domingo, 28 de novembro de 2010

Holodomor - o holocausto Ucraniano

Quando se fala dos grandes massacres e extermínios do século XX o holocausto Judeu, executado pelos Nazis, é quase sempre lugar-comum e tido como o evento mais negro e que centraliza mais atenções, quanto muito refere-se as recentes “limpezas étnicas” nos Balcãs. 
Dois velhos comendo - Goya
 Já os casos mais a Leste, aqueles actos desumanos de extermínio que foram levados a cabo pela União Soviética, a mando de Estaline durante o seu regime de terror, nem sempre são citados, até porque não temos muita informação precisa e objectiva à mão e porque os Media pouco falam disto - é usual referir-se apenas que Estaline matou e condenou muitos russos aos Gulags na Sibéria. Mas hoje começa-se a investigar cada vez mais a fundo as obras de assassinato em grande escala praticadas ao longo do século XX pelo regime Soviético. Sabe-se agora que Estaline foi responsável por um dos maiores extermínios e assassinatos em larga escala da História da Humanidade. Os seus alvos não era étnicos como as vítimas do regime Nazi, as suas vítimas eram inimigos políticos – reais ou inventados. Um dos maiores extermínios que levou a cabo foi na Ucrânia. Em 1932-33 Estaline transformou a Ucrânia, onde na altura começavam a surgir algumas tensões revoltas para com o jugo Soviético, num campo de extermínio à escala de um país. Esse evento ficou conhecido como Holodomor ou a Grande Fome da Ucrânia. Estaline conseguiu exterminar, em apenas um ano e sem grandes recursos - meios e logística, mais pessoas do que os Nazis e de uma maneira ainda mais desumana: através da lentidão da fome. Nesse inverno (32-33), as reservas de alimento por toda a Ucrânia – que era considerada durante todo regime soviético o “Celeiro da URSS”-, especialmente os cereais, foram confiscados, usados para alimentar outras zonas da URSS e o remanescente exportado. Assim, Estaline deixou a Ucrânia de rastos – morreram mais de 7 milhões de ucranianos no ano de 1933, quando o habitual seria algo por volta dos 500 mil –, subjugou e esmagou a oposição política e utilizou aquilo que deveria alimentar os ucranianos para seu próprio proveito político e económico. Tudo isto aconteceu sem que as democracias do Ocidente fizessem ou tivessem qualquer vontade de impedir o genocídio ucraniano.
Estas informações foram obtidas através do documentário “A união Soviética a descoberto”, da autoria de Edvins Snore, e exibido recentemente no Canal de História. Este documentário é riquíssimos em informações, de tal modo que ainda farei mais um texto sobre ele, mas é também rico em imagens de uma violência atroz e que não recomendo aos mais susceptíveis.
São casos como este que nos levam a constatar que, o modo como se escreve a história – a tenção que se dá em mediatizar alguns eventos e esconder outros -, é responsável por um quase reinventar do que se passou, sendo que nem sempre aquilo que se supões ou considera como um dado adquirido o seja.
A figura de Estaline, tal como a de outras personalidades que são no mínimo discutíveis quanto aos actos que cometeram, ainda se reveste, em alguns meios e para algumas pessoas (que dizer das imagens da conferencia de Ialta...), de uma máscara que lhe esconde e oculta as monstruosidades inacreditáveis que cometeu – actos que lhe valeriam provavelmente o prémio do maior monstro do século XX, mas infelizmente há mais candidatos para esse odioso lugar.

3 comentários:

  1. Bom dia Micael

    Um post muito interessante que, em nome do Clube de História de Valpaços,não resisto à tentação de o "surripiar", como vem sendo habitual. As razões expu-las numa recente mensagem que lhe enviei por mail, de que ainda não obtivemos qualquer sinal de recepção.

    Continuação de Bom Trabalho!

    Abraço

    ResponderEliminar
  2. Bem, esqueci-me de referir que na partilha deste post decidimos tomar a liberdad de adoptar uma imagem mais elementar, mais por motivos de natureza pedagógica.

    Mais uma vez,

    Os meus pessoais Cumprimentos.

    ResponderEliminar
  3. Bom dia! Estava mesmo agora a fazer a resposta. Não foi no momento pois queria ver com atenção todos os conteúdos do e-mail.
    Como sempre, não há qualquer problema em usar o texto, pois sei que as fontes serão citadas. A grande vantagem da Internet é essa: a partilha de conhecimentos e saber. É sempre uma honra, para um mero curioso como eu, poder contribuir para o Clube de História de Valpaços. Aliás, desde que conheci o blogue sou visitante assíduo.

    Continuem com o excelente trabalho.
    Abraço

    ResponderEliminar

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