Na cama - Ron Mueck |
Lipovertsky, como poucos filósofos contemporâneos, fala em linguagem do nosso tempo para o nosso tempo. Claro que não resiste à caracterização e utilização de termos sociológicos e filosóficos. Usa o termo "Hipermodernismo" para distinguir estes nossos tempos do "Pós-Modernismo". Os tempos "hipermodernos" não são um "pós-pós-modernismo", mas sim um "Pós-modernismo" exacerbado, exagerado e potenciado.
Então, de um modo muito simples, o hipermodernismo é próprio das sociedades democráticas e liberalizadas da mundialização. São as sociedades em rede, de complexas relações e interrelações mas onde o individualismo se reforça. É a era do "híper" tudo. Da velocidade, do imediato e do fugazmente intenso. Dá-se o primado do individualismo e do consumismo.
No entanto, nem tudo é, supostamente, negativo. Os indivíduos híper reforçados pela sua hiperliberdade são guiados por um novo modelo hedonista. Procuram os prazeres e a felicidade. Nada disso significa o fim dos projetos coletivos, mas a adesão a esses projetos só ocorre em liberdade, sem os ditos indivíduos os valorizarem e considerarem benéficos. O hedonismo liga-se à solidariedade e ao prazer do envolvimento nas causas nobres, geradoras de felicidade.
Mas estas liberdade e individualismo também geram frustração e deceção, tal como Lipovetsky refere na sua obras "Sociedade da Deceção". A liberdade tem estes paradoxos e os tempos "Hipermodernos" são complexos e vertiginosos.
Referências bibliográficas:
- Lipovetsky, Gilles. "Os tempos hipermodernos". Lisboa: Edições 70, 2011.
- Lipovestky, Gilles. "A sociedade da deceção". Lisboa: Edições 70, 2012.
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