Hoje trago aqui ao blogue um texto sobre economia – da pura e dura. Trago este texto pois faz uma análise simples, objectiva e concisa sobres as causas que causaram a situação económica que hoje vivemos em Portugal. O texto em causa intitula-se «PIIGS versus FUKD: dilemas do pensamento económico provinciano», da autoria de João Pinto e Castro e publicado no Le Monde Diplomatique de Março de 2010 na sua versão portuguesa.
A última ceia - Frida Kahlo |
Então o autor começa assim: “Ora o que se passou em Portugal era perfeitamente previsível à luz da elementar teoria económica: baixando rapidamente os juros, aumentou como consequência directa e imediata o endividamento dos particulares, das empresas e do Estado, ao mesmo tempo que baixava a poupança interna. Rareando a poupança interna, os bancos foram buscá-la ao exterior, daí resultando o rápido crescimento do endividamento externo (…) a entrada de em força das exportações chinesas na Europa, completada pelo livre acesso ao mercado dos países de leste. Mercê de uma economia frágil e pouco qualificada, a indústria portuguesa soçobrou. (…) a integração na zona euro privou Portugal de instrumentos de política económica que ajudassem a reagir às suas dificuldade.”
A nível internacional: “no do fatídico mês de Agosto de 2007. O pior parece ter sido evitado a partir do momento em que intervenções maciças dos governos permitiram deitar mão a sistemas bancários à beira do colapso e estimular a procura intervindo em sectores e empresas e lançando investimentos públicos de emergência. (…) Eis porém, que por todo o mundo se ergue um coro de protestos contra o rápido crescimento do endividamento dos Estados e um existência de medidas urgentes para controlar a situação”
Estas palavras do autor - que tive de extrair desmembrando o texto original pois é muito mais complexo e longo - penso serem capazes de sintetizar alguns dos acontecimentos que nos levaram ao actual panorama económico."
Estas palavras do autor - que tive de extrair desmembrando o texto original pois é muito mais complexo e longo - penso serem capazes de sintetizar alguns dos acontecimentos que nos levaram ao actual panorama económico."
Continuando com mais exemplos e com algumas perspectivas inovadoras: “(…) a dívida não é tudo. (…) o aumento do endividamento não é a causa dos problemas, mas um mero sintoma. (…) se o que conta é o nível da dívida em proporção do produto, uma quebra acentuada do produto pode contribuir para agravar ainda mais a situação ao contrariar os recursos quer permitiriam pagá-las.(…) se às persistentes quebras do consumo e do investimento privado sem fim à vista somarmos a da dívida pública, o mundo entra em colapso. (…) Estamos perante uma um impossibilidade lógica: se alguém exporta é porque alguém importa; ao nível global é, portanto, impossível todos crescerem por essa via.”
Agora as soluções do autor, embora possam ser pouco vagas, vale a pena referir para completar aqui a exposição do artigo: “A necessidade de reformar o sistema monetário europeu deve ser decididamente assumida e colocada em cima da mesa. (…) questionar os objectivos do BCE [Banco Central Europeu] que escandalosamente secundizaram o crescimento e o emprego, exigir maior transparência no seu funcionamento; e impor-lhes a obrigação de prestar contas. (…) [implementar uma] centralização orçamental deveria por sua vez ser acompanhada de um reforço dos poderes do Parlamento Europeu para assegurar o controlo democrático do processo político.”
Abraço amoroso - Frida Kahlo |
Concorde-se ou não com o autor, com partes ou com o todo, este excelente texto, cheio de exemplos e relações que tornam a história recente económica mais tangível, permite-nos reflectir sobre estes eventos e acontecimentos que hoje nos afectam. Nem que seja nas noticias que nos chegam todos os dias pelos Media.
Micael,
ResponderEliminarParabéns & Obrigado!
Fui uma boa descoberta: conteúdo útil e agradável, a acompanhar com interesse e prazer ;-)
Venenoso