quarta-feira, 13 de abril de 2016

Somos obrigados a brincar com coisas sérias

"Não se brinca com coisas sérias". Com certeza já ouviram e leram muitas vezes está expressão.
 
Façamos então aqui um pequeno ensaio indutivo tentando retroceder ao axioma para testar a validade desta expressão. Então aqui vai de forma simplista.

A mulher do agricultor - Miró

Se uma coisa é não séria é porque de facto se brinca com ela.
 
Se uma coisa é séria então não se brinca com ela pelo facto de ser séria, caso contrário entraríamos numa contradição.
 
Se as coisas existem antes dos seres humanos, ou então se existem a partir do exato momento que também existem seres humanos que lhes atribuem sentido e significado, então temos de partir do princípio que existe um momento primordial em que nada é sério ou divertido.
 
Assim, para que uma coisa seja divertida ou séria teve primeiro de se testar a comicidade da dita coisa. E se uma coisa é não engraçada, logo pode ser muitas outras coisas, entre elas ser séria. Então o estado natural, seguramente não será o ser engraçado. Se estivéssemos vedados a apenas brincar sobre coisas engraçadas então primordialmente não poderíamos brincar com nada.
 
Assim, sem se brincar com determinada coisa não seria possível saber se seria séria ou não. Logo, se não pudéssemos brincar com uma dita qualquer coisa então nunca teríamos desenvolvido o ato de comédia ou diversão sobre as coisas.
 
Logo, em potencia, podemos brincar com tudo para testar se a dita coisa pode vir a ser séria ou não.
 
Poderão dizer que atualmente, tendo em conta que existe uma história longa, o sério e o engraçado já está definido. Mas se assim fosse isso teria de ser anterior à própria humanidade e ou não haver um processo de mudança histórica nas sociedades humanas. Sabemos que as mentalidades e as manifestações emocionais coletivas e  individuais mudaram muito ao longa da história e de grupos humanos para grupos humanos.  Devido a isso uma coisa pode ser engraçada e/ou séria num determinado momento histórico e numa determinada sociedade ou grupo humano mas não o ser noutros.
 
Assim, conclui-se que se pode brincar com coisas sérias, pois as sociedades depois dirão se acham ou não piada.

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