É comum descrever a “Idade Média” na Europa - período entre a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.) e a Queda de Constantinopla (1453 d.C.) - como a “Idade das Trevas”, possivelmente em oposição à posterior "Época das Luzes". No entanto, se estudarmos minimamente a Idade Média, podemos concluir que não foi assim tão negra e que o Renascimento não foi assim tão revolucionário, mas na prática uma evolução gradual, possível à medida que na Europa se iam pacificando os povos, estruturando as sociedades, e estabelecendo Estados mais fortes e organizados. Tendo também contribuído para isso o fim do Império Bizantino (queda de Constantinopla às mão dos Turcos Otomanos) para um afluxo de gentes de saber e ciência à Europa ocidental.
Também as cruzadas, apesar de inaceitáveis do ponto de vista moral contemporâneo, fizeram abrir a Europa Medieval ao mundo, fomentando as trocas culturais e comerciais com o Levante e Oriente, nesta altura muito mais ricos e cultos que a Europa de então.
Uma das mudanças mais importantes que se deram na Europa entre o século XII e XIV foi a mutação do sistema feudal, assente num sistema hierárquico de senhores e vassalos, para um sistema proto-capitalista, baseado na moeda e capital.
Na obra “Expansão Portuguesa Quatrocentista”, do professor Vitorino Magalhães Godinho, é apresentada uma explicação para este processo - das mais concisas e perceptíveis que já li, mesmo para leigos como eu nestas matérias, sobre a mudança económica ocorrida na Europa Medieval. Passo a citar. “[…]Quando o aumento das populações urbanas solicitou maior produção agrícola, os senhores apreenderam o arroteamento das terras, incitaram a intensificação da cultura e para isso viram-se forçados a transformar o trabalho servil, pouco produtivo, em trabalho livre, e a substituir, pelo menos parcialmente, as entregas em géneros e as prestações de serviços por rendas em dinheiro. Mas, deste modo, conquando não estejam mais dependentes directamente da abundância ou escassez das colheitas, ficam sujeitos às flutuações dos preços, salários e poder de compra da moeda[…]”.
Também as cruzadas, apesar de inaceitáveis do ponto de vista moral contemporâneo, fizeram abrir a Europa Medieval ao mundo, fomentando as trocas culturais e comerciais com o Levante e Oriente, nesta altura muito mais ricos e cultos que a Europa de então.
O Casal Arnolfini - Jan van Eyck |
Na obra “Expansão Portuguesa Quatrocentista”, do professor Vitorino Magalhães Godinho, é apresentada uma explicação para este processo - das mais concisas e perceptíveis que já li, mesmo para leigos como eu nestas matérias, sobre a mudança económica ocorrida na Europa Medieval. Passo a citar. “[…]Quando o aumento das populações urbanas solicitou maior produção agrícola, os senhores apreenderam o arroteamento das terras, incitaram a intensificação da cultura e para isso viram-se forçados a transformar o trabalho servil, pouco produtivo, em trabalho livre, e a substituir, pelo menos parcialmente, as entregas em géneros e as prestações de serviços por rendas em dinheiro. Mas, deste modo, conquando não estejam mais dependentes directamente da abundância ou escassez das colheitas, ficam sujeitos às flutuações dos preços, salários e poder de compra da moeda[…]”.
São desta época a invenção de produtos financeiros tão conhecidos como: Seguros, Créditos, Hipotecas, Letras, Fundos de Investimento, Sociedades por cotas, entre outras.
A idade Média pode ter sido rica em superstições e intolerâncias, ignorância, medos e misticismos, mas por outro lado, foi dela que surgiu a génese dos sistemas socioeconómicos em que hoje vivemos, incluindo asmas sementes dos Estados Europeus actuais.
Dum ponto de vista conceptual político - que arrisco apresentar em jeito humurado -, pode considerar-se “Idade das Trevas”, principalmente para quem defender as teses e ideologias Socialistas extremas e o próprio Comunismo, uma vez que foi nesta altura que surgiu o Capitalismo.