quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O que é a Bolsa, e será que precisamos dela?

Numa altura que todos já andamos de bolsa vazia à conta das socialmente obrigatórias prendas de Natal, pareceu-me adequado abordar aqui o tema da Bolsa - a de valores, aquela que nos entra em casa pelos noticiários sem percebermos muito bem o que é. Na verdade, trago aqui o tema da Bolsa simplesmente porque descobri um texto pertinente sobre o assunto, da autoria do economista Frédéric Lordon e presente na edição portuguesa de Fevereiro de 2010 do Le Mode Diplomatique.
Governadores da guilda dos mercadores de vinho - Ferdinand Bol

Nesse texto, intitulado de «E se encerrássemos a Bolsa?», o autor critica as instituições Bolsistas e as operações que nela se fazem. Refere que essas actividades são de importância menor pois a maioria do emprego real e das empresas não estão cotadas em Bolsa e nem sequer têm relações directas com elas - o caso das PMEs portuguesas. Lordon revela algum dos seu radicalismo - mesmo que seja apenas estilística do próprio discurso - ao defender que poderíamos bem passar sem as Bolsas, especialmente porque hoje elas não servem o seu propósito fundamental e funcional: financiar as empresas e obter dividendos sustentáveis para os accionistas.
Mas o que me cativou especialmente neste texto é a simplicidade como se explica o que é a Bolsa e os seus objectivos. Vejam-se então as palavras do próprio Lordon:
"Certos agentes (as pessoas com poupanças) dispõem de recursos financeiros em excesso que procuram aplicações, ao mesmo tempo que outros  agentes (as empresas) procuram capitais; a Bolsa seria a forma institucional idónea que poria em contacto toda essa gente, efectivando o encontro mutuamente vantajoso das capacidades de financiamento de uns com as necessidades dos outros."
No entanto, Lordon, chama a atenção para as realidades e práticas nos Mercados Bolsistas, algo que anda longe do crescimentos e prosperidade económica sustentável que se pretendia - na prática, muitas vezes,  são as empresas que financiam a Bolsa e não o contrário. Lordon diz:
"Doravante, o que sai das empresas para os investidores [que exigem actividades de rendibilidade inalcançável] é superior ao movimentado em sentido inverso (...). Os capitais reunidos pelas empresas tornam-se inferiores aos volumes de cash sugados pelos accionistas e a contribuição líquida dos mercados de acções para o financiamento da economia tornou-se negativa."
Mas ainda falta considerar aqui o efeito da especulação, que,  segundo Lordon se relacionam com a sua anterior afirmação do seguinte modo: "Não havendo novas emissões de acções para absorver os referidos [anteriormente] volumes financeiros , estes limitam-se a engrossar a actividade especulativa".
As palavras do autor adensam-se ainda mais no tema das "Bolsas e Mercados Financeiros", mas o que salientava ainda do texto é a referência que se faz  ao evidente sentimento de estranheza e intangibilidade que estes temas provocam na opinião pública.

Nós que não somos economistas e que, quase todos os dias, somos bombardeados com as "coisas dos Mercados e das Bolsas", provavelmente, estaríamos bem melhor - pura especulação psicológica e social - se não nos chegassem todos os dias  informações, aparentemente negativas, que dificilmente podemos compreender - pois não podemos ser todos economistas. 
Não digo encerrar  mas poderíamos exigir o resfriar do alarmismo económico e bolsista que nos chega através dos Media todos os dias aos nossos lares.

3 comentários:

  1. É claro que precisamos da bolsa, mas nunca da forma como nos chega pela Media. Se nos fosse dirigida suavemente, poderíamos conviver de forma mais tranquila o nosso dia-a-dia, com outra estabilidade, tanto socialmente como psicologicamente.

    Interessante texto de informação.

    Um Bom Ano de 2011.

    Abraços,
    Lumena Oliveira

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  2. Eu,um simples operário emigrante na Holanda desde 1964 e já velhote(87anos>),não entendo nada desta «jogatana» da Bolsa de Valores,mas pergunto porque razão está ali representada a estátua de Mercúrio o Deus do Comércio e dos Ladrões??!!

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  3. Muito bem observado caro José Gonçalves Cravinho

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