terça-feira, 7 de junho de 2011

O Governo que nem 5 minutos governou

Já anteriormente referi, a propósito de outro tema, a obra "Histórias rocambolescas da História de Portugal" - obra capaz de despertar, mesmo naqueles mais adversos às coisas do passado, uma genuína curiosidade pela História de Portugal. De novo aqui no blogue volto a referir a obra de João Ferreira para voltar novamente ao tema da 1ª República em Portugal (a anterior referencia centrava-se em torno da questão: Afinal quantas repúblicas existiram em Portugal, 3 ou 2?). Este novo texto recai nesse conturbado, e verdadeiramente revolucionário, período histórico/político onde se radicalizou (exemplo do anticlericalismo) e se fez avançar e evoluir o país (exemplo da instrução escolar  generalizada e do aumento das liberdades individuais), mas mais concretamente naquilo que foi, provavelmente, o cúmulo da instabilidade governativa nacional. 
O Salto do Coelho - Amadeo de Souza Cardoso
 João Ferreira diz-nos que: "Em menos de 16 anos, entre 5 de Outubro de 1910 e 28 de Maio de 1926, sucederam-se 8 chefes de Estado e 42 Governos". Tamanho alvoroço político parece quase inacreditável, e ainda inacreditável é o facto de ter existido um Governo que nem 5 minutos durou. Em 1920 o Governo de Fernandes Costa demitiu-se ainda antes sequer de ser empossado, só porque se juntou uma multidão de protesto no Terreiro do Paço quando o pretenso novo Governo se preparava para seguir para a sua suposta tomada de posse. Em jeito de gozo, e brincadeira, este ficou conhecido para a História como "O Governo dos 5 minutos". A bem da verdade o nome até que é gracioso, pois este Governo nem sequer 5 minutos!
As razões de antigamente hoje não se justificam, até porque, embora se diga que esta 3ª República é jovem, a consciência democrática de hoje é muito superior à do inicio do século, numa época em que se vivia muito na base do "experimentalismo político" e que uns meros contestatários podiam intimidar um qualquer Governo.
De facto evoluímos muito, muito mesmo! Saber governar em democracia é saber lidar e respeitar o contraditório, sem medos e receios se o apoio popular for de facto maioritário e legitimado por eleições rectas.

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