Existe uma extensa literatura associada às moedas locais. Este tipo de moedas, habitualmente implementadas por cidades ou até mesmo por aglomerados urbanos mais pequenos, existem em muitos formatos diferentes, criadas por muitos motivos distintos embora se destaque o desenvolvimento sustentável como principal objetivo. Podemos encontrar na literatura exemplos da criação de moedas locais para responder aos impactos locais de crises económicas de dimensão nacional, para responder à falta de moeda circulante ou para combater fenómenos de inflação, facilitando e coordenando uma economia de troca direta local. As moedas locais têm servido também como aplicação de políticas de desenvolvimento local e regional, permitindo, numa economia de mercado sem fronteiras, ter intervenção coletiva para assuntos concretos locais. Trata-se da tentativa de promover formas de desenvolvimento económico fortemente influenciado pelos conceitos de desenvolvimento sustentável, que conjuga as dimensões económicas, culturais, sociais, ambientais e de própria governação das comunidades.
Na prática as moedas locais podem ser quase eufemismos, e apenas existir como sistemas de troca por ações e comportamentos, escapando à abordagem economicista mais dura. Podem ser também suportes de apoio a processos de gamificação. Atualmente existem aplicações de moeda local prendem-se com a promoção de certos comportamentos cívicos, convertíveis em ganhos monetários, implementando uma espécie de “moeda local cívica”. Não se trata propriamente de substituir o modelo económico, mas de criar um sistema alternativo de recompensas, que existe de forma paralela, onde os cidadãos podem aceder a essas mais-valias, quer seja em cripto-moedas ou em moeda materializável, como recompensa por comportamentos benéficos para a comunidade. Esses ganhos podem ser trocados por moeda corrente, mediante as regras de quem implementou e monitoriza o sistema de moeda local. Invariavelmente, as moedas locais tendem a estar ligadas aos movimentos ecologistas, à promoção de comportamentos alternativos e a formas de consumo mais sustentáveis. No entanto, apesar de tudo, podem servir como promoção turística dos territórios e como formas diferenciadoras de fazer marketing territorial. Mas as moedas locais podem ser tanto instituídas por organismos estatais ou governos locais, tanto como de modo mais informal por comunidades locais.
O Banqueiro e a sua mulher - Marinus van Roejmerswaelen |
Na prática as moedas locais podem ser quase eufemismos, e apenas existir como sistemas de troca por ações e comportamentos, escapando à abordagem economicista mais dura. Podem ser também suportes de apoio a processos de gamificação. Atualmente existem aplicações de moeda local prendem-se com a promoção de certos comportamentos cívicos, convertíveis em ganhos monetários, implementando uma espécie de “moeda local cívica”. Não se trata propriamente de substituir o modelo económico, mas de criar um sistema alternativo de recompensas, que existe de forma paralela, onde os cidadãos podem aceder a essas mais-valias, quer seja em cripto-moedas ou em moeda materializável, como recompensa por comportamentos benéficos para a comunidade. Esses ganhos podem ser trocados por moeda corrente, mediante as regras de quem implementou e monitoriza o sistema de moeda local. Invariavelmente, as moedas locais tendem a estar ligadas aos movimentos ecologistas, à promoção de comportamentos alternativos e a formas de consumo mais sustentáveis. No entanto, apesar de tudo, podem servir como promoção turística dos territórios e como formas diferenciadoras de fazer marketing territorial. Mas as moedas locais podem ser tanto instituídas por organismos estatais ou governos locais, tanto como de modo mais informal por comunidades locais.
As moedas locais, quer sejam implementadas através de sistemas de recompensas ou como mecanismos de intervenção económica direta, tendem assim a ser utilizadas para promover a produção e o comércio local, pois funcionam como subsídios que capacitam e alavancam a produção. Enquanto se faz isso estabelecem-se também redes sociais locais baseadas nas relações de consumo de vizinhança, que podem ser atividades para outras matérias, aumentando a resiliência das comunidades locais para responderem coletivamente a outros desafios.
De um ponto de vista político, a implementação de moedas locais tende a ser vista como uma medida intervencionista, pouco popular entre os defensores do liberalismo económico mais radical. Apesar disso estas moedas podem servir como mecanismos de garantia de mais autonomia e alguma emancipação económica, atuando como um contrapeso perante a incapacidade de controlar os efeitos dos fluxos monetários globalizados nas economias locais. As moedas locais tendem a gerar atalhos e redireccionamento dos fluxos financeiros dentro de espaços territoriais delimitados, mas de forma a reduzir efeitos macroeconómicos. São formas de fixar alguns recursos localmente e de depender menos de ajudas externas, mesmo dentro de um sistema nacional. Ao estudar os fluxos das moedas locais é possível compreender melhor o funcionamento das economias locais.
As moedas locais apresentam vantagens passíveis de serem utilizadas nas políticas de desenvolvimento territorial, especialmente em territórios bem delimitados e quando aplicadas para objetivos precisos e atividades estrategicamente definidas. Nunca serão uma forma de substituir as moedas vigentes, embora isso tenho sido experimentado em casos de crise económica generalizada, mas que rapidamente se abandonou assim que os sistemas monetários nacionais se estabilizam. As moedas locais, não sendo um milagre, podem ser então ferramentas poderosas para o futuro das comunidades, quando devidamente conjugadas com outras formas de promoção do desenvolvimento local. Podem igualmente servir para refletir e verificar os efeitos locais da liberalização económica e dinâmicas de equilíbrios e desequilíbrios que se geram nas várias escalas territoriais.
Referências bibliográficas:
Gomez, G. M., & Helmsing, A. H. J. (2008). Selective spatial closure and local economic development: What do we learn from the Argentine local currency systems?. World Development, 36(11), 2489-2511.
Helleiner, E. (2000). Think globally, transact locally: Green political economy and the local currency movement. Global society, 14(1), 35-51.
Pacione, M. (1999). The other side of the coin: local currency as a response to the globalization of capital. Regional Studies, 33(1), 63.