sábado, 20 de março de 2010

O Neocolonialismo agrícola

Para quem pensa que o colonialismo é coisa do passado, que findoud o século XX, mantendo-se apenas resquícios de uma soberania meramente protocolar (Commonwealth, por exemplo), que se prepare para ser surpreendido. É sabido que, apesar das potências colónias terem abandonado o governo efectivo das suas colónias, os processos  de  globalização e o modelo capitalista manteclve as ligações comercias, dívidas externas e a presença de empresas a operar e explorar os recursos das antigas colónias em proveitos das antigas metrópoles, embora de uma forma supostamente mais benéfica para os países que nasceram das antigas colónias.
Guardando porcos - Gauguin
No entanto, algo de novo começa a ganhar forma: uma espécie de neocolonialismo orientado para as reservas de terrenos férteis. Muitos são os países africanos que, devido à sua falta de meios, infra-estruturas organização interna e cultural para o aproveitamento, em benefício próprio, dos seus recursos naturais, enveredam pela venda e pela cedência dos seus melhores solos agrícolas a agricultores e empresas estrangeiras. Isto, mais que tudo, prejudica as economias desses mesmos países africanos e torna-os, inevitavelmente, dependentes das potências estrangeiras, tal como permite ao países compradores e investidores suprir necessidades actuais e as futuras, inerentes ao seu crescimento (demográfico e económico).
Podemos dividir os países investidores no setor agrícola em dois tipos distintos, tendo em conta a sua situação actual e a futura: as chamadas potências emergentes apresentando elevadas taxas de crescimento demográfico (Índia, China, etc.), algo que não poderá ser sustentável pois num futuro próximo tenderão a exaurir os seus próprios recursos; outros os países desenvolvidos, que actualmente estão já em défice de produção alimentar e completamente dependentes da produção externa para poderem crescer (Japão, Coreia do Sul, etc.).
Continuando este estado de coisas, no futuro, as potências compradoras e arrendatárias poderão continuar a crescer, economicamente e demograficamente à custa de recursos alheios (algo que a Europa já fez), desequilibrando e controlando grande parte dos recursos alimentares mundiais.

A meu ver, esses países africanos que têm vindo a ceder grande parte dos seus terrenos agrícolas em troca de ajudas externas, na forma de fundos, infra-estruturas e tecnologia, deveriam poder ter opção de escolha. Deviam ser devidamente informados das consequências destes acordos (embora acredito estarem conscientes, pelo menos os seus governantes) e ajudados pelas actuais Nações desenvolvidas, de modo a que possam, por si só, gerir convenientemente os seus recursos, evitando que apenas um punhado de países detenham o monopólio dos recursos alimentares mundiais. Pode estar em causa a estabilidade internacional.

Referências:

Segundo o artigo “A grande corrida aos solos agrícolas”, publicado em Dezembro de 2009 na “Courrier Internacional” (texto original de: Fernando Peinado Alcaraz, do El País), "o Congo cedeu cerca de 1/3 do seu território para utilização por parte de agricultores estrangeiros".
Também na edição portuguesa do "Le monde diplomatique" de Janeiro de 2010, segundo o texto “Corrida às terras africanas cultiváveis” da autoria de Joan Baxter, se refere a tendência para a procura de terras férteis agrícolas por parte das grandes potencias, algo que aconteceu no passado quando o petróleo se assumiu com um dos recursos mais importantes da economia mundial.

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