Fernando Pessoa é conhecido pela sua poesia, pelos seus heterónimos, pelos seus “vícios”, e pela sua morte sem o devido reconhecimento em vida, entre outras facetas universalmente divulgadas. No entanto é pouco conhecida, ou se calhar pouco divulgada, a sua escrita em prosa, especialmente aquela com tendências filosóficas e políticas. Daí a minha surpresa quando encontrei um pequeno livro classificado como de filosofia/política deste conhecido autor. Falo da obra O Banqueiro Anarquista. Só o nome é paradoxal e estranho. Como pode um Banqueiro, esse arauto do capitalismo, ser um anarquista? Não é nenhum jogo de palavras, a genialidade de Pessoa consegue justificar esta aparente contradição através de uma cuidada e profunda fundamentação. A obra consiste numa conversa entre duas personagens: um interlocutor que questiona o Banqueiro e ouve atentamente as suas respostas, tentando descortinar e compreender como pode ele intitular-se de anarquista; e claro o próprio Banqueiro. Os argumentos e justificações para tal posição controversa vão fluindo à medida que o diálogo entre as duas personagens se vai concretizando.
Frenando Pessoa - Almada Negreiros |
Durante o diálogo o Banqueiro justifica-se como um verdadeiro anarquista porque, somente com o seu estatuto, através dos princípios capitalistas e da posse de muito dinheiro, se sentiu plenamente livre, ou seja, um verdadeiro anarquista.
Concordando-se ou não com os argumentos apresentados pelo banqueiro para sustentar o modo como ele próprio se intitula, o livro faz-nos questionar sobre o verdadeiro significado dos conceitos “Anarquista”, “Liberdade”, “Capitalismo” e muitos outros associados a estas dicotomias.
Em suma, ler esta obra, e meditar sobre o que Fernando Pessoa pretende transmitir, é sem dúvida enveredar por um exercício mental proveitoso porque contribui, nem que seja só um pouco, para vermos de outro modo a sociedade em que nos inserimos, o nosso comportamento e as opções que vamos tomando ao longo da vida.
Em suma, ler esta obra, e meditar sobre o que Fernando Pessoa pretende transmitir, é sem dúvida enveredar por um exercício mental proveitoso porque contribui, nem que seja só um pouco, para vermos de outro modo a sociedade em que nos inserimos, o nosso comportamento e as opções que vamos tomando ao longo da vida.
Reforça-se, assim, a ideia de que os conceitos têm um significado que nós limitamos...esquecendo-nos no quotidiano que tudo pode ser interpretado sob várias e diferentes perspectivas. =)
ResponderEliminarOlá Micael Sousa,
ResponderEliminarTambém li o livrito há pouco tempo e não fiquei com a mesma impressão. Por exemplo, lembro-me do banqueiro dizer que tudo o que não é natural é mau, deve ser abolido, e de ter uma noção estapafúrdia de liberdade, que rejeita conselhos, recomendações, qualquer forma de liderança. Para ser franco, aquilo pareceu-me um jogo de palavras, mas é verdade que se lê bem.
De resto, gostei do blog, vou passar cá mais vezes.
Cumprimentos
Caro João Pedro.
ResponderEliminarNa texto que fiz tentei não passar a minha opinião, apenas divulgar esta invulgar obra de Pessoa. Pois não concordo com a visão defendida pelo Banqueiro, sendo demasiado materialista e egoísta, com valores diferentes dos que defendo.
No entanto, conhecendo o fenómeno do do Anarquismo as teses sobre a liberdade que o Banqueiro defende não são assim tão desajustadas. O Anarquismo sempre foi uma grande utopia, tão grande que nem sequer é considerada actualmente como uma opção política válida.
Apesar disso, na minha opinião, os argumentos presentes na obra são bastante originais, constituindo uma tese alternativa bem estruturada, concordando-se ou não com ela. Esta obra é digna de um filósofo, nem que seja pelo simples facto de nos fazer pensar.
Fernando Pessoa, o eterno jogador de palavras que nos fazem reflectir... Ah pois é, é um senhor que nos surpreende cada vez mais... não li a obra de que falas, mas gostaria mt de a ler, ou não fosse Pessoa ser o meu poeta favorito=)
ResponderEliminarSusana (Madeira)
...dada a actual conjetura na Europa e o rumo que a história leva, não tenho qualquer dúvida que, em breve, esta denominada "democracia", será substituida por uma espécie de "anarquia"...veja-se o que irá acontecer dia 30 de janeiro e em Fevereiro...
ResponderEliminarAntónio Toulouse de Lisboa
Sr MIcael Sousa...por favor responda aos meus mails...
ResponderEliminarAntónio Toulouse de Lisboa...
E se ler bem...lá está a forma estruturada e bem explicada de como aplicar a anarquia aos sistemas na minha obra...António Toulouse de Lisboa em nome de Pessoa
ResponderEliminarCaro António Toulouse. Não estou ver quais foram os email que enviou, de que se trata?
ResponderEliminarCumprimentos
Micael Sousa
Se puder volte a enviar
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