Começou a ser exibido no canal Odisseia uma nova serie de documentários dedicados a algumas das grandes mentiras da história. No primeiro episódio, do documentário "As maiores mentiras da história" de Luc David, aborda-se o tema do afundamento do barco transatlântico “Lusitânia”, que foi torpedeado e afundado em 1915 por um submarino U-Boat alemão – embora para os alemães se devesse designar U-Boot.
Desenho artístico representativo do afundamento do Lusitânia - autor desconhecido
Fonte: https://www.express.co.uk/news/world-war-1/566316/RMS-Lusitania-single-torpedo-sinking
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Este poderá ter sido um exemplo de fabricação de noticias falsas na imprensa por ação do governo britânico. Em 1915 o Império Britânico estava em guerra com o Império Alemão. Decorria a primeira Guerra Mundial. Os alemães usavam a sua novíssima, os U-Boats, submarinos que permitiam, pela primeira vez, fazerem intervenções de longa distância. A Royal Navy - a marinha inglesa - não tinha qualquer arma que pudesse combater eficazmente esta ameaça alemã. Por isso os U-Boat faziam com alguma eficácia constantes afundamentos de barcos, incluindo barcos de mercadorias que abasteciam as ilhas britânicas. Embora nessa época os britânicos conseguissem produzir mais barcos do que os que eram afundados pelos alemães.
Em 1915 o “Lusitânia”, o maior e mais rápido transatlântico da época foi alvo de um ataque. Os relatos oficiais britânicos dão conta de ter sido alvo de dois torpedos. No entanto os registos alemães referem apenas um. Tudo indica, fazendo fé no material que o documentário expõe, que apenas terá sido efetivamente disparado um torpedo, mas que uma segunda explosão se tenha devido a uma reação em cadeia, uma vez que o navio transportava ocultamente munições de artilharia e outros equipamentos militares a bordo, carregados em Nova York. De notar que os abastecimentos que chegavam de barco desde os E.U.A. eram essenciais para o esforço de guerra britânico. Era importante que o governo britânico terá ocultasse este transporte, nunca tendo sido assumido. O incidente foi utilizado pela propaganda britânica para fomentar o ódio aos alemães, e para tentar trazer os E.U.A. para a guerra, uma vez que morreram mais de uma centena de norte americanos nesse afundamento. Os britânicos tentaram passar a mensagem de que os alemães eram maléficos, desumanos e que não poupavam sequer os civis inocentes. Se fosse descoberto que o navio transportava uma carga militar oculta o próprio governo inglês sofreria consequências políticas.
Consta que o barco se terá afundado em apenas alguns minutos, algo pouco provável para ser um barco daquela envergadura, com mais de 200 metros de comprimento, sob o efeito de dois torpedos apenas. Há que relembrar que a tecnologia de guerra submarina era bastante arcaica, e que os torpedos nem sempre eram eficazes. Uma explosão interna de um volume considerável de munições ajuda a explicar esse rápido afundamento. No diário de bordo do comandante do U-Boat alemão refere-se que perante o drama humano decidiram ir embora sem disparar mais torpedos. Costa também que o comandante do U-boat teria indicações de que o barco era um alvo militar válido na sua base de dados, uma vez que estava identificado como um dos barcos que poderia ser requisitado pela marinha militar para adaptação durante o período de guerra.
O documentário expõe muitos outros pormenores, pretensas provas e evidências que suportam esta teoria. Segundo essas fontes, em torno do afundamento do Lusitânia terá sido criada uma noticia falsa – uma fake news –muito conveniente para a propaganda britânica e do próprio almirantado, liderado por Winston Churchill nessa altura. Ou seja, as noticias falsas têm servido fins políticos há muito tempo, e se analisarmos mais para trás na cronologia histórica seguramente encontraremos mais casos disso.
Referência:
David, Luc (2017). History´s greats lies. [filme].
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