sexta-feira, 28 de maio de 2010

Guerra das Estrelas ou Novela das Estrelas?

Tanto já se disse, escreveu sobre Star Wars. Mas que mais haverá para falar sobre estes épicos espaciais, tão importantes na história do cinema e da cultura pop? Talvez pouco, mas gostaria de deixar aqui uma opinião pessoal. Neste caso não tenho bibliografia, ou outra evidência, que a suporte.

George Lucas, quando criou e desenvolveu a sua obra-prima (STAR WARS) mudou o cinema e deu uma dignidade, seriedade e dignidade ao género da Ficção Cientifica. O trabalho de criação é imenso. O universo criado é complexo e coerente, uma verdadeira obra épica. Nesse esforço de criação houve a atenção e cuidado em tentar definir todos os aspectos da vida nesse novo universo, os ambientes, a tecnologia, as culturas, as línguas, e tudo o mais que se possa imaginar. Só por isso merece um enorme respeito, mesmo que não se apreciem os filmes em si.

Paródia à Guerra das Estrelas ao estilo surrealista de Dalí - Autor desconhecido
No entanto, se se analisar o enredo objectivamente, deixando de lado a especial simpatia e afeição pela obra - da qual compartilho -, facilmente se pode admitir que é um pouco simplista. Apesar do Universo em que se insere ser bastante complexo e desenvolvido, a  acção principal assemelha-se a uma “telenovela”. Para isso contribuem: a simplicidade e superficialidade de algumas personagens, tal como as relações entre elas; os arquétipos bem definidos entre “bons” e “maus”; a necessidade de um romance de fundo; as tensões entre pais e filhos; a paternidade e a fratria desconhecida, reveladas para espanto de todos; alguns momentos em que a acção roça o infantil (especialmente no filme “Ameaça Fantasma), de modo a ser apreciado por um publico de idade mais vasto; entre outros que não refiro. Daí haver quem apelide esta saga cinematográfica de “telenovela espacial”. Apesar disto considero que o argumento no geral, pelo seu todo, está bem razoavelmente conseguido, salvo algumas pequenas incongruências pontuais para além das que anteriormente referi, especialmente no filme “A vingança dos Sith” (episodio 3).

Muito mais haveria para analisar sobre esta epopeia espacial, muitas falhas técnicas e pontuais a apontar, algumas relevantes lacunas do argumento, e até alguns lugares-comuns que a tornam muito comercial. Não obstante tudo isto,  penso que continuam a ser bons filmes e imprescindíveis para compreender o Cinema e a sociedade contemporânea, pois, quer queiramos quer não, estes filmes acabaram por influenciar e gravar imagens e sons no imaginário colectivo actual. Já para não falar de que proporcionam efectivamente  horas de entretenimento e a possibilidade de sonharmos com universos múltiplos e diferentes.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Portugal tem História de inovação tecnológica e científica! Será que tem futuro?

Dos feitos Portugueses levados a cabo durante a expansão ultramarina nacional normalmente pouco se destacada a vertente de tecnológica e de procura e aquisição de saber que lhe esteve forçosamente associada. Para além do comércio e das conquistas militares, que na altura fizeram de Portugal uma potência Europeia, deve ser realçado o espírito da busca pelo saber que também esteve associado a essa grande empresa nacional (do Estado e de acções privados). Na altura, o nascimento de um espírito proto-cientifico colocou Portugal à dianteira dos países que avançavam para a modernidade.
A chegada de Vasco da Gama a Calicute em 1498 - Alfredo Roque Gameiro
 Para que o plano de alcançar as Índias (no século XV as índias eram todo o Oriente) se realizasse foi necessária uma grande mobilização nacional, um grande planeamento estratégico e uma bagagem de conhecimentos teóricos e práticos de ponta. No Portugal do século XV desenvolveram-me embarcações especificamente preparadas para a descoberta e aquisição de conhecimentos durante as viagens de exploração, as caravelas. Eram embarcações apropriadas para sulcar o Oceano com facilidade e manobrabilidade, mais do que propriamente para transporte de exércitos ou mercadorias. Barcos que permitiam “bolinar” (navegar contra o sentido do vento), algo essencial para a exploração Atlântica. Nas caravelas seguiam marinheiros instruídos, munidos de utensílios e dispositivos dos mais modernos que existiam para a navegação e observação (astrolábios, sextantes, bússolas, cartas de marear, etc.). Foram as décadas de viagens constantes por todo o oceano Atlântico que permitiram aos portugueses, numa espécie de antecipação ao futuro espírito científico e vontade de saber, realizar: a cartografia das novas terras; o estudo as correntes oceânicas e os ventos; a recolha de amostras e estudar a fauna e a flora das novas terras; e travar relações diplomáticas com os nativos das terras onde aportavam. Foram estas recolhas de informação e conhecimentos concretos e comprováveis que permitiram definir rotas de navegação seguras e rápidas pelos mares, explorar devidamente os recursos das novas terras, estabelecer contactos comerciais vantajosos, fundar colónias estratégicas e conquistar algumas praças-fortes igualmente importantes.
Vale a pena salientar que, quando na maior parte das Universidades Europeias a experimentação ainda era vista com desconfiança, os Portugueses já investigavam no terreno e exploravam um mundo desconhecido. Através dos investimentos e esforços direccionados para a investigação e descoberta, foi possível a um pequenos pais como Portugal entrar na cena mundial e durante algumas décadas, garantindo depois para si algumas das rotas comerciais mais proveitosas do mundo. Tal como criar um império imensuravelmente grande comparativamente com o território da metrópole antes da expansão.
 
Se no passado Portugal demonstrou que sabia planear e traçar objectivos a longo prazo, socorrendo-se de conhecimentos “proto-científicos” e inovações tecnológicas de ponta, muitas desenvolvidas pelos próprios, para atingir um fim grandioso, como podemos então hoje andar aparentemente à deriva?
 
Penso que, neste caso específico, podemos aprender com o passado, restando-nos assumir que o futuro do País passa pela aposta no conhecimento, da cultura, na investigação e no desenvolvimento tecnológico

(Fonte. Expansão Portuguesa Quatrocentista)

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Faz parte da natureza das sociedades Humanas atentar contra o Ambiente?

As alterações climáticas estão na ordem do dia. Apesar de ser quase consensual que a humanidade tem impacto nas alterações climáticas, há quem defenda que essas alterações são apenas resultado dos normais ciclos climáticos da Terra. No entanto, na pequena escala, é indiscutível que as actividades Humanas afectam de algum modo o equilíbrio Ambiental, e esse tipo de impactos não são exclusivos apenas das sociedades contemporâneas. 

Durante toda a História da Humanidade, as várias comunidades adaptaram e modificaram o quanto podiam o  ambiente envolvente, de acordo com as suas necessidades. Nem mesmo as sociedades menos industrializadas estiveram imunes de causar impactes ambientais negativos.

Os polinésios ficaram conhecidos por terem colonizado uma grande parte das ilhas do Pacífico, navegando em canoas e enveredando em viagens épicas. Fizeram tudo isso recorrendo a tecnologias rudimentares da idade da pedra, navegando milhares de quilómetros em mar aberto. Um feito notável e que ainda levemente compreendemos.
O dia dos Deuses - Gauguin
 
Os Polinésios, durante o processo de povoamento do Pacífico, à medida que avançavam de ilha em ilha, foram levando à extinção grande parte das espécies autóctones dos locais colonizados, através do esgotamento dos recursos existentes e da substituição das espécies existentes por outras que transportavam consigo a bordo das suas canoas, aquando da colonização inicial. 

Um étodo de analisar a sua expansão pelo Pacífico é estudar as extinções massivas que ocorreram ao longo das várias ilhas por eles povoadas.O caso mais dramático das alterações provocadas pela presença dos colonos Polinésios aconteceu na conhecida Ilha da Pascoa (Rapa Nuí). Entre 1000 e 1200 d.C. as árvores da ilha começaram a desaparecer. Isso, muito provavelmente, pela excessiva construção das conhecidas estátuas Moai, que para serem transportadas e erguidas precisavam de grandes quantidades de madeira (estruturas de suporte e troncos para as fazer movimentar e elevar). 

Come o desaparecimento das árvores, os solos tornaram-se instáveis e deslizavam livremente para o mar. Deu-se uma grave fenómeno de erosão dos solos. Sem árvores as aves e muitas outras espécies desapareceram. Um verdadeiro desastre ambiental local. A ilha tornou-se desolada e incapaz de suster a população residente. Posto isto os habitantes da ilha começaram a destruir as estátuas, consideradas responsáveis pela sua desgraça. Em desespero chegaram mesmo a recorrer ao canibalismo.

Esperemos que a História não se repita a uma escala global. Sendo ou não inevitáveis as alterações climáticas, podemos sempre diminuir o nosso impacto ao mínimo no meio ambiente. Nada teremos a perder com isso, muito pelo contrário.

Referências bibliográficas:
Adam Hart-Davis, Grande Enciclopédia da História, Civilização Editora, 2009

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Uma aula de Educação Sexual ao estilo "nonsense"

Em Portugal há alguns temas e assuntos que são recorrentes, cíclicos ou mesmo sazonais. Um deles é a educação sexual nas escolas. Para este tipo de discussões é arrastada a sociedade civil, com intervenientes tais como pedagogos, profissionais da área da saúde, pais, alunos, associações cívicas, o próprio Estado e até entidades religiosas, entre outras. 
Quanto a mim a discussão deve acontecer envolvendo toda a sociedade civil e o Estado de modo a que se possa chegar a uma solução que melhor sirva os interesses dos jovens, preparando-os para a vida sexual informada, consciente e responsável, eliminado preconceitos, tabus e tudo o que possa causar ou levar à desinformação, comportamentos de risco e infelicidade.
Amarelo, magenta e azul - kandinsky
 Mesmo sendo um assunto sério e de grande importância, pois é da saúde pública e da garantia de condições de vida, dignidade e felicidade dos cidadãos que se trata, gostaria de dar um toque de humor a este tema através de mais uma invocação de Monty Phyton.
Em 1983 os Monty Phyton incluíam no filme “O Sentido da Vida” uma rábula sobre uma aula de educação sexual. Óbvio que se trata de um episódio completamente "nonsense" como era apanágio do sexteto, mas que ao seu estilo acaba por nos fazer reflectir sobre o assunto, especialmente sobre os preconceitos e tabus que envolvem o tema das aulas de educação sexual. Este “sketch” é mais uma preciosidade de um Humor sem igual - que me arrisco a adjectivar de “intelectual” e “livre”. Provavelmente exageros de um admirador. 
Deixo ao vosso critério após a visualização do link para o vídeo que aqui se encontra divido em dois:



quarta-feira, 12 de maio de 2010

Cristo era XPTO?


Mas afinal que tem Cristo que ver com o termo XPTO? Como a maioria de nós sabe, por ouvir ou por usar correntemente, o termo XPTO serve para caracterizar ou adjectivar uma coisa, usualmente ligada à tecnologia, como sendo: avançada, evoluída, complexa, entre outras características similares. Mas também se utiliza a palavra XPTO para omitir ou designar alguma coisa genérica ou que se desconhece o nome naquela altura. 
Mas a origem do termo XPTO?


Cristo amarelo - Gauguin

Então, XPTO é nada mais que a abreviatura de Cristo. Tem origem na palavra grega “Χριστός” que nosso alfabeto romano se escreve como “Khristós”, ou seja, Cristo. Por sua vez, Cristo (Khristós) em Grego significa “Ungido” ou “Messias”. Mesmo hoje na Igreja Católica Romana ainda restam influências linguísticas dos primeiros cristão Gregos, apelidados de Ortodoxos
Por falar no termo “Católica” acho que é devido também uma explicação sobre o significado desse termo. “Católica” significa “Universal”. Possivelmente esta designação foi adoptada de modo a que, numa fase inicial do cristianismo, esta Igreja de Roma abrangesse todos os movimentos cristãos de então, que por sinal eram muitos. No entanto esta possibilidade para a adopção do nome é uma mera especulação pessoal, não tendo à disposição qualquer fonte que o comprove. Com isto afastei-me do tema inicial, mas volto já ao propósito inicial deste texto.
Mas qual a razão para a palavra XPTO ter sido adoptado com o actual significado que tem hoje?
Tendo Jesus sido uma personagem histórica ou não, a sua mensagem e filosofia de vida, pelo menos na zona geográfica e época onde inicialmente se desenvolveu e a disseminou, foi com certeza uma inovação, um modo de pensar e viver revolucionário e vanguardista. Não sei se será esta a razão, pois estou novamente a especular, mas é no mínimo plausível.

domingo, 9 de maio de 2010

Nomes de Bandas e Títulos de músicas estrangeiras, vai uma tradução?

Sempre que presto atenção aos nomes e letras de conhecidas bandas e artistas ligados ao mundo da música, especialmente aos anglo-saxónicos, dou por mim, mesmo que inconscientemente, a fazer traduções dos títulos e das letras das canções. Estou consciente de que deste modo posso estar a desvirtuar o conceito artístico que lhes está associado, ou que pelo menos deveria estar. Mas não consigo deixar de fazer essa transposição para a Língua Portuguesa e questionar se, porventura, essas mesmas letras fossem traduzidas e cantadas em Português se o sucesso em Portugal seria o mesmo. 
Vou utilizar aqui um exemplo para demonstrar esta "teoria", não por qualquer desprimor pelo conjunto em causa, mas porque é um conhecido grupo musical internacional e que provavelmente todos conhecerão. Tal como disse, é apenas um exemplo sem querer fazer qualquer juízo de valor relativamente à sua qualidade musical do grupo. Falo dos “Black Eyed Peas” ou em Português os “Feijões Frades”.
Verão - Arcimboldo

Será que se uma banda Portuguesa adoptasse este nome, utilizasse exactamente a mesma sonoridade, o mesmo “look” e as mesmas letras musicais devidamente traduzidas, teria sucesso?

Penso que não. Diria também que somos tendencialmente mais exigentes quando avaliamos algo nacional comparativamente com o equivalente produzido no estrangeiro, pelo menos a nível musical é um pouco assim pelo nosso Portugal.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

A Hipocrisia dos Discurso Políticos de um “Grande Português”


Penso que todos estamos conscientes do ponto a que os discursos políticos podem chegar em hipocrisia e  demagogia (no mau sentido).Mas só quando analisamos algumas palavras proferidas por alguns dos políticos mais conhecidos, de hoje e do passado, é que constatamos até que ponto chegaram.
Numa recente conferência, à medida que o orador ia lendo excertos de textos de discursos de um político do passado nacional, eu e a maioria dos espectadores íamos acenando com a cabeça em sinal de concordância sobre aquilo que íamos ouvindo. Mas ,assim que soubemos qual o autor dessas palavras inflamadas e inspiradoras – pensava eu - caiu sobre todos um misto de terror e espanto. O autor era nada mais, nada menos, que Oliveira Salazar

O orador, o Professor Doutor Luís Reis Torgal, conseguiu plenamente atingir o seu fim: fazer-nos reflectir sobre a capacidade de engano e dissimulação que pode ter um discurso.
Salazar a vomitar a pátria - Paula Rego
Esta história serve para alertar para a necessidade de nos acautelarmos perante palavras bem articuladas e inteligentemente conjugadas, mas que podem servir apenas para iludir e cativar. Quando assim é - e será sempre difícil de prever - não devemos ser demasiado crédulos, caso contrário podemos estar próximos de apoiar outros futuros “Salvadores da Pátria”. 

O Estado Novo ficou conhecido por ser uma ditadura onde se limitavam as liberdades individuais e a livre associação (sindicalismo por exemplo), entre outras. Bem conhecido era também o nível de vida de extrema pobreza a que a população estava sujeita, da falta de um sistema de acção social e a inexistência de salário mínimo nacional, já para não falar na falta de muitas outras coisas.

Ficam então aqui excertos de discursos de Oliveira Salazar para análise e reflexão. Analise-se o que foi o Estado Novo na prática e realidade com o que defendia  publicamente o futuro Presidente do Conselho de Ministros: 
“O salário, por consequência, não tem que ter limite superior, mas pode ser-lhe fixado o limite mínimo, para que não desça além do que é imposto pelas exigências duma vida suficiente e digna.” 
“No campo da actividade profissional não deve também o trabalhador estar só.
Naturalmente ele terá tendência para se associar com outros a fim de defender melhor os interesses materiais e morais da profissão. Ora o sindicato profissional é, pela homogeneidade de interesses dentro da produção, a melhor base de organização do trabalho, e o ponto de apoio, o fulcro das instituições que tendem a elevá-lo, a cultivá-lo, a defendê-lo da injustiça e da adversidade.” 
“Quando pelos seus órgãos a sua acção tem decisiva influência económica, o Estado ameaça corromper-se. Há perigo para a independência do Poder, para a justiça, para a liberdade e igualdade dos cidadãos, para o interesse geral em que da vontade do estado dependa a organização da produção e a repartição das riquezas, como o há em que ele se tenha constituído presa da plutocracia dum país. O Estado não deve ser o senhor da riqueza nacional nem colocar-se em condições de ser corrompido por ela. Para ser árbitro superior entre todos os interesses é preciso não estar manietado por alguns.”

Oliveira Salazar, excertos de discursos entre 1928 e 1934

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