Agora que tive uma semana mais desafogada, finalmente consegui reunir umas quantas ideias de um livro que esperava por cá dar uma visita. Não se trata de uma grande obra científica, de nenhum cânone de um qualquer conhecimento específico. Trata-se apenas de um livro bem-humorado que pretende questionar, de um modo simplista e leve, conhecimentos que dávamos por adquiridos. Apesar de não ser um escrito da cientifico, de não ter quaisquer pretensões epistemológicas ou de explicação do saber, transmite, recorrendo a curiosidades mais ou menos irrelevantes, a abertura de espírito que é inerente ao espírito científico. Um estado de espírito que passa pela abertura a novas ideias e nunca, em momento algum, partir do princípio que detemos o conhecimento total ou a verdade absoluta, pois uma das grandes mais-valias da ciência é a sua capacidade reformista, às vezes até revolucionária, de se regenerar e assim evoluir na busca de novos conhecimentos (devendo-se sempre rever o conhecimento que se tem como dado adquirido).
A obra em causa intitula-se de “Livro da Ignorância Geral”, da autoria de John Lloyd e John Mitchinson, e editada em Português pela Porto Editora. Logo na capa o marketing não engana: “Surpreenda-se! Afinal, nem tudo o que julgava saber é verdade”
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Nas suas quase 300 páginas são referidas curiosidades capazes de nos deixar surpreendidos e quase perplexos. Dessas, devido ao grande rol de temas e assuntos abordados, irei revelar aqui apenas alguns curtos excertos (sendo meras citações sem qualquer juízo de valor). Aconselho todos os que se sentiram cativados por estes "aperitivo" a adquirirem a obra podem irão desfrutar de momentos de boa disposição e aquisição de cultura geral - quase sem notarem.
Quantos prisioneiros foram libertados durante a tomada da Bastilha?
“Sete. (…) Pelas inflamadas pinturas dos acontecimentos, poderia pensar-se que centenas de revolucionários orgulhosos inundaram as ruas, empunhando bandeiras tricolores. Na realidade, à altura do cerco, havia pouco mais de meia dúzia de prisioneiros (…)”
O que é três vezes mais perigoso que a guerra?
“O trabalho mata mais gente que a bebida, as drogas ou a guerra. Cerca de dois milhões de pessoas morrem todos os anos devido a acidentes de trabalho e doenças profissionais, enquanto que a guerra mata uns meros 650 000 indivíduos por ano. (…)”
Qual o número da besta?
“616. Durante 2000 anos, o 666 foi o símbolo do temido anticristo, que irá governar o mundo antes do Juízo final. Para muito é um número de azar (…) Em 2005, uma nova tradução da cópia anteriormente conhecida do Livro da Revelação mostrou claramente que é 616 e não 666. (…)”
De que cor é a água?
(…) Na verdade a água é azul. É um tom incrivelmente ténue, mas é azul. Isto pode verificar-se na natureza, quando se olha para dentro de um buraco profundo na neve, ou através do gelo espesso de uma queda de água congelada. (…)
A cor reflectida pelo céu tem, obviamente, um importante papel. O mar não tem um aspecto particularmente azul num dia nublado. (…)”
Qual a maior estrutura artificial da Terra?
“A nossa resposta é Fresh Kills (…), uma lixeira em Staten Island, Nova Iorque, apesar de gostarmos bastante da sugestão alternativa de Jimmy Carr – a Holanda. (…)”
Quem enterra a cabeça na areia?
(…) Nunca Ninguém viu uma avestruz a enterrar a cabeça na areia. Se o fizesse, sufocaria. Quando se sentem ameaçadas, as avestruzes fogem como qualquer outro animal sensato. (…)”
Qual foi o primeiro animal a ir ao espaço?
“A mosca da fruta. Os minúsculos astronautas embarcaram num foguetão americano v2 juntamente com algumas sementes de cereais, e partiram em direcção ao espaço em Julho de 1946. Foram usadas para testar os efeitos da exposição à radiação a elevadas altitudes. (…)”
Que percentagem do nosso cérebro usamos?
(…) Diz-se que apenas usamos 10% do nosso cérebro. Isto geralmente leva a discussões acerca do que conseguimos fazer se soubéssemos aproveitar os restantes 90%.
Na verdade todo o cérebro humano é utilizado, numa altura ou noutra. (…) O cérebro não devia, em condições ideias, ter mais de 3% dos seus neurónios a funcionar ao mesmo tempo, caso contrário a energia necessária “pôr de novo em funcionamento” cada neurónio após este ter disparado torna-se demasiada para o cérebro conseguir lidar com ela. (…)”