As origens do fascismo parecem estar em causa? Nem por isso, mesmo que exista quem queira deixar essa dúvida a pairar.
Pegando num qualquer manual escolar de história do 12.º ano é possível chegar a algumas conclusões, por isso apenas recorro propositadamente a uma dessas fontes para este texto, tendo por base o que se encontra atualmente em uso no ensino secundário em Portugal. Então vejamos.
Pegando num qualquer manual escolar de história do 12.º ano é possível chegar a algumas conclusões, por isso apenas recorro propositadamente a uma dessas fontes para este texto, tendo por base o que se encontra atualmente em uso no ensino secundário em Portugal. Então vejamos.
O triunfo do surrealismo - Max Ernst |
O marxismo surge em meados do século XIX associado aos movimentos socialistas e operários, mas mais como uma corrente filosófica e económica, isto porque Marx escreveu principalmente sobre economia - de notar que a sua grande obra é “O Capital”. Marx criticava aquilo a que chamava de socialismo utópico, que era aquele socialismo reformista que pretendia conviver com o capitalismo numa gradual melhoria das condições de vida para o proletariado e os pobres no geral. Marx dizia que isso seria impossível, que tal objetivo era inconciliável. Para ele somente através duma revolução violenta capaz de derrubar o capitalismo se instauraria um modelo mais justo para o proletariado. Chamou a esse modelo, no estágio último de desenvolvimento, "comunismo", pois seria uma opção coletivista de garantir a justiça na distribuição de riqueza. Chega a esta conclusão depois de fazer uma análise história, concluindo que as tomadas de poder sempre ocorreram de forma violenta, passando os dominados a dominantes, depois de assegurarem o poder político e o controlo dos meios de produção. Para Marx são especialmente os meios de produção – a capacidade de gerar riqueza – que determinam e definem o poder político: quem os detiver controla todo o poder. Chamou a esta teoria "materialismo histórico" ou o "socialismo científico". Apesar de ser mais complexo que isto e de as suas aplicações práticas terem gerado verdadeiras calamidades humanas, podemos dizer que o marxismo enquanto teoria aspirava à igualdade.
Por outro lado, o Fascismo desenvolve-se rapidamente no pós primeira guerra-mundial, aproveitando o caos político, a crise financeira e a ameaça comunista aos países capitalistas da europa central e ocidental. O fascismo defendia a desigualdade: determinados grupos deveriam governar sobre os demais porque eram superiores. Essa superioridade poderia ser mais ou menos racial, económica ou outra, mas resume-se ao desígnio do domínio violento pelos mais fortes. O fascismo cresceu apoiado nas classes mais elevadas, mas também pela classe média, pois seriam esses grupos que perderiam poder e riqueza se o comunismo triunfasse com os seus projetos revolucionários de mudança social e económica. Só assim se justificou essa rápida ascensão e adesão: era o medo da mudança e da perda dos bens e diretos adquiridos, mesmo que fossem desiguais e fundamentados em princípios desumanos. Sem essa “ameaça” comunista nunca o fascismo teria ganho a força necessária para se constituir como governo em Itália, Alemanha e outros países, ainda que existam algumas exceções como o caso de Portugal. Mas a única relação é essa. Ao nível dos valores, princípios e objetivos nada os poderia tornar mais antagónicos, ainda que ambos os regimes tenham constituido ditaduras totalitárias por não permitirem visões e opções dissidentes dos modelos sociais e económicos que queriam implementar.
Referências bibliográficas:
Um novo Tempo da História - História A - 12.º Ano. Autoria de Célia Pinto do Couto , Maria Antónia Monterroso Rosas ; Revisão: Elvira Cunha de Azevedo Mea. Porto Editora, 2016.
Outras referências que podem interessar para aprofundar conhecimentos e saber mais:
Arendt, Hannah. As origens do totalitarismo. Lisboa: Dom Quixote, 2006.
Judt, Tony. Pensar o século XX. Lisboa: Edições 70, 2012.
Rémond, René. Introdução à história do nosso tempo - do antigo regime aos nossos dias. Lisboa: Gradiva, 1994.