As alterações climáticas estão na ordem do dia. Apesar de ser quase consensual que a humanidade tem impacto nas alterações climáticas, há quem defenda que essas alterações são apenas resultado dos normais ciclos climáticos da Terra. No entanto, na pequena escala, é indiscutível que as actividades Humanas afectam de algum modo o equilíbrio Ambiental, e esse tipo de impactos não são exclusivos apenas das sociedades contemporâneas.
Durante toda a História da Humanidade, as várias comunidades adaptaram e modificaram o quanto podiam o ambiente envolvente, de acordo com as suas necessidades. Nem mesmo as sociedades menos industrializadas estiveram imunes de causar impactes ambientais negativos.
Os polinésios ficaram conhecidos por terem colonizado uma grande parte das ilhas do Pacífico, navegando em canoas e enveredando em viagens épicas. Fizeram tudo isso recorrendo a tecnologias rudimentares da idade da pedra, navegando milhares de quilómetros em mar aberto. Um feito notável e que ainda levemente compreendemos.
O dia dos Deuses - Gauguin |
Os Polinésios, durante o processo de povoamento do Pacífico, à medida que avançavam de ilha em ilha, foram levando à extinção grande parte das espécies autóctones dos locais colonizados, através do esgotamento dos recursos existentes e da substituição das espécies existentes por outras que transportavam consigo a bordo das suas canoas, aquando da colonização inicial.
Um étodo de analisar a sua expansão pelo Pacífico é estudar as extinções massivas que ocorreram ao longo das várias ilhas por eles povoadas.O caso mais dramático das alterações provocadas pela presença dos colonos Polinésios aconteceu na conhecida Ilha da Pascoa (Rapa Nuí). Entre 1000 e 1200 d.C. as árvores da ilha começaram a desaparecer. Isso, muito provavelmente, pela excessiva construção das conhecidas estátuas Moai, que para serem transportadas e erguidas precisavam de grandes quantidades de madeira (estruturas de suporte e troncos para as fazer movimentar e elevar).
Come o desaparecimento das árvores, os solos tornaram-se instáveis e deslizavam livremente para o mar. Deu-se uma grave fenómeno de erosão dos solos. Sem árvores as aves e muitas outras espécies desapareceram. Um verdadeiro desastre ambiental local. A ilha tornou-se desolada e incapaz de suster a população residente. Posto isto os habitantes da ilha começaram a destruir as estátuas, consideradas responsáveis pela sua desgraça. Em desespero chegaram mesmo a recorrer ao canibalismo.
Esperemos que a História não se repita a uma escala global. Sendo ou não inevitáveis as alterações climáticas, podemos sempre diminuir o nosso impacto ao mínimo no meio ambiente. Nada teremos a perder com isso, muito pelo contrário.
Referências bibliográficas:
Adam Hart-Davis, Grande Enciclopédia da História, Civilização Editora, 2009
Referências bibliográficas:
Adam Hart-Davis, Grande Enciclopédia da História, Civilização Editora, 2009
Bom artigo, sim senhor. daqueles que se começam a ler e quer-se ver até onde vai o tema tratado.
ResponderEliminarA informação é excelente. Quantos de nós nos esquecemos que por essas bandas do Pacífico se terão processado migrações por via marítima em condições incríveis.
E lá vem o velho e permanente enigma das estátuas da Ilha de Páscoa!
Boa tarde, caro Micael. Há que aproveitar o tempo, que parece que a temperatura vai descer drasticamente nos próximos dias. Depois venham dizer que estas alterações dos ritmos climáticos são cíclicos e que o Homem tem que fazer pela vidinha sem se preocupar com as árvores, a planificação urbanística, a reorganização da vida em sociedade!
Uma Nova Ordem Mundial, impõe-se. Para já!...
António Nunes
Muito obrigado pelo comentário.
ResponderEliminarNeste texto em particular tenho de admitir que recorri à tesoura e tive de lhe amputar umas partes para não ficar demasiado longo. O principal objecto era utilizar um exemplo bem documentado para demonstrar que nós, espécie Humana, temos um potencial e capacidade para alterarmos, mesmo que inconscientemente, o meio Ambiente.
Excelente post, e daria um excelente debate.
ResponderEliminarA espécie humana tem grandes capacidades para alterar o meio ambiente. Tem de partir de cada um de nós.
As actividades de exploração e o uso de recursos naturais da Terra, no que toca, a queima de combustíveis fósseis, a devastação de florestas, contribuem para a elevação da temperatura do planeta.
Muitos países deveriam alterar a base da sua produção energética, que são os emissores de gases que faz com que o fenômeno de efeito-estufa, seja a principal causa do aquecimento global.
Muitas pessoas, os descrentes da teoria do aquecimento global, defendem que estas mudanças climáticas sempre ocorreram e, que o ser humano deveria se preocupar em melhorar a sua capacidade de adaptação, mesmo para o possível resfriamento da Terra. Os factores são muitos, internos ou externos ao próprio planeta. Como todos sabemos, temos os ciclos da actividade solar, o aqueciemnto e resfriamento dos oceanos, os gases de efeito de estufa, a actividade geológica das placas tectônicas, os gases e partículas lançados na atmosfera pelos vulcões.
O homem também tem um impacto sobre o clima, mas somente em escala local, como exemplo: a falta de áreas de vegetação que diminui o poder reflector da superfície dessas regiões.
Por outro lado, temos os mares (temperatura dos oceanos), com ciclos longos de aquecimento e resfriamento.
Com obra humana: temos uma das maiores companhias petroquímicas privadas do mundo, investem milhões em estudos, para pagar a milhares de cientistas, para teorizar contra as mudanças climáticas.
Todos nós temos que estar atentos, mas também é fundamental, que os governos desenvolvam estudos para precaverem de um possível aquecimento global, mas o que está mesmo a acontecer na verdade é o seu resfriamento.
Vejamos, o vulcão do monte Tambora, na Indonésia, ocorreu uma das mais violentas erupções, provocando quedas de temperatura. Estes fenômenos ocorrem devido às partículas expelidas que ficam suspensas no ar por muito tempo, e então, funcionam como reflectores dos raios solares, que vai impedir que o calor entre na Terra.
Com isto tudo, façamos todos pelo planeta, o melhor para não destruirmos a fauna e a flora.
Abraços,
LUmeNA
Bom só tenho a retocar a questão da Ilha da Páscoa, na verdade a arqueologia e a antropologia já demonstraram que essa teoria está incorrecta tanto através de evidências físicas como sociais (das culturas em questão), ao que parece nunca recorreram ao canobalismo, nem mesmo habitaram de facto essa ilha. Ela era simbólica e cerimonial. Todavia o comentário é coerente e pertinente, eu chamaria talvez ao exemplo os povos Maias, que sofreram um processo de sobre-exploração dos seus recursos tal como descreveste no caso das Ilhas da Páscoa.
ResponderEliminarContinuação de um bom trabalho!
Edgar
Acho isso muito estranho, pois já vi estas mesmas conclusões em várias fontes. Nelas considera-se também que algumas dos ilhéus secundárias efectivamente eram cerimoniais e não habitáveis, mas a principal tudo leva a crer que era. Nesses Ilhéus foram até criados uns cultos em honra do "Homem-Pássaro" após o cataclismo ambiental, pensando-se que seriam uma espécie de culto em resposta ao desaparecimento das aves na ilha principal.
ResponderEliminarQuanto a ser uma ilha cerimonial parece-me pouco provável, ou até mesmo inverosímil, por razões técnicas. A ilha mais próxima está a mais de 2000 km de distância, algo muito significativo para quem viaja em canoas. Mas também por a construção de cada estátua Moai demorar meses a construir e necessitar de bastante mão-de-obra, quer para a construção quer para o transporte e assentamento nos locais escolhidos.
Independentemente de ter sido ou não habitada permanentemente, ou do canibalismo ter realmente acontecido, as alterações ambientais ocorridas na ilha verificaram-se em simultâneo com a presença de seres Humanos. Seguramente tiveram a sua quota-parte de responsabilidade nesses eventos.
pelas próprias mudanças e alterações ambientais registadas.
teria de haver população permanente pois estátuas como os Moai levaria meses a construir e a ilha terra habitada mais proxima está