Livros e papeis numa mesa - Catherine M. Wood |
Tal como refere Françoise Choay, existe uma crescente pressão para a patrimonialização de objetos e tradições. Já Michel Lacroix vai mas longe, diz mesmo que tudo pode ser património.
De facto, segundo as correntes da Nova História, especialmente da escola francesa dos Analles, aprofunda-se o interesse pela história da vida quotidiana, ou até mesmo “coisas banais” como ensaiou Daniel Roche. Assim, se a historiografia pode se dedicar a todos os temas históricos, sendo para isso necessário considerar todos os documentos e fontes, por mais comuns e não patrimoniais que possam parecer, ou seja, por não constituírem um objeto artístico, raro ou antigo. O conceito de património é assim também colocado em causa, uma vez que se liga àquilo que será capaz de invocar da memória e conhecimento do passado, isto para além do monumento comemorativo clássico.
Deste modo qualquer documento pode ser um valioso património de importância histórica, mesmo que contenha imprecisões ou erros de descrição histórica. Através da sua análise, veracidades à parte, tanto intencionais como involuntárias, poderá sempre ajudar-se a recriar informações historicamente relevantes, nem que seja o facto de reforçar teses de falseamento de determinadas realidades. Isso obriga a que as bibliotecas e arquivos sejam enquadrados na mesma escala valorativo historiográfico, sendo que pela sua dimensão ganham ainda mais importância e potencial patrimonial.
Referências Bibliográficas:
- Choay, Françoise - A Alegoria do Património. Lisboa: Edições 70, 2010.
- Lacroix, Michel - O Princípio de Noé ou a ética da salvaguarda. Lisboa: Instituto Piaget, 1999.
- Roche, Daniel – História das coisas Banais. Lisboa: Teorema, 1998.
Sem comentários:
Enviar um comentário