sexta-feira, 23 de abril de 2010

O conceito paradoxal do automobilis (automovel)

Etimologicamente a palavra automóvel deriva da junção de duas distintas palavras: auto que significa por si próprio em Grego e mobilis que significa mobilidade em Latim. Assim sendo, automóvel significa mobilidade autónoma. Actualmente, o uso excessivo da mobilidade autónoma (automóvel) causa-nos, por si só, problemas de mobilidade, sendo que em muitos casos quase nos aproxima do estatismo.
Mulheres a correr na praia - Picasso
  A incapacidade de deslocação através de meios próprios e veículos privados num sistema que é público deve suscitar-nos meditação, quer ao nível dos transportes quer ao nível da organização social. Tal como em outros assuntos que resultam da vivência em sociedade, o modo como nos deslocamos tem grande influência na organização social. Qualquer sociedade conhecida tem regras e esferas de valor (ou a ausência delas como regra própria) que são seguidas, parcial ou efectivamente, pelos seus membros. Assim como as sociedades ao longo da História se foram modificando e metamorfoseando, também o modo como nos deslocaremos no futuro irá forçosamente mudar. No passado o automóvel foi um agente democratizador e de liberdade, mas hoje o seu uso excessivo, com base no sentimento do direito pessoal à movimentação sem limitações, está a provocar novos problemas que influenciam cada vez mais o domínio colectivo. Simplesmente não existe espaço suficiente para todos os veículos automóveis, combustível fóssil para queimarmos eternamente, nem um  ambiente capaz de se regenerar à velocidade dos ataques que vai sofrendo por essa via. Nesta matéria teremos todos de abdicar um pouco do nosso suposto direito ao transporte privado, de recusarmos o uso insustentável e desmesurado do automóvel, em proveito de uma melhoria geral da eficiência e capacidade dos sistemas de transportes no geral. Pois se assim não for os níveis de serviço e qualidade dos transportes continuarão a baixar, até um limite em que ninguém mais se conseguirá fazer transportar de um modo cómodo, rápido e ambientalmente sustentável. 
O sector dos transportes é o segundo mais poluidor a nível mundial, sendo que esses efeitos, para além de terem grandes impactes Ambientais (algo que qualquer leigo identifica), afectam também directamente a saúde dos seres Humanos e toda a fauna, através das emissões de combustão (Partículas, NOx, SO4, etc.), infra-estruturas necessárias (construção e manutenção de vias de comunicação), processos de fabrico e de fim de vida das viaturas (extracção de matérias primas, processos de produção, veículos e componentes enquanto resíduos), entre outros.
No futuro será imperativo optar pela mobilidade sustentável e não pela mobilidade assente simplesmente em critérios de “maior quantidade e maior velocidade”, advindo dai um futuro melhor do que o perspectivado se mantivermos os mesmos padrões de consumo e utilização dos transportes.
A mobilidade sustentável passa por uma alterações e aplicação de tecnologias e modos de organização que descobriremos no futuro, mas principalmente, a curto e médio prazo, por algumas soluções que já conhecemos, entre elas:
•   Uso de transportes públicos;
•   Car sharing e Car pulling (partilha de automóveis);
•   Uso de transportes alternativos, de acordo com o tipo e distância de viagem (bicicleta, deslocação pedestre);
• Uso de veículos mais eficientes, de menores dimensões, e que recorram a combustíveis alternativos renováveis e menos poluentes (H2, Fuel-cell, Biocombustíveis, electricidade, etc.) .
• Redução das necessidades de deslocação pela reorganização dos usos dos solos e da capacidade de fazer mais coisas à distância.

2 comentários:

  1. Só para acrescentar uma informação adicional:

    Em 1899 Camille Jenátzy bate o recorde de velocidade com o seu automóvel eléctrico, o primeiro capaz de se deslocar a mais de 100 km/h.

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  2. A minha definição do automóvel é a seguinte:
    -Ainda que o uso do automóvel tenha sido democratizado e acessível até aos proletários,
    todavia é o símbolo do individualismo burguês.

    ResponderEliminar

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