terça-feira, 16 de dezembro de 2014

A democracia ateniense era a mais desenvolvida da antiguidade?

Quando falamos na história dos regimes políticos, e das democracias em particular, é inevitável falar abordar a ateniense. Existem obvias razões para isso, porque por lá, por aquelas polis (cidade), passaram e viveram algumas das mais famosas personalidades da antiguidade (filósofos, políticos, artistas, etc.), porque os atenienses estiveram envolvidos nos principais acontecimentos políticos e militares da época naquela zona do globo com importância futura na história do ocidente (guerras médias com os persas, guerra do Peloponeso, etc.), porque desenvolveram um império naval mercantil e militar considerável, porque criaram uma cidade imensa dentro da realidade grega clássica (ricamente embelezada com monumentos, arte e arquitetura) e, entre outras razões, porque tinham uma democracia (com relatos das suas práticas a chegarem aos dias de hoje, sendo o episódio da condenação à morte de Sócrates marcante pelas questões que levanta).
Discurso fúnebre de Péricles - Philipp Von Foltz
No entanto, existiam várias democracias na Grécia antiga. É o próprio Aristóteles que nos diz isso, pois terá compilado a constituição de praticamente todas elas, mesmo as das polis que assentavam noutro tipo de regimes (monarquias, tiranias, oligarquias, etc.). Infelizmente muitos dos escritos e registos de Aristóteles perderam-se. Somente a constituição de Atenas sobreviveu de todo esse seu trabalho de compilação.
Assim, hoje, dificilmente saberemos se a verdadeira e mais desenvolvida democracia grega da antiguidade clássica terá sido a ateniense. Não sabemos exatamente quantas mais teriam existido nem qual terá sido a primeira. Esta questão tem importância pois sabemos dos limites desta democracia, que não era universal e deixava de parte a maioria da população (mulheres, escravos, estrangeiros e outros que perdessem a sua cidadania/direitos políticos).
Mas, partindo dos outros registos e vestígios das antigas polis, quase todas com elementos comuns, como por exemplo ágoras e assembleias de cidadãos, provavelmente os princípios democráticos podem ter sido bastante generalizados, nem que fosse em sistemas mistos, mais ou menos desenvolvidos de cidadania e envolvimento político cívico dos habitantes da cidade no seu governo.
 
Referências bibliográficas:
  • Farago, France. "As Grandes Correntes dos Pensamento Político". Porto Editora, 2007.
  • Ferreira, José Ribeiro. "História das civilizações clássicas I - Grécia". Universidade Aberta, 1996.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Introdução à morfologia da cidade islâmica – Religião e demais influências na criação da cidade privada

No versículo 4 do capítulo XLIX do Corão podemos ler o ensinamento: “O interior da tua casa é um santuário”. Esta passagem explica o porquê das formas diferentes e particulares da cidade islâmica tradicional. O urbanismo orgânico e sem plano destas cidades caracteriza-se pelas ruas estreitas, tortuosas, com quebras visuais de continuidade, cheias de cotovelos e becos sem saída. As fachadas das habitações são minimizadas, austeras e, por vezes, quase inexistentes. Não são raras as vezes em que existe apenas uma porta, ou um portão, forte e resistente. Existem muitas passagens inferiores, zonas menos iluminadas e edifícios que crescem nos pisos superiores cobrindo as ruas. As ruas são, em muitos casos, apenas corredores utilizados para deslocações entre um ponto e outro, sem a vida e arquitetura de cariz público das restantes cidades. Os espaços realmente públicos são diminutos, especialmente os mais amplos. Mesmo o bazar situava-se numa das portas das cidades, na sua envolvência e não numa praça como as cidades de influência greco-romana. Somente na mesquita se situam os grandes pátios amplos.
 
Mulheres no Casbah de Argel - Marie Berton-Maire
São várias as razões para estas características. Primeiro que tudo será a influência religiosa. Evita-se a ostentação exterior, pois todos serão iguais perante Alá. A ostentação, riqueza e vida volta-se para o interior das habitações. É nos pátios que o edifício recebe a luz que combate a insalubridade. É ai que se vive em sociedade, na privacidade de cada lar que é sagrado. É ai que florescem as magníficas decorações e crescem os jardins interiores de influência iraniana. As próprias ruas criam a sensação de privacidade e segurança dos olhares indiscretos, sempre reforçada pelas casas-fortaleza e suas austeridades externas.

Dança de Harem - Giulio Rosati
O facto da expansão dos primeiros impérios islâmicos ter sido tão grande e avassaladora criou um choque de culturas, apesar da grande capacidade adaptativa dos primeiros islamitas. Na prática tratou-se de uma cultura não urbana que ocupou grandes metrópoles urbanas, próprias do mediterrâneo e médio-oriente. Foi a partir dai que o islão se foi urbanizando segundo a sua cultura própria, sobre a ruina das conquistas. Dai a falta de planos e o urbanismo orgânico das cidades islâmicas. Não podemos esquecer que o avanço do islão beneficiou do conflito e desgaste entre Império Bizantino e Persas Sassânidas, enfraquecidos pela guerra constate, tendo ocupado os seus territórios, caracterizados por contarem zonas altamente urbanizadas.
Por fim, o efeito do clima. É evidente a utilização de uma estrutura urbana própria de climas tórridos, onde importa, acima de tudo, garantir sombras e zonas de descanso.

Haveria muito mais a dizer, mas fica uma primeira introdução que pretende dar alguma luz sobre o modo como se definiram as cidades islâmicas e a sua influência nas restantes cidades por onde essa civilização passou (o caso de Portugal por exemplo).
 
Referências bibliográficas:
Goitia, Fernando Chueca; "Breve História do urbanismo", Editorial Presença, Lda., Lisboa, 1989.
Keegan, John; "Uma história da Guerra", Tinta da China, 2009
Mumford, Lewis; "A Cidade na História", Martins Fontes, S. Paulo, 1998

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Finalmente sabemos porque voam as aves em V?

A resposta para a questão "Porque voam as aves em V?" será mais ou menos evidente. Mas só recentemente tivemos provas concretas que confirmavam as suspeitas, devido aos os estudos dirigidos por Steven Portugal.

Fonte: National Geographic
Então, segundo o estudo em causa, as aves voam em V, e com o bater de asas coordenado, principalmente por duas razões: poupança de energia por mais valias aerodinâmicas e por aproveitamento positivo das turbulências geradas pelo voo e, facilidade em seguir o líder.
Outros estudos referem que aves que recorram ao voo em grupo em V conseguem poupanças de 20 a 30% da energia despendida em situação de voo isolado. Agora a grande novidade é que se percebeu efetivamente como isso é possível, através de uma circulação de ar provocada pelas aves da dianteira que facilitam o movimento das asas das que voam imediatamente atrás.

Fonte: BBC
Poderão existir outras razões para além eficiência de voo. Ainda por comprovar estão as teorias que defendem ser um modo de defesa pois o modo coordenado de voo em grupo compacto pode ter o mesmo efeito dos cardumes de peixes. Em grupo as aves assemelham-se a uma só ave gigante.
Existe também quem defenda que o voo em V garante condições de higiene em voo de grandes distâncias quando as aves defeção.
Ficando ainda por explicar a razão mais comportamental e social, sem dúvida que esta descoberta permite agora outros "voos" de investigação, quem sabe aplicando a outras áreas do saber e tecnologia.
 
Referências bibliográficas
[1] - "Birds That Fly in a V Formation Use An Amazing Trick", da autoria de Ed Young. disponível em: http://phenomena.nationalgeographic.com/2014/01/15/birds-that-fly-in-a-v-formation-use-an-amazing-trick/
[2] - "Fly like a bird: The V formation finally explained", da autoria de Victoria Gill, disponível em: http://www.bbc.com/news/science-environment-25736049
[3] - "Why Birds Fly in a V Formation", Patricia Waldron, disponível em: http://news.sciencemag.org/biology/2014/01/why-birds-fly-v-formation

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