quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O que era ser um Gladiador?

São inúmeros os mitos relacionados com os Gladiadores, muitos por culpa de filmes e outras expressões artísticas. Com base em informações que fui recolhendo em vários documentários (muitos deles exibidos no Canal de História) e em bibliografia especializada (essa sim a fonte mais fidedigna) decidi fazer aqui uma pequena exposição do que fui recolhendo sobre  estes "entertainers" da antiguidade.
Polegar para baixo - Jean Leon Gerome
Os Gladiadores profissionais, na antiga Roma, eram normalmente escravos adquiridos para o efeito, sobre os quais recaia um treino intenso, preparando-os para os combates. Existiam várias escolas, que treinavam esses escravos para lutarem de acordo com os tipos pré-definidos de gladiador: Trácios, Murmilos, Retiários e Secutores. Estava bem definido o tipo de armamento e técnicas de combate para cada tipo.  Por exemplo, todos conhecemos o armamento dos Retiários, equipados com tridente e rede. Então, assim sendo, é inverosímil que um gladiador pudesse escolher livremente o equipamento que iria utilizar em combate, pois tudo estava previamente definido e estipulado. Os combates profissionais eram quase sempre de um para um, numa disputa entre gladiadores de diferentes estilos e escolas - usualmente antagónicos e incompatíveis -, de modo a aumentar a carga dramática, pois no fundo era um espectáculo para as massas.
Os combates raramente eram até à morte de um dos combatentes. Isto porque treinar um e manter um gladiador era muito dispendioso, e se em cada combate morresse um deles não haveria gladiadores de qualidade suficientes para todos os eventos. Somente em casos especiais o público ou o organizador dos espectáculos condenavam um gladiador derrotado à morte, principalmente nos casos de deslealdade e falta de coragem durante o combate. Esta decisão era demonstrada através da posição do polegar de quem sentenciava (público ou responsável pelo evento). Erradamente se associou o gesto do polegar para cima como aprovação (vida para o derrotado) e do polegar para baixo (morte para o derrotado). Estudos recentes revelaram que apontar o polegar para baixo significava baixar as armas (vida para o derrotado), por outro lado colocar o polegar para cima apontando-o para o pescoço era sinal de execução (morte para o derrotado).
 Apesar de serem escravos dos donos das escolas que os treinavam, os gladiadores eram vistos como super-estrelas do "desporto" da altura, sendo-lhes proporcionados grandes banquetes, bens materiais e todos os luxos possíveis, alguns deles atingiram tal fama  e prestigio de combate que os seus nomes ainda hoje se conhecem. Dizem alguns autores que muitos cidadãos se voluntariavam como gladiadores, ambicionando a fama e a riqueza, e que era comum as damas das classes altas da sociedade romana (Patrícios) pagarem avultadas somas em dinheiro em troca dos favores sexuais dos mais prestigiados gladiadores.

Temos de admitir que há algumas semelhanças com os actuais desportistas de alta competição, especialmente com os mais mediáticos, e os gladiadores da Roma antiga, tirando claro a natureza das lesões.

5 comentários:

  1. De facto, existem muitas semelhanças entre situações típicas da sociedade tradicional e outras que se vivenciam actualmente. Esta questão dos gladiadores é, sem dúvida, uma delas.

    Para além de se continuarem a treinar pessoas para alcançarem a vitória, as mesmas são "condenadas" qdo são desleais, tendo por outro lado enormes recompensas materiais pelo seu esforço. O público é, ainda, o principal juiz de tudo isto.

    E, claro, também continua haver muita gente que paga(ria) por favores... ;-D

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  2. Muito interessante!!! Muitas vezes dou por mim a pensar o porquê de fazermos determinado tipo de gestos ou dizermos determinadas expressões, qual a origem destas e o porquê de se continuarem a usar ao longo dos tempos. Um exemplo disso é o polegar, que ora serve para reforçar algo bem feito ou para demonstrar desagrado, ou para pedir boleia, quiçá!!!
    Quanto ao uso de batalhas enquanto entretenimento, ainda hoje se continuam a cultivar hábitos muito próximos, um exemplo disso são os espectáculos de wrestling, que, a meu ver, não são mais do que espectáculos que servem para agressores oprimidos se possam manifestar de uma forma pública e socialmente” aceite”. E o mais grave, penso eu, é instigarem-se estes gostos em crianças de tenra idade..
    Já agora, amiga Cat, quanto ao pagar-se por ”favores”, se se pagam outros tão menos prazerosos, ao menos que o pagamento seja dotado de boa recompensa..

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  3. Té interessante sim...
    Mas se me permites, devias de colcar as tuas fontes quando te referes a estudos e factos.
    Beijos, continua...

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  4. Claro que permito! O objectivo é mesmo o de permitir comentários e promover o debate e o enriquecimento mútuo.
    Tenho, sempre que possível, revelando-as fontes para os textos que vou expondo no blogue. Neste caso tenho de admitir que fui atraiçoado pela memória e não consigo precisar os nomes dos documentários nem dos textos. Um deles foi um documentário do Canal de História que explorava a vida dos "Gladiadores" e dos jogos. Quanto aos textos é me mesmo impossível nomear por lapso de memória.
    De notar que tive o cuidado de nunca referir estas informações como sendo factos, apesar da linguagem utilizada poder transparecer isso. São apenas teorias com uma fundamentação bastante forte e algumas curiosidades.
    Muito obrigado pela leitura e pela crítica positiva.

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  5. Hélio Almeidanovembro 07, 2009

    Boas

    Finalmente um tema mais de acordo com os meus gostos e áreas: enfim posso confirmar tudo o que o Micael disse. Recentemente e através de documentários pode-se trazer alguma verdade em situações que se julgavam predefinidas, como o caso do polegar.

    Outra situação digna de comentar é o valor histórico, cultural e do ponto de vista da engenharia para os locais onde eram realizados esses encontros, como o coliseu de roma. Uma verdadeira master piece. Pensa-se que eram lá realizados até batalhas navais, ainda não provado, mas muito plausível. Local de simulações de batalhas terrestres também, estas penso que com escravos versus gladiadores. Enfim uma panóplia de situações.

    Micael, parabéns pelo blog. Continua assim a postar estes artigos de interrese histórico e cultural.
    Abraço

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