terça-feira, 27 de novembro de 2012

Rembrant e o Engano Anatómico


Rembrandt, um dos principais mestres da pintura do século XVII, criou uma série de obras-primas, marcando um género próprio. Apesar da sua pintura, de um modo geral, se inserir no género barroco, de dominar o típico chiarrusco da época - de suposta inspiração no mestre italiano Caravaggio, característico pelos ambientes escuros de iluminação dramaticamente pontual. Apesar de ser marcadamente sóbrio e coerente com a influência Calvinista das Províncias Unidas onde vivia e que se emancipavam da Imperial Espanha, o supostamente sóbrio Rembrandt, opondo-se aos adornos e elementos faustosos do pintor Rubens que não muito longe servia pela arte os interesses do poder aristocrático e católico, demonstrou ser um artista criativo e até talvez irreverente
Lição de Anatomia - Rembrandt
Uma das curiosidades do trabalho de Rembrandt é tão visível  num dos seus quadros que facilmente passa despercebida.  Na obra "A Lição de Anatomia", o mestre holandês retrata uma cena típica do seu tempo, época em que desenvolveu a génese daquilo que seria o "espírito cientifico . No entanto, retratou anatomicamente mal o corpo do autopsiado! A mão direita do corpo é  retratada mais como uma "mão esquerda" de um braço demasiado comprido. Como explicar isto? Seguramente não foi engano. Estará aqui o início do quebrar de regras que séculos mais tarde caracterizaria a história da pintura? Será um ato de crítica disfarçado? Será Rembrandt percursor do modernismo, surrealismo, ou outro qualquer "ismo" onde a criatividade e a capacidade de espantar tenham lugar. No fundo, talvez fosse só uma artista a tentar libertar-se das amarras do formalismo e das regras para dar lugar à criatividade, mesmo que fosse ele próprio a limitar-se - como acontece em tantos de nós.
Seja como for, a "Lição de Anatomia" é, no mínimo, paradoxal, podendo ser muito mais coisas, ou não fosse uma peça de arte, e como tal dependesse – como dizia Hegel - do público para quem foi criada, das suas perceções e sensações que nele desperta.

Referências bibliográficas

  • Farthing, Stephen. "1001 Paitings you need to see before you die". Octopus, 2011.
  • Hegel. "Estética". Guimarães Editores, 1993.
  • Schwanitz, Dietrich. "Cultura - Tudo o que é preciso saber". Dom Quixote, 2012


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