O Homo Sapiens Sapiens não é apenas duplamente sábio ou sábio ao quadrado. Indo para além da abordagem meramente antropológica ou paleontológica, este tipo de hominídeo distingue-se dos demais porque sabe que sabe. Do ponto de vista da inteligência bruta é altamente relevante, mas do ponto de vista filosófico é provavelmente mais rico ainda. Atendendo a algumas das mais célebres frases filosóficas, ainda que possam ser inventadas, veja-se o caso de Sócrates do seu célebre “Só sei que nada sei” ou do “Penso, logo existo” do igualmente famoso Descartes. Estamos a falar obviamente de filósofos, mas acima de tudo de espécimes homo sapiens sapiens, que ao afirmarem isto denotam consciência do que sabem, do que não sabem e de que a sua existência depende do facto de saber pensar. Até aqui nada de muito novo.
Roy Lichtenstein - Thinking of him |
Numa época acelerada em que existe cada vez menos tempo para pensar, estaremos a perder a sapiência da nossa subespécie? Precisamos de ter mais tempo para manter a nossa humanidade e identidade de espécie? A tecnologia estará a tornar-nos conscientes da nossa capacidade de pensar? Provavelmente ainda estamos numa fase de adaptação às novas realidades. Dizer que não pensamos tanto como antigamente pode denotar um elitismo enganador ou uma enorme ignorância, uma vez que ir buscar citações de filósofos como justificação, que são uma ínfima parte dos seres pensantes, não é propriamente uma amostra intelectualmente válida.
Assim, seja de que forma for, a nossa humanidade depende, acima de tudo, da capacidade de pensar. Seja de que forma for ou em que modos, pois somos também: homo faber, a espécie que faz; homo ingeniosus, a espécie que cria; homo ludens, a espécie que joga para além do mero brincar. Tudo isto implica pensar e saber que pensamos. Por isso, quando deixarmos de pensar e refletir sobre isso deixaremos de ser este tio de homo e passaríamos a ser outra coisa qualquer.
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