sexta-feira, 18 de maio de 2018

Qual foi o primeiro Museu de Portugal?

Hoje celebra-se o dia internacional dos museus. Mas o que é um museu? Seria a casa das musas, aquele local onde todas as artes se juntavam e inspiravam a humanidade. Hoje existe museus para todos os gostos, de todos os tipos, recorrendo a inúmeras técnicas de museologia, exibindo as suas museografias direta e indiretamente. Alguns nem edifícios têm, nem peças dignas de serem apreciadas como tesouros.

Paço Real da Ajuda (em madeira)

Mas quais são os museus mais antigos de Portugal? Onde começaram as práticas museológicas?

Podemos começar pelos museus, ou proto museus, de influência iluminista e enciclopédica típicos do século XVIII. Mas podemos ir um pouco mais atrás, aos gabinetes de curiosidades e tesouros. Paulo Oliveira Ramos (1993) sugere a importância da coleção de antiguidades de: D. Afonso, 1.º Duque de Bragança (1377-1461); do 1.º Marquês de Valença (?-1460), filho do 1.º Duque de Bragança, composta por peças de arte e arqueologia; André de Resende (1500-1573), que recolheu cipos e lápides com inscrições romanas, árabes e hebraicas; padre Manuel Severim de Faria (1582?-1655), que continha um grande conjunto de vasos e outros artefactos romanos.

Podemos considerar que o primeiro museu português foi o Real Museu da Ajuda, criação do Marquês e Pombal para D. José I (1761-1788). Nesta altura esse museu ainda se revestia de um cariz privado, que servia tanto como prestígio para o rei detentor da coleção como tinha intenções formativas e educativas para o rei e a corte. Não esquecer que se vivia a era do iluminismo, e que a influência do Marquês de Pombal era forte em todos os domínios da vida política portuguesa. Este museu é também simbólico dessa intenção modernizadora de Portugal e do acompanhamento dos ideais filosóficos do iluminismo.

Referências bibliográficas:
Ramos, Paulo Oliveira (1993). Breve História do Museu em Portugal. In Trindade-Rocha (coord.) (1993), Iniciação à Museologia. Lisboa: Universidade Aberta.

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Pagamos com mérito as desigualdades: um documentário de Alex Gabby

O preço do que é justo, no original “The Price of Fairness”, é um documentário de Alex Gabby que nos faz pensar sobre a justiça e igualdade. O documentário começa por relatar diversas experiências da sociologia e psicologia comportamental sobre situações de tomada de decisão, que implicam questões de distribuição e justiça. Uma dessas experiências consistia em formar pares com pessoas de desempenho diferente num jogo em que individualmente cada participante tenha recebido dinheiro virtual em função da sua capacidade para resolver desafios e problemas matemáticos.  Depois propunham ao par que distribuísse os rendimentos somados de ambos, associados à soma da prestação individual de cada um deles. Constatou-se que os indivíduos que tinham melhores resultados eram menos propensos à partilha desses rendimentos de forma igualitária, enquanto os detentores de resultados próximos da média, mesmo que acima dela, mais facilmente abdicavam da sua parte correspondente de forma a permitirem que se fizesse uma distribuição igualitária dos ganhos, mesmo abdicando de uma parte do seu contributo. Comprova-se que há uma noção de competitividade, associada à meritocracia, que legitima a desigualdade. Curiosamente, uma vez que o público da experiência eram alunos do ensino superior norueguês, os alunos de gestão e economia revelaram ser os mais egoístas.


No documentário somos levados a concluir que a meritocracia é uma farsa, uma impossibilidade pois a bagagem e contexto em que crescemos são claramente promotores da desigualdade. O sucesso depende fortemente das “heranças”, em todas as suas dimensões (patrimonial, genética e de contexto), mas também muito da sorte. Mesmo que as crianças tenham uma noção de justiça quase desde a nascença os contextos sociais e familiares impedem a meritocracia. Essas constatações são apresentadas com base noutra experiência realizada nos EUA por investigadoras de psicologia de desenvolvimento apresentada no documentário.

Surgem então imensas questões que nos fazem colocar em causa grande parte das estruturas sociais, da forma como se constroem (ou como as construímos). Podem os pobres faze escolhas diferentes das que assumiram? Existem regras diferentes para os ricos e poderosos, mesmo nas democracias? Apesar de tudo quem produz e legitima leis e as regras que regem as sociedades não estará a reforçar as mesmas estruturas e hierarquias desde sempre? Poderemos mudar o sistema mesmo que seja controlado por poderes antigos?

O documentário levanta imensas questões, fala de muitos casos. Começa com abordagens académicas, da sociologia e psicologia comportamental. Passa pela referência à psicologia do desenvolvimento moral e avança para as teorias de desenvolvimento económico e social. Refere-se a muitos exemplos de muitas regiões e países contrastantes. Revela casos de tentativas de inovação, de escândalos que abalaram o mundo. Fala do caso surpreendente da Costa Rica, onde o PIB não é digno de destaque internacional mas o índice de desenvolvimento humano é bastante grande, significando que qualidade de vida não tem de significar riqueza no sentido da acumulação massiva de capital. Apresenta-se o Partido Pirata na Islândia como alternativa ao sistema político que pretende implementar um novo modelo de justiça e de democracia participativa, num país que expulsou do poder a classe política dominante e decidiu coletivamente não assumir na sua dívida público produtos de especulação financeira.
Fica a introdução.

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