sábado, 19 de dezembro de 2009

Os Muçulmanos como defensores da cultura Ocidental

Nos dias que correm somos constantemente “bombardeados” com notícias de actos violentos de terrorismos, na sua maioria actos de atentados extremistas religiosos, sendo muitos deles levados a cabo por facções mais radicais de movimentos islâmicos. Estas calamidades são, infelizmente, algo de vulgar, sobretudo em países islamizados onde não existam governos "fortes" ou democráticos. Comprovou-se também que alguns dos atentados terroristas que ocorreram no Ocidente tiveram origem em determinadas células terrorista, apoiadas por alguns crentes mais fanáticos e violentos que vivem nos países ditos ocidentalizados (Europa, América do Norte, entre outros). Mas, felizmente para nós e para o nosso modo de vida, que assenta nos valores do respeito das liberdades individuais, reflectindo-se também na religiosa, as comunidades muçulmanas que mais perto de nós vivem não têm esta propensão para o radicalismo violento. Isto terá certamente muitas razões para assim ser, mas por questões de complexidade, da minha própria incapacidade de as abordar de um modo simplista, e mesmo por alguma falta de conhecimento de tudo o que envolve estas intrincadas questões, me absterei de fazer mais considerações sobre elas. 
Apesar de pouco se falar nisso, as primeiros estados Muçulmanos eram caracterizados pela tolerância e defesa do saber, algo que alguns radicais hoje renegam. Temos de fazer justiça aos primeiros estados islâmicos, pois sem os papéis que desempenharam como guardiões dos saberes Greco-latinos, provavelmente nunca teríamos tido o nosso “Renascimento”. Foram os Muçulmanos, através dos seus filósofos, médicos, entre muitos outros intelectuais, que após a queda do Império Romano do Ocidente e do seu desmembramento pelos vários reinos bárbaros (Visigodos, Francos, Lombardos, etc.), que guardaram, traduziram e interpretaram muitos dos saberes dos antigos Gregos e Romanos. Numa Europa Medieval onde apenas o clero, mas nem todo, dominava a arte da escrita, eram os pensadores islâmicos que iam na vanguarda da ciência, conhecedores das obras de Aristóteles (filosofia) e Galeno (Medicina), só para citar alguns exemplos.Somente através do intercâmbio cultural entre Cristão e Muçulmanos, quer através do comércio (Génova, Veneza, Florença, Antuérpia) quer das campanhas de conquista (Reconquista Ibérica e Cruzadas 1089), é que no Ocidente se começou a redescobrir a sabedoria do passado, tal como aquela que os próprios Muçulmanos foram desenvolvendo. Não é por acaso que o Renascimento se deu em Itália, potenciado pelas inúmeras cidades-estado mercantis que enriqueceram monetariamente e culturalmente com as trocas com os estados Islâmicos. Há que deixar aqui uma referência ao intercâmbio cultural com o Império Bizantino, o verdadeiro herdeiro da cultura Greco-Latina, que desapareceu em 1453 com a queda de Constantinopla às mãos dos Otomanos. Com isso muitas foram as riquezas e saberes que se transferiram para Itália (recursos humanos, monetários e culturais), algo que tinha começado já anteriormente, aquando da conquista efémera de Constantinopla pelos cruzados em 1204.

Deixo aqui pelo menos a referência a um nome, o de um dos muitos sábios islâmicos a quem muito devemos. Falo de Averróis, um filósofo do séc. XII de origem Ibérica, , que se dedicou a muitas áreas do saber humano, mas destacando-se por uma série de comentários aos textos de Aristóteles, um contributo para a redescoberta deste autor Grego. 
Referências Bibliográficas: 
  • “Grande Enciclopédia da História”, da editora Civilização
  • “A queda de Roma e o fim da civilização” de Bryan Ward-Perkins, da editora Aletheia.

6 comentários:

  1. O Islamismo está para a Religião, como o Partido Socialista está para a nossa Sociedade, justamente porque muito em breve estaremos todos submetidos também a um jejum anual no mês do Ramadão!!!
    Eheheheh

    Beijinho
    Catarina M.

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  2. Cara Catarina, como vês o principio do respeito pela liberdade expressão faz com que publique todo o tipo de comentários, mesmo que de ataque ao meu partido. Pronto, para quem não sabia, sou militante do partido socialista, dai esta provocação em jeito de brincadeira.
    Obrigado pelo comentário bem humorado, mas espero, para além do bom humor, alguma contra-argumentação, pois sei que consegues.
    Bem, antes um mês de Ramadão social, do que o ano todo como aconteceu em alguns países onde se aplicou o comunismo, não é camarada mais à esquerda?

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  3. Caríssimo,

    Tens toda a razão, neste texto não contra-argumentei o q quer q fosse já que se trata de um post (bom) mas muito histórico e factual. Não faltarão oportunidades. :)
    Depois...a instauração do comunismo feita em alguns países por diferentes doutrinas como o maoísmo, o stalinismo, o trotskismo, acabaram por corromper e deturpar os príncipios da idelogia pelas pessoas que estiveram e ainda estão no poder...de lamentar, é verdade, está, de facto minado de pessoas mal intencionadas que pervertem a ideologia. Mas ainda assim, acredito que o comunismo puro é sistema sócio-económico mais perfeito, mais justo e democrático. :)

    Até breve camarada deslocado. :)

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  4. Eu,um simples operário emigrante na Holanda desde 1964 e já velhote (87anos),deixo aqui o meu agradecimento a Micael Sousa,pelo belo texto que escreveu que me proporcionou mais alguns conhecimentos da História.Pelo pouco que tenho lido,sei que por exemplo,Silves do Algarve
    uma cidade com muitos intelectuais árabes,teve maior importância que Lisboa.E também não devemos esquecer que o idioma português tem centenas de palavras de origem árabe,assim como nomes de terras.Quanto ao absurdo das Religiões e do seu fanatismo,pois eu que sou ateu direi que as Religiões são o ópio dos Povos e servem exactamente para os Poderosos poderem manter o Povo especialmente a Plebe,em submissão temendo o castigo dum Deus criado pelo Homem à sua imagem e semelhança.

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  5. No texto é citada a influência dos árabes com destaque para Averróis,e afinal deslisa-se para socialismo e comunismo,ideais que afinal foram e são adulterados pela Pulhice Humana.Mas no que diz respeito aos árabes,Micael Sousa sabe melhor do que eu,da herança que recebemos dêles
    no que respeita a artes e ofícios e centenas de palavras que ficaram no idioma português,mas que o Povo em geral,embora as use,não sabe que são de origem árabe como Algarve Província donde sou natural.Mas para mim não é questão/
    se os meus antepassados/seriam pelo Alcorão/
    ou por outros apostolados.

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  6. Siceramente não vejo onde o texto tenha deslizado para o socialismo ou comunismo. Quanto às influências árabes directas e indirectas para a nossa nacionalidade são factos incontornáveis, para o bem e para o mal.

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