quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Análise da leitura do livro: Cultura - Tudo o que é preciso Saber

Recordando um livro que li há já algum tempo, esperando não ser atraiçoado por falhas de memória ou por alguma falsa memória, vou referir uma das várias teses que nele constam e que na altura me surpreenderam. Falo do livro “Cultura, tudo o que é preciso saber” do autor alemão Dietrich Schwanitz.
A crucificação - Klimt
Em suma, trata-se de uma obra de cultura geral que pretende abordar de um modo generalista as várias áreas do saber e cultura da Humanidade. Aconselho vivamente  a sua leitura pois faz uma boa introdução para quem queira, de um modo rápido e simples, enveredar pela introdução e iniciação a algumas áreas específicas do saber Humano, tais como: história, mitologia, arte, música, entre muitas outras.
No entanto, queria aqui salientar uma teoria que o autor apresenta e que por terras do Sul da Europa é pouco conhecida. Esta teoria tenta explicar o porquê do atraso económico e "cultural" - segundo o padrões nórdicos - actuais dos países do Sul da Europa. O autor refere que, devido à influência do Catolicismo, através do dogma do perdão universal para todos, -bastando um arrependimento para emendar um mal cometido e a possibilidade da salvação universal acessível a todos - como pressuposto para a desresponsabilização dos indivíduos em todas as vertentes da vida pessoal e social. O autor considera que, ao haver um perdão automático e fácil, toda uma sociedade foi perdendo o sentido de responsabilidade, não havendo assim a necessidade de demonstrar trabalho e mérito pessoal pois, quaisquer que fossem os seus actos, esses indivíduos seriam sempre perdoados.


Em oposição a isto, no Norte da Europa onde os valores morais dos cristãos protestantes se faziam sentir com muita força, o perdão não era possível de ser obtido na vida terrena; somente os mais esforçados, quer pelo trabalho, quer pelo activismo cívico, poderiam atingir a salvação, não havendo nunca uma garantia que a tive. Foi esta  diferença moral que, segundo o autor, desenvolveu uma dinâmica social completamente diferente, assente no esforço individual e competitividade entre os indivíduos de modo a provarem que eram os melhores e os mais dignos de atingirem a salvação eterna, influenciou os diferentes níveis de desenvolvimento entre Norte e Sul da Europa .


Esta visão é muito curiosa e deixa-nos a pensar, especialmente para nós que somos Sul-Europeus e que vivemos numa sociedade construída e influenciada pelos valores defendidos pela Igreja Católica. Talvez seja uma visão demasiado Germânica e Protestante dos Países menos desenvolvidos do Sul da Europa, podendo ser refutada pois o Sul da Alemanha é católico, especialmente na Baviera onde existem cidades industriais muito pujantes como Munique. Mesmo assim, discordando ou não desta tese, é um assunto que dá que pensar.


2 comentários:

  1. Teoria bastante interessante que faz todo o sentido, olhando para a nossa sociedade. Basta para isso ver até algumas situações que aconteceram nas ultimas eleições autárquicas onde candidatos condenados pela Justiça, entram na corrida eleitoral e inclusive ganharam. Isto mostra a desresponsabilização completa. Se isto acontece nas altas instâncias, imagine-se o que anda por aí!

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  2. lurdes-varao@hotmail.comjunho 10, 2010

    sim, concordo plenamente e inacreditavel, so nos deixa incredulos a tamanha barbaridade da nossa politica

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