A Primeira Guerra Mundial trouxe muitas novidades, das mais horríveis militarmente até então. Morreram milhões de soldados e civis. Os efeitos foram muito além disso, geradores de crises mundiais e de posteriores conflitos ainda mais catastróficos.
Um dos aspetos caricatos, no meio de tantos episódios terríveis, passou-se ao nível familiar. Guilherme II, Kaiser alemão, e Jorge V, rei de Inglaterra, eram primos direitos. A rainha vitória, que dominou a coroa inglesa durante grande parte do século XIX, casou os seus filhos com as principais casas reais europeias, sendo a mãe de Guilherme irmã do pai de Jorge, e ambos netos da famosa rainha inglesa. Mas a grande diferença de idade entre ambos não terá ajudado ao relacionamento entre primos, pois havia o hábito do convívio familiar regular, incluindo também férias e festividades, apesar de serem famílias que representavam nações distintas e das comunicações serem difíceis. Consta, no entnto, que Guilherme não apreciava particularmente a sua família não alemã. Já Nicolau II, Czar da Rússia, era também primo direito de Jorge V de Inglaterra, pois suas mães eram irmãs. Estes primos, provavelmente pela proximidade de idade, privaram bastante. Consta que Nicolau tinha um inglês e era muito conhecedor da cultura britânica.
Jorge V e Nicolau II - 1913 em Berlin
Fonte: https://rarehistoricalphotos.com/king-george-tsar-nicholas-1913/
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Estes relacionamentos familiares não eram fruto do acaso, aconteciam devido ao sistema tradicional de alianças na Europa. Mas, em 1914, estas relações familiares não foram suficientes para evitar a guerra, especialmente as fortes ligações as casas reais Inglesas e Alemãs, lideradas na altura por Jorge e Guilherme, respetivamente. Consta que até poderão ter incentivado o conflito. Guilherme teria desde a infância um mau relacionamento com a sua mãe inglesa. Jorge e Nicolau, que passavam férias em família na Dinamarca com o avó Cristiano IX, eram influenciados por um odio dos Dinamarqueses aos seus vizinhos Alemães pela anexação de Schleswig-Holstein em 1868. Estes são apenas alguns exemplos do cruzamento da vida familiar com a geopolítica da época.
A Primeira Guerra Mundial foi a primeira Guerra moderna por várias razões. Pelas estratégias, táticas, armas, logística e escala do conflito, mas também pelo fim das tradicionais relações diplomáticas internacionais associadas aos conflitos.
Referências bibliográficas de apoio:
Carter, M. (2009). The three emperors: three cousins, three empires and the road to World War One. Penguin UK.
Keegan, J. (2014). The first world war. Random House.
Willmott, H. P., & Willmott, H. P. (2003). World War I. New York: Dorling Kindersley.
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