terça-feira, 8 de novembro de 2016

Como a erva mudou a humanidade

Tendemos a minimizar a importância da erva, parece uma coisa comum, sendo por vezes até incómodo quando se trata de ervas daninhas. Mas as ervas, ou mais correctamente as gramíneas, foram muito importante para a evolução e história da humanidade. Podemos mesmo dizer que sem ervas não haveria humanidade como a conhecemos hoje.
 
Campo de Trigo - Silva Porto
Há cerca de 2.5 milhões as grandes planícies dominadas por espécies de gramíneas, ou seja, de ervas, começaram a ocupar áreas consideráveis do globo. Terá sido por essa altura que surgiu a espécie “Homo” e daí em diante todas as suas ramificações. As novas paisagem, dominadas pelas novas espécies vegetais, obrigaram a adaptações das restantes espécies animais. Para os “homos”, nossos antepassados, surgiu a necessidade de deslocação sobre duas pernas, garantindo segurança e visão acima das “ervas”.

Curiosamente, milhões de anos mais tarde, os atuais humanos, homo sapiens sapiens, por volta de 10.000 A.P., desenvolveram a agricultura. Cultivaram novamente gramíneas: trigo, centeio, aveia, etc. Foi a agricultura que permitiu desenvolver civilizações, as grandes cidades, a escrita, a organização política e a complexidade da organização social, dos cultos e do conhecimento.

Será também das estepes, das grandes pradarias euroasiáticas, que surgiram hordas de povos nómadas que destruíram, conquistaram e se fundiram com as civilizações, criando ciclos de ascensão e declínio ao longo da história, especialmente no Norte de África, Médio Oriente, Oriente e Europa. Estes povos são repetidamente registados, ao longo da história, pelas civilizações que com eles lidaram com vários nomes. Os registos arqueológicos comprovam estas mudanças, invasões, assimilações e adaptações. Talvez os mais conhecidos sejam os Hunos e os Mongóis, mas centenas de anos antes, e não milénios, há registos de grandes distúrbios também causados por povos invasores sobre as civilizações estabelecidas, especialmente a partir do advento da domesticação do cavalo.

Mais tarde, já depois da Idade Média, aquando da colonização dos continentes americanos, as “ervas” entram novamente em cena, contribuindo para o comércio triangular atlântico que iria moldar a história das américas e o comércio mundial. Os europeus criaram o comércio triangular entre Africa, Améria e Europa, sendo que a produção de cana-de-açúcar levada para as américas e produzida com mão-de-obra escrava africana foi essencial nesse processo. Hoje o açucar tem uma importância incontornável na nossa civilização, isto para não dizer que somos viciados em açúcar.

Assim, tendo aqui ignorado imensos casos e influências, pois daria um texto imensamente logo e moroso, fica um breve registo de como as “ervas” nos influenciaram e continuam a influenciar.

Algumas referências bibliográficas:
  • AMARAL, Ferreira do – Os filhos de Caim e Portugal: povos e migrações no II milénio a. C. Lisboa: Quetzal, 2003.
  • KEEGAN, John – Uma história da Guerra. Lisboa: Tinta da China: 2006.
  • SOLAR, David & VILLALBA, Javier (dir) – História Universal. 10 volumes. Amadora: Círculo de Leitores: 2007.
 

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