As ideias de Thomas Hobbes para a organização do Estado foram e continuam a ser polémicas. Isto porque, principalmente, na sua obra “O Leviatã” consta uma fundamentação teórica para legitimar o Estado Absoluto. Esse modelo e princípios, que advogavam a necessidade de um Estado forte e interventivo corporizado na figura de um governante absoluto munido de todos os poderes e meios para defender o próprio Estado, chocam obviamente com os princípios do liberalismo. Hobbes desenvolveu a sua teoria de Estado no século XVII, em período de desenvolvimento dos Estados Modernos. O pensamento liberal era apenas uma semente, e a experiência dos seus tempos, e a da sua própria via, forçavam-no a recorrer ao absoluto para resolver pragmaticamente os problemas do seu tempo: instabilidade social e guerra endémica. Talvez até tenha sido a magnitude da sua obra que forçou a criação de outras antagónicas de via liberalizante – mais isso são só suposições pessoais.
Guernica - Picasso |
O problema da teoria de Hobbes acorre especialmente quando descontextualizada do seu momento histórico e político. Isto não serve para desculparmos Hobbes, até porque ele nunca corporizou o seu Leviatã ou foi um tirano que impossibilitou as liberdades. Ele apenas as reformulou e redigiu, e nem sabemos sequer quais as suas reais intenções quando as concretizou. Poderia ter sido irónico – nunca o saberemos.
Por outro lado, Hobbes, seguindo a já citada teoria política do absoluto, reforça mesmo hoje muito importante, ainda que possa ser contrário aos seus próprios princípios, com tendência para negarem o Homem como ser profundamente social, e bem-intencionado por natureza. A sua visão chocava como a visão de Aristóteles, que via o homem como um “animal social” e com a ideia base do “bom selvagem” de Rosseau. Podia dizer-se também que antevia parte do pensamento controverso de Nietzsche e ofendia profundamente ao liberal John Locke. Ou são somente simplificações para que isto se encaixe num texto curto. Ou seja, o tal princípio importante ainda hoje válido é: quando existe um perigo comum mais facilmente se gera unidade e capacidade de cooperação. É uma ideia profundamente pragmática.
Então onde entram os extraterrestres neste assunto? Entram agora. Vou arriscar, como tantos outros fizeram, descontextualizar Hobbes. Partindo das premissas base do seu pensamento, a Paz mundial e harmonia internacional universal somente seriam possíveis enquanto existisse uma ameaça extra planeta: uma ameaça extraterrestre. Assim que a ameaça desaparecesse voltaríamos às nossas guerras internas, perderíamos a paz e capacidade de cooperação.
Referências bibliográficas:
- Caillé, Alain; 2005. "História Crítica da Filosofia Moral e Política". Verbo.
- Garcês, Ana Paula; Martins, Guilherme de Oliveira; 2009. "Os Grandes Mestres da Estratégia - Estudos sobre o poder da Guerra e da Paz". Edições Almedina.
- Schwanitz, Dietrich , 2012. "Cultura - Tudo o que é preciso saber". Dom Quixote.
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