máscaras anti-gás, uma para a mulher que o usa e outra para alguém próximo.

Matemática: O Banco central do Zimbabwe, criou um método simples para lidar com uma grande quantidade de números, emitindo notas que vão de um cêntimo a cem biliões de dólares.

Biologia: Um estudo nipónico demonstrou que a massa de resíduos produzidos nas cozinhas pode ser reduzido em 90% com recurso a bactérias das fezes de pandas gigantes.

sábado, 14 de novembro de 2009

Porque atravessou o frango a rua?

Neste texto vou revelar uma preciosidade que um amigo me fez chegar por correio electrónico. Assim que terminei de ler o conteúdo, ainda a rir e a pensar nas mensagens subliminares de cada frase, decidi que tinha de revelar não podia deixar de revelar aqui essas palavras. Lamento só não poder referir o autor desta criação, alguém que tem de ter uma considerável cultura geral  e um grande sentido de humor. Fica aqui o um tributo à sua criação.

Passo agora a citar a problemática em causa, tal como as respostas dadas para resolver esta pergunta intrincada e aparentemente sem explicação (Sem dúvida um trabalha de grande investigação filosófica e jornalística):

"O PROBLEMA DO FRANGO ATRAVESSAR A RUA, SEGUNDO A OPINIÃO DE ILUSTRES PENSADORES DO PASSADO E DO PRESENTE"

O frango atravessou a rua. Porquê?

Professora Primária"Porque o frango queria chegar ao outro lado da rua."

Criança
"Porque sim."

Platão
"Porque queria alcançar o Bem."

Aristóteles
"Porque é da natureza do frango atravessar a rua."

Descartes
"O frango pensou antes de atravessar a rua, logo, existe."

Rousseau
"O frango por natureza é bom; a sociedade é que o corrompe e o leva atravessar a rua."

Freud
"A preocupação com o facto de o frango ter atravessado a rua é um sintoma de insegurança sexual."

Darwin
"Ao longo dos tempos, os frangos vêm sendo seleccionados de forma natural, de modo que, actualmente, a sua evolução genética fê-los dotados da capacidade de cruzar a rua."

Einstein
"Se o frango atravessou a rua ou se a rua se moveu em direcção ao frango, depende do ponto de vista... Tudo é relativo."

Martin Luther King
"Eu tive um sonho. Vi um mundo no qual todos os frangos livres podem cruzar a rua sem que sejam questionados os seus motivos. O frango sonhou."

George W. Bush
"Sabemos que o frango atravessou a rua para poder dispor do seu arsenal de armas de destruição maciça. Por isso tivemos de eliminar o frango."

Cavaco Silva
"Porque é que atravessou a rua, não é importante. O que o país precisa de saber é que, comigo, o frango vai dispor de uma conjuntura favorável. Não colocarei entraves para o frango atravessar a rua."

José Sócrates
"O meu governo foi o que construiu mais passadeiras para frangos. Quando for reeleito, vou construir galinheiros de cada lado da rua para os frangos não terem de a atravessar. Cada frango terá um documento único de identificação e será avaliado e tributado de acordo com a sua falta de capacidade para atravessar a rua."

Mário Soares
"Já disse ao frango para desistir de atravessar a rua! Eu é que vou atravessar! Não vou desistir porque sei que os portugueses querem que eu atravesse outra vez a rua!!!"

Manuel Alegre
"O frango é livre, é lindo, uma coisa assim... com penas! Ele atravessou, atravessa e atravessará a rua, porque o vento cala a desgraça, o vento nada lhe diz!"

Jerónimo de Sousa
"A culpa é das elites dominantes, imperialistas e burguesas que pretendem dominar os frangos, usurpar os seus direitos e aniquilar a sua capacidade de atravessar a rua, na conquista de um mundo socialista melhor e mais justo!"

Francisco Louçã
"Porque é preciso dizer olhos nos olhos que só por uma questão racista o frango necessita de atravessar a rua para o outro lado. É uma mesquinhice obrigar o frango a atravessar a rua!"

Valentim Loureiro
"Desafio alguém a provar que o frango atravessou a rua. É mentira...!!! É tudo mentira!!!"

Paulo Bento
"O frango atravessou a rua com naturalidade... Era isso que esperávamos e foi isso que aconteceu, com muita naturalidade. O frango ainda é muito jovem e estas coisas pagam-se caro, com naturalidade!!!"

Zézé Camarinha
"Porque foi ao engate! É um verdadeiro macho, viu uma franga camone do outro lado da rua e já se sabe, não perdoou!!!"

Lili Caneças
"Porque se queria juntar aos outros mamíferos."


sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Sexta-Feira dia 13, um dia de azar político

Superstições à parte, o dia de hoje tornou-se conhecido como um dia de azar devido a uma decisão régia de um antigo monarca de França, tomada há mais de 700 anos, que nada tem a ver com misticismo

No dia 13 de Outubro de 1307, que por caso era uma sexta-feira, Filipe IV (o belo), rei de França, com autorização do Papa Clemente V, manda prender todos membros da Ordem dos Templários em território francês, incluindo Jacques de Molay - o Grão-Mestre da Ordem Templária (que mais tarde seria condenado à fogueira). Sob falsas acusações de heresia e traição, "comprovadas" por confissões arrancadas por tortura, os monges-guerreiros acabaram por ser condenados com sentenças de prisão ou morte. No entanto,  muitos historiadores e investigadores defendem que as verdadeiras razões para estas perseguições, condenações e posterior desmembramento da ordem, se deveram ao perigoso poder que a Ordem detinha na época, sendo já credores das maiores casas reais da Europa da cristandade. Dai se ter tornado extremamente útil a sua extinção, de modo a garantir a supremacia do poder dos monarcas. Estas teorias podem ser encontradas no livro: Portugal Cristianíssimo, de Rainer Daehnhardt; Grandes Enigmas da História de Portugal – vol.1, obra da responsabilidade de Paulo Alexandre Loução e Miguel Sanches de Baena.

O sabbath das bruxas - Goya
Mas há muitas mais justificações para se associar ao número 13 o infortúnio, desde a mitologia Nórdica (o Banquete de Loki) ao Novo Testamento (Última Ceia). Em oposição a isto, o número 12 é considerado como número completo e harmonioso, note-se o exemplo do termo “dúzia” e de várias referências históricas, religiosas e mitológicas a ele associado (Doze tribos de Israel, Os doze signos do Zodíaco, os Doze apóstolos, etc.)

Há também uma história conhecida no Norte da Europa, que passou por transmissão oral de geração em geração, de uma Bruxa, de seu nome Friga, que após a conversão dos povos Germânicos ao Cristianismo passou a reunir com o Diabo e outras 11 Bruxas às Sextas-feiras. Nesses encontros a 13, conjuravam, rogavam pragas e distribuíam infortúnios por toda a Humanidade. Estes e outros mitos podem ser encontrados no livro: Mitologia - mitos e lendas de todo o mundo, da editora Lisma.

Assim se demonstram algumas das possibilidades para a origem dos mitos em volta da Sexta-feira dia 13 como sendo um dia de azar. Sendo que umas das maiores razões para isso  até passa por um acto político, apesar das influências mitológicas místicas e supersticiosas.
 
Boa sorte para este dia!


quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Concerto de Nimes dos Rammstein, em Portugal seria possivel?

Há cerca de uns meses, penso que no Primavera de 2009, aproveitando uma promoção de uma conhecida discoteca de Leiria, comprei o álbum Volkerball dos Rammstein. Quando comprei, pensava estar a adquirir apenas mais um CD da conhecida banda Alemã de Metal Industrial. No entanto, para além do comum CD, com faixas audíveis em qualquer leitor de música, a edição em causa trazia um DVD com alguns dos espectáculos ao vivo da banda. Após visualizar o DVD fiquei surpreendido com os espectáculos, especialmente o realizado na Anfiteatro de Nimes, antiga cidade do Sul da Gália Romana, hoje Sul de França.
Anfiteatro de Nimes em França
Aconselho todas a verem os vídeos e imagens captadas, muitas delas estão disponíveis  a qualquer curioso na Internet. Mesmo para quem não aprecie a música dos Germânicos Rammnstein, é impossível ficar indiferente aos espectáculos que proporcionam. No caso particular de Nimes, toda a actuação atinge um outro patamar devido à moldura arquitectónica, carregada de história e beleza.

Em Portugal, que eu tenha conhecimento, não existe nenhum anfiteatro com as características do de Nimes, mas temos outras estruturas históricas, que salvaguardando a sua integridade, poderiam albergar este tipo de espectáculos ímpares. Penso que Óbidos tem sido um dos poucos exemplos em Portugal a conseguir algo semelhante no que toca à realização de eventos em locais históricos, com concertos de música clássica e ópera, apesar de não se conhecer por lá actuações de bandas com o peso e energia de palco dos Rammstein.

Deixo aqui algumas ligações da actuação a que me refiro, nada como cada um ver por si para ter plena consciência do evento em causa.


Estes são apenas alguns exemplo, para mais vídeos basta procurar no Youtube.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Quem quer ser um mau Gestor, Patrão ou Chefe?

Como em Portugal está em vias de extinção o mau Gestor/Empresário, decidi fazer aqui um breve resumo e exposição de algumas orientações para que esta espécie de líder não se perca. Isto Porque, como ouvi alguém dizer: “Em Portugal existem Patrões e não Empresários”. Ironias à parte, serviu-me de guia para esta demanda, de grande utilidade pública, o livro 'Ética para Engenheiros – Desafiando o síndroma do vaivém Challenger' da autoria de Arménio Rego e Jorge Braga.

Colosso - Goya
Assim, aqui ficam as orientações de como se deve comportar um mau gestor, e com isso diminuir a confiança, motivação e produtividade da empresa ou projecto que lidera:
•    Tratar as pessoas sem dignidade e respeito, lidar elas como se elas fossem irresponsáveis, incapazes, incompetentes, e meros instrumentos e objectos;
•    Guardar a informação de que dispõe, mesmo a que poderia ajudar os colaboradores a tomar melhores decisões e executar melhor as funções;
•    Medir e controlar em excesso desempenhos, relações, atitudes e comportamentos (guardas, relógios de ponto, câmaras ocultas, sistemas de GPS, visitas-surpresa, entre outras);
•    Reagir agressivamente perante pessoas que tragam as informações e notícias desfavoráveis ou desagradáveis;
•    Estruturar as funções dos colaboradores de tal modo que restringir a iniciativa;
•    Centralizar a tomada de decisão. Não promover a participação. Não delegar;
•    Actuar de modo incongruente com aquilo que diz. “Pregar” uma determinada orientação, mas actuar de modo inconsistente com ela.
•     Fazer promessas que sabem que não se pode cumprir;
•    Adoptar procedimentos distintos para diferentes pessoas e consoante as “circunstâncias”;
•    Não comunicar claramente aos seus colaboradores o que deles esperar, não valorizar os seus desempenhos, não determinar claramente os padrões de avaliação, etc. Ser ambíguo, com intuitos manipuladores, chegando mesmo a induzir os colaboradores a actuarem de uma determinada maneira para que os possa acusar posteriormente;
•    Distribuir os sacrifícios, mas remeter para si próprio todos os dividendos alcançados com esses sacrifícios, abandonando os colaboradores que se tenham sacrificado pela emprega em épocas mais favoráveis;
•    Subornar e praticar outros actos ilícitos;
•    Incrementar os salários dos gestores de topo ao mesmo tempo que fazem despedimentos em massa e de modo injusto;
•    Não se preocupar com a segurança dos seus produtos ou colaboradores, encarado os acidentes de trabalho como uma mera fatalidade;
•    Não valorizar devidamente as vidas pessoais e familiares dos seus colaboradores;
•    Repreender em público e não em privado, humilhar as pessoa;
•    Fornecer apenas feedback negativo e só estar presente quando é necessário repreender, mas nunca elogiar comportamentos meritórios. Não ser consistentes, ora um mesmo comportamento é elogiado ora é repreendido;
•    Não ser competente no exercício das suas funções. Não procurar o auto-desenvolvimento, melhor e mais formação para si e para os seus funcionário e colaboradores

Provavelmente muitos mais seriam os exemplos de má conduta empresarial e profissional. - e pessoal. Fica convite os que entendem que faltam. Parece importante lembrar estes maus exemplo, pois no futuro, alguns dos que hoje são meros funcionários também serão gestores de empresas ou chefes de secção ou departamento e poderão cair nestes erros.
É bom não esquecer saber estar e compreender a posição alheia, atendendo às suas necessidades e dificuldades.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O que era ser um Gladiador?

São inúmeros os mitos relacionados com os Gladiadores, muitos por culpa de filmes e outras expressões artísticas. Com base em informações que fui recolhendo em vários documentários (muitos deles exibidos no Canal de História) e em bibliografia especializada (essa sim a fonte mais fidedigna) decidi fazer aqui uma pequena exposição do que fui recolhendo sobre  estes "entertainers" da antiguidade.
Polegar para baixo - Jean Leon Gerome
Os Gladiadores profissionais, na antiga Roma, eram normalmente escravos adquiridos para o efeito, sobre os quais recaia um treino intenso, preparando-os para os combates. Existiam várias escolas, que treinavam esses escravos para lutarem de acordo com os tipos pré-definidos de gladiador: Trácios, Murmilos, Retiários e Secutores. Estava bem definido o tipo de armamento e técnicas de combate para cada tipo.  Por exemplo, todos conhecemos o armamento dos Retiários, equipados com tridente e rede. Então, assim sendo, é inverosímil que um gladiador pudesse escolher livremente o equipamento que iria utilizar em combate, pois tudo estava previamente definido e estipulado. Os combates profissionais eram quase sempre de um para um, numa disputa entre gladiadores de diferentes estilos e escolas - usualmente antagónicos e incompatíveis -, de modo a aumentar a carga dramática, pois no fundo era um espectáculo para as massas.
Os combates raramente eram até à morte de um dos combatentes. Isto porque treinar um e manter um gladiador era muito dispendioso, e se em cada combate morresse um deles não haveria gladiadores de qualidade suficientes para todos os eventos. Somente em casos especiais o público ou o organizador dos espectáculos condenavam um gladiador derrotado à morte, principalmente nos casos de deslealdade e falta de coragem durante o combate. Esta decisão era demonstrada através da posição do polegar de quem sentenciava (público ou responsável pelo evento). Erradamente se associou o gesto do polegar para cima como aprovação (vida para o derrotado) e do polegar para baixo (morte para o derrotado). Estudos recentes revelaram que apontar o polegar para baixo significava baixar as armas (vida para o derrotado), por outro lado colocar o polegar para cima apontando-o para o pescoço era sinal de execução (morte para o derrotado).
 Apesar de serem escravos dos donos das escolas que os treinavam, os gladiadores eram vistos como super-estrelas do "desporto" da altura, sendo-lhes proporcionados grandes banquetes, bens materiais e todos os luxos possíveis, alguns deles atingiram tal fama  e prestigio de combate que os seus nomes ainda hoje se conhecem. Dizem alguns autores que muitos cidadãos se voluntariavam como gladiadores, ambicionando a fama e a riqueza, e que era comum as damas das classes altas da sociedade romana (Patrícios) pagarem avultadas somas em dinheiro em troca dos favores sexuais dos mais prestigiados gladiadores.

Temos de admitir que há algumas semelhanças com os actuais desportistas de alta competição, especialmente com os mais mediáticos, e os gladiadores da Roma antiga, tirando claro a natureza das lesões.

domingo, 1 de novembro de 2009

Moral vs. Ética

Há duas semanas participei numa acção de formação sobre ética. Apesar de ser vocacionada para a ética profissional, um dos pontos principais da formação era a distinção entre moral e ética.
Carnaval de Arlequim - Miró
É comum ética e moral serem utilizados como sinónimos, o que não podia ser mais errado.  
Moral é um ou mais conjuntos de códigos e regras que devem ser seguidas pelos indivíduos de um determinado grupo ou sociedade, tendo como objectivo o bem comum e uma sociedade organizada nesse ou noutro sentido - dependendo isso da sociedade em causa. Ou seja, ter moral, significa respeitar e seguir uma determinada conduta de comportamento previamente estipulada e definida. A própria palavra é uma herança Romana - apesar de traduzida directamente do Grego -, relacionada com a forte componente legal e legisladora que o Império deixou à civilização Ocidental.
Por outro lado, ética significa analisar e questionar os modelos e regras que regem o comportamento humano, especialmente o Homem como ser social e responsável em sociedade pelos seus actos, mas também para consigo próprio. Ou seja, enquanto a Moral define, a ética questiona para compreender e saber como actuar e proceder sem seguir cegamente os códigos legais e de conduta previamente estabelecidos.

Associar então moral à Religião e aos dogmas, do meu ponto de vista, é perfeitamente defensável, pois a grande maioria das religiões têm uma moral própria já estabelecida com base em verdades inquestionáveis - dogmas - quem devem ser seguidas e não questionadas.  
Já associar ética à filosofia é quase imperativo, pois, na sua busca e amor pela sabedoria, a filosofia questiona e analisa para melhor compreender.

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A Busca pela sabedoria - criado em Agosto de 2009 por Micael Sousa



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