sexta-feira, 17 de abril de 2015

A Geopolítica do Médio-Oriente explicada através de "The Game of Thrones"

Benyamin Nethanyaohu terá,  perante o congresso dos EUA, comparado  a geopolítica do Médio-Oriente ao mundo fantasioso de "The Game of Thrones" e à geopolítica de Westeros. Os comentários a este bizarro acontecimento serão seguramente imensos. Deixo isso aos leitores deste texto. Interessante foi o desenvolvimento subsequente e profundamento da comparação em causa, divulgada depois pelo Washington Post e pelo Courrier International.
 

Aqui fica então o resumo do aprofundamento da comparação (traduzido pelo autor deste blogue) entre a várias casas (ou famílias) e grupos que compõem o universo geopolítico do reino de Westeros:
 
Lannisters – Arabia Saudita. É a casa mais rica e mais pujante de Westeros, assumem-se como "fazedores de reis" ou mesmo como os seus influenciadores mais diretos. Os eus assuntos familiares são sempre prioritários. Muitos criticam a sua brutalidade ou o facto do seu poder residir principalmente nos seus imensos recursos naturais. Mias que tudo defendem a sua hegemonia em Westeros, mas estão em cheque pelas suas recentes ações políticas.

Stark – Movimentos democráticos de oposição internos. Os movimentos existentes nos vários países que chegam ao poder mas são derrubados ou que ficam perto de o conseguir mesmo antes de serem esmagados. Tiveram um pequeno momento de sucesso, mas depois são atraiçoados e aniquilados. Alguns membros sobreviventes desta família entram na clandestinidade ou sob a proteção de poderes que não podem confiar.
Baratheon – Autocratas Árabes. Governaram durante algum tempo Westeros. Agora dependem dos Lannister devido às agitações generalizadas no reino, mas tentam encontrar novos aliados fora da sua terra natal.
Targaryen – Estados Unidos da América. São uma dinastia que vem de longe e dominou durante décadas. A sua hegemonia deve-se ao seu superior poder de fogo. As relações de interesses com os Lannisters entraram em crise, Muitos em Westeros desejam o seu regresso e intervenção para garantir a estabilidade do reino.
Greyjoy – Turquia. São nostálgicos da época em que reinavam sobre grandes áreas do território de Westeros. Para todas as outras casas isso são apenas histórias antigas, pois os Greyjoy mantém-se isolados nas suas fortalezas, rodeados de inimigos.
Martell – Irão. Vêem-se como distintos das outras grandes casas de Westeros, de uma origem etnica orgulhosamente diferente. Têm profundo ódio aos Lannisters e Tyrells.
Tyrell – Israel. Possuem um reino prospero. Apesar das diferenças, encontraram uma causa comum com os Lannister.
Os selvagens – os islamitas instalados a norte do muro. Intitulam-se como os povos livres que recusam as regras do sistema instituído.
Os caminhantes brancos – O Estado Islámico. A sua tática de terrível eficácia consiste em recrutar em massa novos membros. Ninguém sabe ao certo de onde vêm e o que querem, mas todos concordam que são abomináveis.
A guarda da Noite – Os Curdos. Estão encarregados da defesa de Westeros das invasões vindas do norte do muro, dos selvagens e dos caminhantes brancos. Há quem pense que são apenas mais uns criminosos.

Os povos dos rios - Iémen, Síria, Iraque e outros. São os povos que pagaram o maior preço com as guerras e destruição entre as grandes casas, pois, outrora, as suas terram eram pacíficas.


Fontes:

 

segunda-feira, 13 de abril de 2015

As aventuras de "A Ronda da Noite" através de uma ficha de inventário

Este blogue tem usado quase sempre conhecidas obras de arte plásticas (historicamente relevantes), especialmente pinturas, na ilustração dos seus textos, tendo como objetivo divulga-las. Desta vez o texto consiste na transcrição simplificada de uma ficha de inventário de uma das mais famosas pinturas holandesas. A ficha não está tecnicamente perfeita, mas serve para descrever a obra, especialmente a sua própria excecional história, uma vez que esta obra foi: cortada, recortada, atacada, vandalizada, semidestruída, sofreu um restauro que quase a destruiu e teve um outro que ajudou a revelar o seu nome perdido, pois até o seu nome foi alterado. Vale a pena conhecer a história da tela popularmente conhecida como a "A Ronda da Noite" que afinal deveria ter retratado um episódio diurno e se chamava originalmente "A Companhia de Milicianos do Capitão Frans Banning Cocq e do tenente Willem van Ruytenburch".

A Companhia de Milicianos do Capitão Frans Banning Cocq e do tenente Willem van Ruytenburch - Rembrandt

Título/ Denominação da peça - A Rondada Noite [1; 2; 8]
 
Outras Denominações – “A Companhia do Capitão Frans Banning Cocq” [5]. Ou ainda: “A Companhia de Milicianos do Capitão Frans Banning Cocq e do tenente Willem van Ruytenburch” [7].
 
Localização da peça ─ Localizada no Rijks Museum em Amsterdão [2].Piso 2, sala Night Watch, parede Sudoeste [8].
 
Proveniência da peça
Pertence à actual Colecção do Rijks Museum [9]. Foi inicialmente concebida para o edifício da milícia de arcabuzeiros – Kloveniersdoelen [8] - de Amsterdão em 1642 [3]. Posteriormente, em 1715, foi transferida para o edifício sede do município de Amsterdão, sendo sido recordada para se adaptar às dimensões da sala [9], tendo como dimensões originais 387cm x 502cm [7]. Em 1885 foi transferida para o Rijks Museum, mas em 1939 foi capturada pelos exércitos alemães durante a ocupação da 2ª Guerra Mundial, tendo estado até 1945 no castelo de Radboud em Medemblik. Posteriormente voltou ao Rijsk Museum. Permaneceu temporariamente, entre 2003 e 2013, deslocada no espaço Philipsvleugel, durante a remodelação do museu, até se foi depois instalada na sala onde hoje se encontra no Rijks Museum.
 
Material: Óleo sobre tela
Dimensões: 379cm x 453cm [9]
Datação da obra - 1642.
Autoria/Produção - Rembrandt van Rijn.
 
Estado de Conservação
A obra foi recortada em 1715 (387cm x 502cm para 379cm x 453cm) para encaixar no edifício sede do município de Amesterdão. Em 1751 foi revestida de um novo verniz [4] que a terá escurecido, tendo sido, provavelmente, essa a razão para que nos inícios do século XIX tenha recebido o título de “A Ronda da Noite”.
Em 1911 um sapateiro desferiu alguns golpes na tela em sinal de protesto pelas suas condições laborais [1].
Entre 1946 e 1947 foi restaurada por H. H. Merters [4;10], restaurador chefe do Rijsmuseum, removendo-se as camadas protetoras do verniz que teriam escurecido a tela e ocultado as suas cores e tonalidades originais [7].
Em 1974 sofreu novo ato de vandalismo de um homem com uma faca que desferiu vários golpes em ziguezague na tela [1]. Os trabalhos de restauro foram concluídos com sucesso nos dois anos seguintes. De perto da obra ainda é possível ver marcas desses cortes reparados
Em 1990 a tela sofreu uma tentativa de vandalização, tendo sido detido um homem que a pulverizava com spray ácido. A rápida intervenção evitou que o ácido atravessasse a camada protectora de verniz [1], não se tendo registado danos permanentes.

 
Características/Observações -
Numa observação muito próxima da tela detetam-se as marcas dos atentados de 1974, apesar do grande restauro de 1976. Mesmo depois da remoção dos vernizes de 1751, a tela continua ainda com tons bastante escuros, especulando-se se não seria ainda mais clara e brilhante do que aquilo que se conseguiu recuperar com os trabalhos de restauro no pós 2ª Guerra Mundial [8]. Não existem certezas absolutas, mas pode muito bem ter sido uma cena diurna, de passagem numa zona sombreada. Existem vários indícios para essa possibilidade [7].
É a conjugação de luz e sombra, com manipulação das zonas iluminadas e a composição que principalmente se salientam na observação das técnicas e estética materializada da obra.

Descrição –
A cena regista uma ronda da companhia do Capitão Frans Banning Cocq e do tenente Willem van Ruytenburch durante as guerras da independência da república holandesa em meados do século XVII, quando lutavam perante o domínio Espanhol dos Países baixos. No século XIX a tela foi baptizada de “A Ronda da Noite”, mas restauros e estudos recentes indiciam que a cena poderia ter acontecido durante o dia, na passagem de uma zona porticada sombreada [7].
Trata-se de um retrato dinâmico de grupo, um registo momentâneo teatral mas que é ao mesmo tempo realista e credível. Terão sido estas algumas das características que destacaram este e outros trabalhos de Rembrandt. As personalidades retratadas são registadas em plena acção, sem poses rígidas ou forçadas. Rembrandt recorre igualmente a indumentárias, armas e símbolos que demonstram o seu interesse e atenção pelo coleccionismo e paixão por objectos e artefactos originais e raros [6]. Muitos dos adereços utilizados na composição da tela eram já obsoletos na época e outros despropositados para uma acção de patrulha militar. Isto reforça a valorização material e simbolismo que Rembrandt atribuía a determinados objectos e artefactos.
Apesar de Rembrandt não ter viajado para Itália, nem ter tido contacto direto com os grandes mestres italianos e de formação classicista, este trabalho enquadra-se nos princípios do chiaroscuro [3]. A manipulação da luz e das sombras é muito marcada nesta tela, servindo para evidenciar ou ocultar os motivos, em hierarquias de poder e movimento. Rembrandt não recorria a cores tão vivas como outros pintores seus contemporâneos (Por exemplo Rubens). Os seus trabalhos apresentavam tons e cores menos brilhantes [6]. No entanto, o domínio das luzes, sombras e o recurso pontual a cores mais vivas para certas partes da composição, serviu para aumentar o dramatismo e expressividade das suas obras. A Ronda da noite é um desses casos, especialmente nas figuras do capitão e do tenente.
Ao contrário dos restantes retratos de grupo, e apesar de todos os retratados terem contribuído para a obra, existe uma clara hierarquia na tela e personalidades mais destacadas que outras, contribuindo para o realismo, simbolismo e dinâmica da obra. O destaque dado ao capitão Frans Banning Cocq, que dá título ao nome original da obra é central e imediato. O próprio capitão parece apontar para o observador, transportando-o para o interior da acção [5]. A sua patrulha parece marchar na nossa direcção [7], para fora da tela.
A obra terá sido muito apreciada no seu tempo, não havendo registos de críticas, especialmente das individualidades secundarizadas ou mais ocultas pelas sombras [5]. Terá sido de tal modo valorizada, continuamente ao longo do tempo, que foi continuamente exposta em locais de prestígio ao longo da história.

Referências Bibliográficas
[1] Associated Press - "Rembrandt's 'Night Watch' Painting Vandalized". Los Angeles Times, 6 Abril 1990. [Consult. em 14 de Março de 2015]. Disponível na Internet: http://articles.latimes.com/1990-04-06/news/mn-973_1_night-watch
[2] Associated Press - "Amsterdam's Rijksmuseum returns to form, with light and life ". Los Angeles Times, 13 Maio 2013. [Consult. em 14 de Março de 2015]. Disponível na Internet: http://articles.latimes.com/2013/may/05/entertainment/la-et-cm-rijksmuseum-amsterdam-20130505
[3] Bell, Julian - Espelho do Mundo – Uma Nova História da Arte. Lisboa, Orfeu Negro, 2009.
[4] Bomford, David; Leonard, Mark - Issues in the conservation of paintings. Getty Publications, 2004, p. 436.
[5] Davies, Penelope J. E.; Denny, Walter B.; Hofrichter, Frima Fox; Jacobs, Joseph; Roberts, Ann M.; Simon,David L., - A Nova História da Arte de Janson – A tradição Ocidental. 9ª Edição. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2010.
[6] Gombrich, E. H. – A História da Harte. 2ª Edição. Phaidon (Público), 2006.
[7] Grahan-Dixon, Andrew (Consultor Editorial) - Arte – Grande Enciclopédia – Da Pré-história à época contemporânea. Porto, Civilização Editora – DK, 2009.
[8] Meijer Jr, D.C. - De Amsterdamsche Schutters-stukken in en buiten het nieuwe Rijksmuseum. In: Oud Holland 2, no. 4 (1886): 198–21 Translated in English by Tom van der Molen. Consultado em 14 de Março de 2015. Disponível em:
http://www.jhna.org/index.php/past-issues/volume-5-issue-1/190-the-amsterdam-civic-guard-2
[9] Spaans, Erik - Museum Guide – Rijks Museum. Amsterdão, Rijks Museum, 2013.
[10] The Rembrandt Data Base. Hague: Netherlands, TRDB. Atual. [Consult. em 15 de Março de 2015]. Disponível na Internet:
http://www.rembrandtdatabase.org/Rembrandt/painting/3063/civic-guardsmen-of-amsterdam-under-command-of-banninck-cocq/document/17632



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