sexta-feira, 28 de outubro de 2011

"As confissões de Schmidt" - o poder de escrevermos sobre nós próprios

O filme “As confissões de Schmidt” conta a história de um homem banal, com defeitos e virtudes, numa vida igual a tantas outras onde não se destaca nada nem nenhum evento relevante;  a personagem principal nem sequer tem qualquer característica particularmente interessante. Mas é nisso mesmo que o filme ganha o seu interesse, a banalidade de uma vida comum comprova-se aqui que pode ser interessante. Para isso contribui muito o actor, a sua prestação e performance. Jack Nicholson prova, neste filme, ser um dos melhores actores norte-americanos vivo, sendo a sua presença suficiente para tornar um filme corriqueiro num bom filme.
A história, de um modo resumido, é a de um homem a viver uma fase decisiva da sua via, provavelmente a última que viverá; conta-se o episódio de um homem que passa pelo se derradeiro processo de expiação e reflexão. O filme transmite a ideia de um Schmidt que passou uma vida sem reflectir sobre si e o mundo em que viveu e vive, que só o fez quando começou, por acaso do destino, de um modo indirecto a escrever sobre si próprio
Tentando tirar daqui uma reflexão: por vezes umas palavras pessoais que provoquem um “clique” é tudo o que precisamos para reflectir sobre nos e o nosso lugar no mundo, e hoje, como as novas tecnologias da informação, isso pode passar pelo clique do teclado.

sábado, 22 de outubro de 2011

País ou Estado mais pequeno do mundo?

Numa recente conversa à mesa, discutia-se entre amigos qual o país mais pequeno do mundo. A discussão começou por centrar-me mais naquilo que distinguia um País de um Estado. Nem sempre a distinção entre estes dois conceitos é óbvia – os pratos e talheres foram nossas testemunhas -, pois o termo País pode ser utilizado para nomear um Estado ou outra Entidade Política – por exemplo federação de Estados. De um modo simplista e pragmático, País e Estado podem ser consideramos a mesma coisa, se assim forem considerados por outros países e estados - o risco de paradoxo aqui é evidente, pois caso ninguém reconhecesse outrem não existiriam Países ou Estados. Confuso (1)(2)! 
Para ser mais simples ainda, apesar dos termos poderem significar a mesma coisa, um Estado relaciona-se mais com o governo e o país com o espaço territorial (3), ou seja, Estado com a dimensão política e País com a geográfica (4). Apesar desta distinção, política e geografia aparecem muitas vezes relacionadas uma com a outra: a política (no sentido da organização e gestão de sociedades humanas) relaciona-se ou acontece para ou numa determinada geografia e a ocupação humana e exploração dos recursos partem sempre de um tipo de política, por mais simples que seja.
Estas simples explicações, ou até talvez mesmo ingénuas, servem para a introdução àquele que é o propósito deste texto: Estado ou País mais pequeno do mundo. O Estado ou país – neste caso discutível para alguns - oficial mais pequeno do mundo será o Vaticano. Mas existe um, ainda que não sendo reconhecido por outros Estados ou países, que consegue ser ainda mais pequeno que o Estado Pontífice; falo de Sealand.
Sealand situa-se no Mar do Norte mas não é uma ilha, nem sequer tem terra, rochas ou areias. Sealand é uma plataforma militar marítima construída durante a 2º Guerra Mundial como posto avançado para prever e prevenir os ataques alemães, tendo sido no final da guerra utilizada como apoio ao ataque continental do Aliados às forças nazis que ocupavam a Europa continental (5)(6). Mas é depois da guerra, e de ser abandonada pelos ingleses, que a história desta antiga plataforma – intitulada até 1966 de Rough Towers - ganha contornos de excentricidade, um tanto ou quanto burlesca.
Em 1967 a estrutura é ocupada por Roy Bates, alguns familiares e amigos. Baytes autonomeou-se príncipe, constituindo assim o principado de Seland. Desde então começou a emitir passaportes e selos de correio, criou uma constituição, um hino e uma bandeira, tendo até cunhado dólares de ouro e prata (5)(6). Esta bizarria só foi possível de manter por a plataforma hoje estar fora das águas territoriais inglesas, a umas meras 3 milhas.
Mais haverá para contar sobre sealand, mais casos caricatos: chegou a ter um golpe de estado - encetado por um alemão - e de um terrível incêndio. Até a crise financeira passou por Sealand, com o príncipe herdeiro disposto a vender o seu principado (5).
Mesmo com todos os esforços dos seus governantes, Sealand não é considerado um país ou Estado de facto, pois nenhum outro o reconheceu como tal.

Referências e Notas:
(1) http://pt.wikipedia.org/wiki/Estado
(2) http://pt.wikipedia.org/wiki/Pa%C3%ADs
(3) Definição de Estado: Nação organizada politicamente. Fonte: Infopédia, disponível em http://www.infopedia.pt/pesquisa-global/Estado
(4) Definição de País: - espaço demarcado por fronteiras geográficas e dotado de soberania própria; estado; nação. Fonte Infopédia, disponível em http://www.infopedia.pt/pesquisa-global/Pa%C3%ADs
(5) http://pt.wikipedia.org/wiki/Sealand
(6) http://www.sealandgov.org/

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Meia-Noite em Paris - uma epifania de filme de Woddy Allen

Soa a meia-noite e inicia-se a viagem ao passado. Quantos não olham para o que se passou na história – pelo menos a que conhecem - com nostalgia de uma época que não viveram nem conheceram, mas que atrai como desejo de escapar à realidade contemporânea. Presunções à parte, estas primeiras duas frases poderiam ser o mote e apresentação do mais recente filme de Woody Allen, falo do “Meia-Noite em Paris”.
Voltei agora do cinema e sinto ainda as sensações das imagens e sons da visão que Allen transmitiu da mítica cidade das Luzes, da cultura, da liberdade e do romance; a Paris de postal é o fundo recorrente, com a sua arquitectura, arte, cultura e alma. Allen retrata também Paris pelo modo como ele próprio vê os vários artistas que por lá passaram e mais tarde seriam os grandes nomes da arte e cultura de todos os tempos.
Quem apreciar arte não poderá ficar indiferente a este filme, pois trata-se de uma verdadeira montanha russa a percorrer montras de onde podemos conhecer os artistas e autores célebres do passado. Os planos de Paris são muito belos, a música, embora não muito gaulesas, é adequada. Os actores, à excepção do principal que parece um pouco desadaptado do papel que seria suposto desempenhar, vestem magistralmente as suas personagens (o Dali é Magistral!).
Meia-Noite em Paris é um filme bem ao estilo do autor/realizador; quando a ficção ultrapassa os limites do que poderia ser real a estranheza não se mostra e nota - em Woody Allen passar do real ao surreal e fantasioso é por vezes tão natural que nem damos por isso. O modo como mistura irrealidades com realidades, sendo que isso normalmente é apenas o contexto e ambiente para tornar a história principal mais emotiva, não nos desvia do verdadeiro enredo.
Pegando naquilo que me parece ser a história principal, eu diria que o filme, sem “estragar o filme” para quem ainda não teve o prazer de o ver, retrata algo tão simples como: a história de um escritor em crise, crise de identidade, com aventuras pelo presente e passado que culminam numa epifania transformadora.


Afinal quem não procura uma [epifania] para dar sentido à sua vida?

sábado, 1 de outubro de 2011

Terá a "Troika" vindo da Rússia?

A palavra Troika tem sido utilizada neste último ano em Portugal de forma constante, pois foi o termo adoptado pela equipa constituída pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional, criada para resgatar Portugal (entre outros países) e a sua dívida estatal, adoptou um nome que soa a trio. Como a crise afecta directamente, mais do que provavelmente esperavam os portugueses inicialmente,  palavra vai-se repetindo.
Mas afinal de onde vem o termo Troika? Terá sido inventado aquando da crise das dívidas soberanas especificamente para representar a união das 3 entidades anteriormente referidas? 

Troika de Inverno - Yuri Aleksandrovich Sergeyev

Bem, parece que não. Parece que foi uma adopção de uma palavra russa. Originalmente a palavra Troika (1) em russo servia para nomear o conjunto de três cavalos a um carro (carruagem, carroça ou trenó). No fundo significa uma associação, uma composição de três entidades que se unem para algo.
 
Terá então a Troika, que tem visitado Portugal, sido constituída para “puxar”, numa relação com a palavra russa, Portugal da crise?
 
Referências: 
(1) - http://pt.wikipedia.org/wiki/Troika

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