No sábado dia 29 de Janeiro de 2011 participei, enquanto moderador, numa conferência-debate em Alqueidão da Serra - freguesia do concelho de Porto de Mós do distrito de Leiria - que tinha como orador o Doutor Carvalho da Silva - um dos mais importantes sindicalistas portugueses da actualidade e também investigador da área das ciências sociais, mais concretamente do CES. Foi a minha primeira experiência nestas andanças mas, atrapalhações e nervosismos à parte, senti que foi deveras enriquecedora - para mim e para todos os presentes -, quer pela experiência, quer pela partilha de saber por parte do orador.
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Lendo o jornal - José Malhoa |
Pareceu-me tão interessante o que foi dito em Alqueidão da Serra naquela noite, que não podia deixar de trazer e registar aqui no blogue alguns dos conteúdos tratados.
Deixava então aqui, em honra ao orador e a sua disponibilidade, algumas das ideias que fixei das suas várias intervenções (lembro que estas foram as minhas interpretações das suas palavras e não a reportagem objectiva do que se passou):
Deixava então aqui, em honra ao orador e a sua disponibilidade, algumas das ideias que fixei das suas várias intervenções (lembro que estas foram as minhas interpretações das suas palavras e não a reportagem objectiva do que se passou):
- Os políticos não são todos maus na medida em que num qualquer grupo de executantes, praticantes, profissionais ou outros, também nunca todos podem ser maus - resposta a um dos presentes que da plateia disse: "os políticos são todos maus, são todos iguais";
- Cuidado com as generalizações, pois através delas podem ser cometidas as mais grandes injustiças - uma clara referência a perda de direitos e ajudas sociais;
- Os cidadãos só acedem realmente à informação se a discutirem, se discutirem o que ouvem e vêm através dos Media - referindo-se que aceder à Internet, ver televisão, ouvir rádio, não é suficiente para estarmos informados, temos de discutir e colocar em causa toda essa informação .
- Os cidadãos devem ser os motores da mudança social através da participação cívica - comentário ao estado da nossa democracia que só se pode concretizar pela participação politica e cívica de todos os cidadãos.
- A vida sempre foi altamente instável, não podemos dizer aos nossos jovens que, só por a sua o ser também, que não devem ter esperança de um futuro melhor - referiu que há umas décadas a vida era muito mais instável e não era por isso que a esperança morria, todas as sociedades devem cultivar a esperança de que se irá viver melhor, caso contrário o próprio sentido de ser da sociedade deixa de fazer sentido.
- Temos de debater os sistemas vigentes e procurar a sustentabilidade a todos os níveis - uma clara alusão à necessidade de encontrar soluções, entre todos os parceiros sociais, para a estabilidade e sustentabilidade do Estado Social.
- Devido aumento da esperança média de vida temos de dar ocupação aos nossos idosos, pois podem ainda ser ainda muito úteis à sociedade - uma chamada de atenção para o papel dos idosos na sociedade contemporânea e para a necessidade de os valorizar por todo o potencial social que têm, tal como por razões económicas.
- O cortar no custo de produção não deve passar imediatamente cortar nos salários, até porque os custos com os salários representam, em média e regra geral, menos de 15% dos custos reais de produção - apontou para a necessidade de focar os cortes em todos os outros custos e não nos salários, pois será voltar aos salários de subsistência, com todos os malefícios que dai advêm.
- O crescimento tem de ser assente no trabalho e não no consumo - critica à sociedade consumista esvaziada de valores.
- O individualismo sempre existiu, simplesmente hoje torna-se um valor em si e prejudica as dinâmicas sociais que estão ligadas à necessidade de trabalhar em conjunto por causas e melhorias colectivas - crítica ao individualismo contemporâneo, especialmente ao culto do individual em detrimento do colectivo nos dias que correm.
- Não deve existir a culpabilização pessoal sobre o desempregado, pois essa situação não depende só dele, mas sim de muitos factores externos a ele - a responsabilização deve ser distribuída por todos, especialmente pelo Estado e outras instituições de grande abrangência social.
- Em Portugal não trabalhamos menos que nos outros países, a nossa falta de produtividade está relacionada com a falta de organização do próprio trabalho - crítica ao aumento dos horários de trabalho e defesa da necessidade de reestruturar dos modelos e organização do trabalho em Portugal.
- A falta de ética e consciencialização é um facto, especialmente em algumas figuras que deveriam ser exemplos - todos se devem guiar por padrões elevados de ética e moral, mas do topo da sociedade, e de que tem responsabilidade sobre o colectivo, deve sempre vir o exemplo.
- Portugal tem muitas lacunas, especialmente na educação, situação que ainda não recuperamos do antigamente - referência a uma das maiores lacunas da sociedade portuguesa que ainda tem baixos níveis de educação, qualificação e formação, apesar de ter havido uma grande evolução.
Nestes breve resumo por tópicos, apesar de ter sido a minha percepção a compilar as palavras que aqui deixo, tentei usar do máximo de objectividade e tocar, o quanto possível, no que Carvalho da Silva transmitiu, tentando evitar a minha própria opinião ou juízos de valor sobre o que foi transmitido - o que por vezes, apesar da vontade, se torna impossível.
Aproveito também para agradecer o convite ao professor Jorge Pereira e à Associação Coral Calçada Romana pelo convite que me fizeram para participar nesta iniciativa.
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