terça-feira, 17 de novembro de 2009

O livro: A Desilusão de Deus

O livro A desilusão de Deus, do conhecido biólogo evolucionista Richard Dawkins, merecia há algum tempo aqui uma referência. Para isso tive de voltar a reler a obra na transversal para evitar erros e gafes que em nada fariam jus ao autor e à obra.
Nesta obra, o autor questiona o porquê do fortalecimento de algumas correntes religiosas mais dogmáticas e extremistas, especialmente naquelas que apresentam explicações para o surgimento e funcionamento do universo opostas à ciência empírica, isto apesar dos avanços da ciência rumo a uma cada vez maior compreensão do universo e da vida.
Em a Desilusão de Deus, Dawkins distingue os diferentes modos como se considera Deus . De um modo resumido, segundo as suas crenças, agrupa as pessoas classificando-as como: Teístas, Deístas, Agnósticos e Ateístas.
Segundo a análise que fiz das palavras do autor, teístas são aqueles que acreditam num Deus omnipotente e omnipresente que tudo criou, tudo controla e opera (incluindo-se a humanidade também).
Os deístas acreditam que Deus criou o universo e as suas leis mas que depois não mais interveio. Dawkins refere que Einstein seria um Deísta, pois via em Deus a origem das leis da física. Isto não significa que esse Deus fosse o deus das três grandes religiões monoteísta (judaísmo, cristianismo e Islamismo), trata-se mais de um nome para uma entidade que deu origem ao que chamamos de leis da física pelas quais se rege o nosso Universo. 
Dawkins define agnosticismo como sendo a doutrina que admite a existência de uma entidade com as características atribuídas a Deus. Admite apenas, devido à falta de provas irrefutáveis não refuta nem valida a existência de Deus.
Finalmente, Ateus serão aqueles que, pela força da alta improbabilidade da existência de uma entidade com as características de Deus, negam a sua existência.

Sendo Dawkins um acérrimo defensor do evolucionismo de do ateísmo como modo de vida, ao longo desta obra vai apresentando diversas teorias no intuito de defender a sua posição. Irei de seguida apresentar uma dessas teses. Trata-se do paradoxo do bule, do conhecido filosofo inglês Bertrand Russell, que diz mais ou menos o seguinte: Se nos disserem que existe um bule a orbitar em torno do planeta Marte, quase que de imediato dizemos que não acreditamos. Qualquer pessoa diria que tal não será possível pois a Humanidade nunca viajou até Marte, logo não poderá existir lá esse objecto. No entanto, não conseguimos comprovar a sua inexistência, mas não hesitamos em admitir que tal é impossível, devido à grande improbabilidade desse fenómeno ocorrer.
Com esta referência ao paradoxo de Russell, Dawkins deixa-nos as seguintes questões no seu manuscrito: Porque não utilizamos o mesmo encadeamento lógico para validarmos a inexistência de Deus, dadas as elevadas improbabilidades? Porque deixam as Crianças de acreditar no Pai Natal e não em Deus?

Fica aqui também o link para a página do autor: http://richarddawkins.net/

Bem, deixo-vos estas questões. Eu procurei as minhas respostas. Façam o mesmo se assim o entenderem. 


15 comentários:

  1. Olá Micael, obrigado pelo comentario no telegrapho. Mais que uma formação achava interessante sim a criação de um codigo de conduta mais consistente.

    abraço

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  2. Dawkins não é o único escritor na cruzada anti-religião. Aconselho vivamente a leitura de "O Fim da Fé" de Sam Harris e "Deus Não é Grande" de Christopher Hitchens.

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  3. Sim, o livro de Sam Harris é sem dúvida importante e uma obra a ter em conta. Em o "Fim da Fé" há a defesa do espiritualismo como algo de independente das grandes religiões, pelo menos na acepção que se dá a essas doutrinas no Ocidente.
    Quanto ao Livro "Deus não é grande", lamento mas não li, no entanto assim que possível pretender adquirir e ler.
    Apesar disto, na minha opinião, não nos devemos ficar apenas pelas leituras dos defensores do ateísmo. Para decidir em consciência e com o máximo de informação possível há que consultar outros autores e obras.

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  4. Sobre o último parágrafo.
    A razão para acreditar em coisas sem fundamento, apesar da razão nos dizer que nada daquilo é possível, é o medo. A religião não tem como base a razão, mas sim o medo. Enquanto houver medo, haverá gente fraca a agarrar-se a ilusórias bengalas metafisicas...

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  5. Estou genuinamente convencida que a existência de Deus, é um assunto que, pela sua natureza, merece e deve ser discutido. E não vejo razão alguma para que a religião seja mais confortável para os seres humanos que muitas outras actividades. Aliás, estou mesmo convencida de que existem outras formas de expressão muito mais agradáveis.
    O medo é um sentimento terrível, uma "droga" que corrói a mente.

    Pergunto: Somos obra da evolução das espécies, ou somos obra da criação de Deus?

    Este livro tem argumentos bem estruturados contra a religião.

    Lumena Oliveira

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  6. Segundo as leis Herméticas, a 1ª lei especialmente, que nos fala que tudo é mental O TODO é Mente, é portanto a lei do Mentalismo, da Sabedoria Ancestral, eu gostaria de perguntar aos ateus fundamentalistas como Hitchens ou Harris ou outros que tal, como consciencializaram, ou melhor, como negam algo que à partida consciencializaram?! É a mesma coisa que estar sem luz e dizer que a matéria, não existe... ou não será?
    Quanto a dogmas... tenham dó... é outra forma de política com base no medo. Dividir para reinar!

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  7. Eu bem gostaria de perguntar a Dawkins, Hitchens, ou Harris, bem como a qualquer ateu fundamentalista, como negam algo que já consciencializaram. Segundo as Leis Herméticas e eu vou logo à 1ª, que é a do Mentalismo, que diz que tudo é mental, que o Todo é Mente, como conseguem negar algo que lhes está na consciência?!... Depois é só pegar na lei dos opostos, outra Lei Hermética, para saber que tudo tem o seu oposto, frio/quente, luz/treva, amor/ódio e teísmo/ateísmo; que fica aqui subentendido?
    Dizer que Deus não existe é a mesma coisa que dizer, porque não há luz, que matéria não existe!

    Quanto a dogmas estamos conversados... tudo o que é imposto pelo medo, é mau e os dogmas existem apenas para dominar as massas pelo terror. Dividir para reinar...

    Acho que perdi o comentário semelhante a este que tinha enviado antes...

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  8. Só porque uma ideia ou conceito existe ao nível das ideias não justifica a sua veracidade ou existência fora da esfera conceptual.
    Quanto ao segundo argumento, ninguém nega a existência do teísmo. Existência de correntes como teísmo ou ateísmo só por si não comprovam nada a favor ou contra a existência de Deus. Simplesmente comprovam que existem como correntes. Não vejo qual a relação aqui com a existência ou não de Deus. Só seria uma possível justificação pela Lei dos opostos se esse mesmo oposto ,e fosse indiscutível, para a noção da entidade a que conceptualmente podemos definir como Deus.
    Não me parece que a existência de Deus se comprove ou negue com meras construções a tocar a filosofia. A fazer essa demanda teremos de nos munir de todos os conhecimentos,de todas as áreas do saber, para pelo menos começar.

    Muito obrigado pelo seu comentário.
    Sem dúvida útil para a discussão

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  9. Micael,
    Estou apenas a dar o meu ponto de vista... socorri-me da Wikipédia, pois acho que devemos ter a humildade suficiente, para reconhecer que negar ou afirmar a existência de Deus não está ao alcance do Homem.
    Quanto a começar... desde que o Homo-Sapiens o é, que procura dar resposta, seja filosófica, seja científica e... não chega lá. E pela resposta que deu, Micael acredita no mesmo que eu... penso.
    Wikipédia
    "As bases filosóficas do agnosticismo foram assentadas no século XVIII por Immanuel Kant e David Hume, porém só no século XIX é que o termo agnosticismo seria formulado. Seu autor foi o biólogo britânico Thomas Henry Huxley numa reunião da Sociedade Metafísica, em 1876. Ele definiu o agnóstico como alguém que acredita que a questão da existência ou não de um poder superior (Deus) não foi nem nunca será resolvida.

    Conhecimento no agnosticismo

    No agnosticismo, postula-se que a compreensão dos problemas metafísicos, como a existência de Deus, é inacessível ou incognoscível ao entendimento humano na medida em que ultrapassam o método empírico de comprovação científica. Assim, o conhecimento da existência de Deus é considerado impossível para agnósticos teístas ou ateístas."

    Muitas pessoas usam, erroneamente, a palavra agnosticismo com o sentido de um meio-termo entre teísmo e ateísmo. Isso é estritamente incorreto pois teísmo e ateísmo separam aqueles que acreditam em divindades daqueles que não acreditam em divindades. O agnosticismo separa aqueles que acreditam que a razão não pode penetrar o reino do sobrenatural daqueles que defendem a capacidade da razão de afirmar ou negar a veracidade da crença teística.

    Obrigada eu, Micael, pela sua resposta.

    Um abraço.

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  10. Curiosamente Dawkins nesta obra critica o agnosticismo pelo facto de ficar a meio caminho da posição ideal defendida pelo autor - o ateísmo anti-dogmático. Dawkins fala apenas em Ateísmo, mas não temo em acrescentar o termo "anti-dogmático" ao simples "ateísmo", isto porque, pegando nas próprias justificações do autor, me parece ser a designação mais correcta para evitar confusões. Nomeação [ateísmo anti-dogmático] que justifico porque o seu [Dawkins] ateísmo evita o dogma através da invocação das probabilidades. Ou seja, Dawkins define Deus como altamente improvável. Sendo altamente improvável não será muito arriscado afirmar, tendo em conta as nossas limitações, que tal entidade não existe. É aqui que entra a parábola ou história da chaleira de Bertrand Russell.

    Eu é que agradeço os seus excelentes e enriquecedores comentários. Têm sido uma grande mais-valia. Obrigado

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  11. Pois é Micael... eu não queria ser chata, mas e voltando eu às leis Herméticas, é na dos opostos que reside o poder do ser humano, essa é a chave... é aí que podemos exercer o livre arbítrio, ou possibilidade de escolha. Como os opostos tendem a tocar-se, pois são a mesma coisa em estados diferentes e um não existe sem o outro, as filosofias ancestrais como o hinduísmo ou o budismo, tentam demonstrar que o caminho correcto, é o Caminho do Meio. Exactamente o inverso do que Dawkins diz... cai no erro de eu lhe chamar como chamei de fundamentalista.
    Não existe porque é improvável e pronto.
    Que diriam os físicos quânticos quanto a essa teoria das probabilidades... decerto a esta hora não sabiam o que é um quark ou se a teoria das cordas é aplicável, de onde teria saído o tão agora falado tema de Universos paralelos e por aí adiante. Aquela pergunta que os quânticos fazem também em parábola, da árvore que caiu no meio da floresta, mas ninguém viu ou ouviu, será que caiu? eles acreditam que sim e mais, acreditam que o observador pode influenciar a matéria. De certeza que não faziam descobertas dessas a pensar como o Dawkins... a quântica estava arrumada... é que é preciso uma grande quantidade de Fé, para chegar a tais conclusões, muita pesquisa e por isso hoje temos um CERN, a NASA e outros sítios, como por exemplo o Instituto de Nanotecnologia que está já pronto a operar aqui em Braga, o qual ainda vai ser o orgulho dos portugueses, em que cada vez mais se descobrem coisas novas baseadas em probabilidades quase nulas. Deixemos pelo menos espaço à dúvida, para que o Homem alargue o seu campo de visão.
    Gosto de mostrar o ponto de vista que acho ser o meu... mas que não é... é o somatório de muitos...
    Aconselho a ler o livro, se ainda não leu, "Nós Os Deuses" de Bernard Weber. Parece uma historinha para crianças, mas tem muito que se lhe diga, ou seja, dá mesmo que pensar.

    Obrigada pelas suas palavras cordiais. :)

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  12. Certezas não, ou nunca fosse a probabilidade absoluta. Trata-se apenas de uma questão de pragmatismo anti-mitológico - que pessoalmente me grada, mas aqui o objectivo era mesmo revelar as ideias e conteúdos muito resumidamente deste livro, algo que espero ter conseguido, pelo menos o essencial.

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  13. O ser humano é um ser de crenças. Uns acreditam que deus existe, outros acreditam que deus não existem. Mas todos acreditam...

    Já li Dawkins ("O gene egoísta" e "A desilusão de Deus", e entre o criacionismo e o evolucionismo, parece-me mais plausível o segundo.

    Bom debate!

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  14. O ser humano é um ser de crenças. Uns acreditam que deus existe, outros acreditam que deus não existem. Mas todos acreditam...

    Já li Dawkins ("O gene egoísta" e "A desilusão de Deus"), e entre o criacionismo e o evolucionismo, parece-me mais plausível o segundo.

    Bom debate!

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  15. Eu,um simples operário emigrante na Holanda desde 1964 e já velhote (88anos)digo que em meu pensamento admito que haja quem creia na existência de Deus,mas não posso conceber que haja quem se atreva a definir Deus e muito menos a afirmar que falou com êle e dêle recebeu as Tábuas da Lei que são os Dez Mandamentos dos biblico-judaico-cristãos.Que o Povo,a Plebe ignorante creia nestas lendas ou aldrabices,não causa espanto.Mas que sejam os intelectuais a querer convencer o Povo da verdade das Religiões,isso só posso interpretar como uma Vigarice para manter os Povos submissos e ajoelhados perante os Poderosos.
    A Religião é o ópio do Povo.

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