domingo, 13 de junho de 2010

Algumas curiosidades sobre a História dos automóveis

Terminada a investigação sobre “A poluição atmosférica associada aos veículos automóveis”, no âmbito do projecto T.a.T. Project - "Students today, citizens tomorrow "(projecto da União Europeia), posso dedicar um pouco mais de tempo aqui ao blogue. Nesse trabalho tive acesso e descobri, enquanto investigava sobre a História do automóvel, umas quantas curiosidades sobres esses primeiros veículos e o seu impacto na sociedade de então. Como a secção de introdução Histórica do automóvel era demasiado longo deixo aqui apenas aqueles eventos que me parecem mais singulares e caricatos, entre eles:
1769 – Em Paris, Nicolas Joseph Cugnot, um engenheiro militar, constrói um veículo de propulsão a vapor – o primeiro de que há registo. O Governo Francês pede a Cugnot que construa um veículo maior, capaz de mover grandes quantidades de artilharia. Diz-se que o primeiro acidente rodoviário do mundo aconteceu quando Cougnot chocou contra o muro do quartel.
1803 – Trevithick constrói outro veículo a motor que faz várias viagens com sucesso pelas ruas de Londres. O veículo barulhento, fumacento e desastrado assusta os cavalos e causa alguma hostilidade ao público. O motor era a vapor com 3 cv de Potência e com11,700 cm3. Atingia velocidades de 13 Km/h.
Carruagem a vapor em Londres 1803 - Terence Cuneo
 1865 – O governo britânico introduz o “Locomotives on Highways Act” mais conhecido como “Red Flag Act”. Esta regulamentação exigia que todos os veículos rodoviários tivessem três condutores, fossem limitados a 4 milhas por hora em estrada aberta e a 2 milhas por hora em cidades.
1899 - Camille Jenátzy bate o recorde de velocidade com o seu automóvel eléctrico, o primeiro capaz de se deslocar a mais de 100 km/h.
1908 – Henry Ford constrói i primeiro modelo T, com uma produção anual de 8000 veículos. O modelo Ford T e a consequente inovação que iria mudar a história da produção automóvel, através da adopção da linha de montagens e da organização do trabalho segundo o Taylorismo proveniente do Engenheiro Friederick Taylor.
1914 – O avanço alemão para Paris, no inicio da Primeira Guerra Mundial é detido pela utilização de táxis automóveis que fazem os transporte das tropas Francesas para a linha de combate. Henry Ford fabricava um carro a cada 98 minutos e oferecia salários muito acima da média para a época aos seus funcionários da linha de montagem, uns incríveis 5 dólares.
1934 – Na Grã-Bretanha o limite de velocidade de 30 milhas por hora é instituído em zonas de aglomerados urbanos. São introduzidas as passadeiras pintadas do tipo “zebra”, iluminadas por semáforo intermitente de luz laranja. É proposta ao governo Alemão o desenvolvimento e construção de um carro para as massas, o Volkswagen. A construção de um sistema nacional de rodovias é considerada por Adolf Hitler como uma boa solução para diminuir o número de desempregados.
1948 – A Citroen introduz o modelo 2CV, desenhado e construído para acomodar duas pessoas utilizando chapéus e para conduzir através de um campo lavrado sem partir cargas de ovos.
1956 – A Crise petrolífera na Europa devido a problemas políticos no canal do Suez leva à aposta em carros mais económicos e de menores dimensões na Europa. A Ford introduz o cinto de segurança mas os consumidores não se mostram interessados.
1957 – A Chrysler introduz o primeiro gravador e leitor áudio num veículo. A Cadillac, inspirada pela conquista espacial e corrida ao espaço, desenvolve e constrói veículo com “linhas espaciais” do tipo foguete.
Muitos mais eventos e ocorrências dignas de registo haveria por citar, mas através destas é possível compreender como inicialmente os veículos automóveis se estranharam e se foram entranhando até fazerem parte do nosso mundo contemporâneo. De inicio os seus impactes causaram repulsa mas devido às grandes vantagens que proporcionaram, quer para o cidadão comum, quer para industriais e políticos, esses mesmos impactes foram sendo relegados para segundo plano e até esquecidos. Hoje que sentimos na pele, aliás, nos pulmões, e na falta de espaço urbano, os impactes causados pelo uso massivo de “carros” começamos a questionar a sustentabilidade dos nossos actuais modelos de transportes, especialmente os privados que advém do uso insustentável do automóvel. Pode ser paradoxal, mas a liberdade que o automóvel ofereceu no passado às Humanidade no inicio do século XX contrasta com o cárcere que vivem aqueles que passam horas intermináveis em filas de trânsito e todos nós com a poluição automóvel a que somos sujeitos nas nossas cidades

Fonte (principal): www.motoring-history.com

13 comentários:

  1. Excelente texto.
    Parabéns pela investigação minuciosa sobre a História dos automóveis.

    Consegue-se perceber nitidamente a evolução da indústria automóvel. Caricato, foi mesmo o primeiro acidente rodoviário do mundo, deixou-nos uma marca histórica.
    Nenhuma mercadoria é tão problemática do capitalismo como o automóvel. Oferece-nos apenas uma sensação ilusória de liberdade e poder.
    A depender da capacidade monetária, podemos escolher a potência do motor, ou seja, quanto mais potência do motor, mais polui o ambiente, o planeta.
    Como reduzir o impacto sobre a natureza?
    Qual o sistema de transporte com mais capacidade de assegurar mobilidade, ar limpo e espaços livres nas nossas cidades?

    Lumena

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  2. David Vilaçajunho 13, 2010

    Quero dar-lhe os parabéns pela iniciativa da "Busca pela sabedoria", interessante em todos os aspectos. Este tópico em concreto coincide com a minha paixão com o mundo automóvel e que me tem levado a ler e ver tudo quanto se refere a esse universo. Espero ainda assim apreender muito. Bem haja pela ideia.

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  3. Aquele esquema de jogo de roldanas era aquela máquina!

    Sem dúvida que chegámos a um beco, em fila indiana de automóveis, sem hipótese de dar meia-volta e sem termos a certeza que o beco tem saída ou não!

    Que será de nós? Lá teremos que nos desenrascar, não é, Micael?

    António

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  4. Obrigado aos autores de todos estes comentários. Obrigado Lumena, Ricardo e Nunes. Assim dá ainda mais vontade de continuar. O trabalho em causa foi sobre os efeitos da poluição causada devido aos veículos automóveis e infra-estruturas, a parte histórica foi somente uma introdução de um trabalho com mais de 100 folhas e de mais de 90 referências bibliográficas. Estas foram apenas algumas curiosidades. Não coloquei mais informação pois tornaria este texto demasiado longo. Mas pode ser que ainda utilize mais alguma curiosidade desse trabalho para criar aqui mais algum texto, terei de analisar o texto nesse sentido.

    Quanto às questões, modo de desenrascar há sempre, a solução são os transportes públicos e os modos suaves (bicicleta e a pé).

    Porque nunca poderemos abdicar totalmente dos veículos privados, estes, preferencialmente, deveriam ser eléctricos, sem bem que não isentos de poluição, pois a maioria da energia eléctrica e produzida de fontes não limpas. No futuro também a célula de combustível (fuel-cell) será uma boa alternativa, que não é mais que um veículo eléctrico que obtém a sua energia através de reacções químicas.

    Para já o importante é ir evitando o uso desnecessários dos veículos individuais, tentar partilhar veículos em sistemas de boleias (car-pulling), utilizar transportes públicos, fazer as pequenas distâncias a pé e de bicicleta, e ir renovando a frota de veículos por outros menos poluentes.
    No caso das pequenas cidades como Leiria será insustentável grandes sistemas de transporte públicos como metros e comboios, sendo que a aposta deverá ser nos transportes púbicos de menores dimensões (excelente exemplo o mobilis) devidamente conjugados com os veículos privados e modos suaves (bicicleta e a pé).

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  5. Bom Bom, era taxar severamente os transportes privados que transportam menos de duas pessoas! Isso sim! Resolvia muitos problemas!

    Mas excelente seria mesmo que tecnologias como a da "Segway" estivesse mais acessível e com condições de ser uma alternativa viável!

    Extraordinário (a pegar para o utópico), era termos uns caminhos-de-ferro viáveis, flexíveis e modernos....

    Edgar B.

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  6. Tens toda a razão Edgar. Isso já é feito em muitos outros países europeus. Portagens urbanas e taxação por ocupantes numa medida de incentivo ao car-pulling.

    Quanto à ferrovia, bem, a ver os protestos contra os investimentos no comboio de alta velocidade, que é o comboio do futuro. Incompreensível mesmo que cerca de 80% do investimento nem sequer é do Estado. Ao não fazer estas novas ferrovias é mais um retrocesso. Só mais uma nota. Há 100 anos que não se faz 1 km novo de ferrovia em Portugal, claro sinal da nossa falta de visão e planeamento para um sistema de transportes sustentável...

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  7. David Vilaçajunho 14, 2010

    Eu penso que o futuro do automovel passa, no curto prazo, por aumentar a eficiencia dos motores térmicos e fomentar o uso de automóveis pequenos sempre que as deslocações não impliquem levar a familia, no médio prazo, massificar os hibridos e apostar noutras alternativas (ar comprimido não pode ser esquecido - a MDI é um exemplo) e no longo prazo, as pilhas de combustivel. Nunca houve uma politica de transportes que fomentasse a instalação de zonas fabris junto a terminais de caminho de ferro e isso só fez com que as pessoas, na maioria dos casos, tenham que usar o carro para se deslocar para o trabalho. Garanto-vos que não há nada mais cómodo do que usar o comboio para chegar a algum sítio. É apenas uma questão de planeamento mas que traz consequências graves para o ambiente.

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  8. Admito que na minha investigação não encontrei qualquer referência à utilização de ar-comprimido, nem a curto nem a longo prazo como tecnologia viável capaz de fazer deslocar veículos automóveis, mas não digo que não exista, mas pelo menos não é apontada pela comunidade cientifica que estuda estes assuntos como uma das grandes alternativas. O futuro passará por um conjunto diversificado de opções, híbridos, eléctricos, combustão interna, fuel-cell, biomassa, etc. Isto já para não falar do Gás natural, dos biocombustíveis e dos motores de combustão interna a hidrogénio. Tantas opções, cada uma com as suas vantagens e desvantagens. Mas fiquei curioso com a opção que refere do ar-comprimido.
    Para além dos típicos veículos muito semelhantes aos que hoje conhecemos até se especula a utilização de veículos eléctrico com carregamento em andamento através da própria rodovia. Existe também a possibilidade de recorrer a um sistema chamado V2G, sistema que consiste em acumular energia eléctrica durante a noite nos veículos eléctricos e que depois vender durante o dia, quando as necessidades energéticas são maiores, à rede pública a energia não necessária para nesse dia fazer deslocar o veículo em causa.
    David, quando refere as paragens próximas a zonas industriais está a referir exemplos de planeamento já utilizados em Inglaterra no século XIX mas que pouco por cá se viram. Já não podia tantos. Paragens de autocarros e veiculos comodos, eficiêntes e rápidos seriam já uma excelente ideia. Nunca esquecer que os autocarros dependem muito das condições de tráfego, havendo engarrafamentos não há vias BUS que resolvam o problema.

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  9. Quanto ao ar comprimido, justifica fazer-se uma pesquisa para esclarecer algumas dúvidas. O engenheiro mecânico Guy Negre que fundou a MDI desenvolveu motores a ar comprimido (que podem ser montados em módulos) e merece que o seu trabalho seja divulgado. Ele lutou contra o poder estabelecido e teve dificuldades em afirmar o seu conceito que não se fica pelos automóveis mas passa pelos transportes publicos e tambem pelos geradores.

    David

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  10. Obrigado pela partilha David. Mas então acho estranho, aquando da minha investigação, até porque não a fiz sozinho, faziam parte da equipa vários técnicos ligado a diversas áreas tecnológicas, não termos encontrado referências a essa possibilidade para aplicação em veículos automóveis. Será que é mesmo viável?

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  11. Aqui tem o link para ver: http://www.mdi.lu/english/
    Guy Negre não é qualquer um. A primeira vez que ouvi falar nele foi na década de 90 quando inventou a arvore de cames rotativa que evitava o uso de peças móveis e aumentava a gama de rotações dos motores. Soube-se depois que ele vendera os direitos sobre o invento a uma marca de automoveis e estranhamente a Renault começou a ganhar todos os grandes prémios da época com o motor V10. O conceito de motor a ar comprimido é viável para carros citadinos mas não só; ele está a desenvolver um motor hibrido (ar comprimido+diesel/gasolina) capaz de ombrear com qualquer outro. A Tata (gigante indiano) comprou licenças de produção de carros da MDI por vários milhões de euros. Não tarda nada vamos ver esses carros a circular na India mas a Europa fica-se pelas boas intenções e não se aproveitam as boas ideias para se reduzir o mal que fazemos ao ambiente e a nós próprios. Deveria haver algum grupo de pressão para obrigar os politicos a darem oportunidades aos pequenos construtores, mesmo estando no caminho de quem realmente tem o poder; os grandes grupos.

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  12. Eu,um simples operário emigrante na Holanda desde 1964 e já velhote (88anos),digo que nunca tive carro
    e embora ache que o automóvel é um eficiente meio de transporte e para muita gente um indispensável meio de «ganhar o pão»,eu todavia direi que o automóvel
    foi e ainda é o símbolo do individualismo burguês.

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  13. Nem mais. O automóvel associa-se ao poder de comprar e a um modo de demonstrar liberdade e afirmação, ou não fosse uma máquina potente de criar mobilidade, por vezes até social.

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