quarta-feira, 31 de julho de 2013

Os edifícios e estátuas da antiguidade clássica eram surpreendentemente coloridos

Cores da Venus de Milo
Os edifícios, estátuas e outras criações artísticas volumétricas da antiguidade eram coloridas. Aquelas belas estátuas de mármore, muitas delas em muito mau estado de conservação (muitas sem membros), da época clássica (grega e romana), eram completamente pintadas, e com cores bem fortes quando foram criadas. Por desconhecimento, os artistas da renascença - destacando-se a grande escultor Miguel Ângelo - tentaram recriar a perfeição das estátuas antigas, tal como os arquitetos tentaram recriar a arquitetura desses tempos imemoriais de glória artística, tentando seguir os modelos originais. No entanto o que lhes chegou foram apenas fragmentos e partes corrompidas e adulteradas pelo tempo e ação humana. Por exemplo, desconheciam, pois não havia meio de comprovarem, que todas essas criações eram pintadas.
Este conhecimento da policromia da arquitetura e estatuária clássica não é novidade, pois há já mais de dois séculos que arquitetos e cientistas como Souffort, Le Roy, Hittorf e Garnier começaram a descobrir essa surpreendente decoração [1].
A novidade passa pelas reconstituições que têm sido ensaiadas. Atualmente muitos investigadores (recorrendo a ultra-violetas e outros ensaios/técnicas) e artistas começam a tentar recriar a aparência dessas antigas [2][3]. O aspeto final pode ser de facto surpreendente, pois está ainda bem vincado no nosso imaginário coletivo as imagens de uma antiguidade decorada e construída em tons brancos, de serenidade e sobriedade. Afinal a realidade não era assim. O mundo antigo era colorido e vivo, às vezes até “berrante” [3][4]. Os artistas da renascença acabaram, através do engano da perceção a que foram induzidos, por criar um modelos estéticos diferentes daquilo que queriam imitar e recriar. A história está cheia destes acasos
Com base neste exemplo facilmente concluímos que muitas das ideias formadas que temos do passado são imprecisas pela informação alterada e deturpada que nos chegou. Também corremos o risco de sermos mal retratados no futuro, embora não talvez isso pouco nos deva preocupar. Quanto ao passado, o melhor será manter uma mente aberta e capaz de assumir as cores do conhecimento mais atualizado, pois não saberemos quais os erros e influências erróneas que podemos continuar a assumir como verdades vindas do passado.
Reconstituição da estatuária do Partenon - Atenas

Referências:
[1]  Choay, Françoise; 2010; "Alegoria do Património". Edições 70
[2] “Tracing the Colors od Ancient Sculpture”, video disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=7UsYHo5iarM
[3] “True Colors”, disponível em: http://www.smithsonianmag.com/arts-culture/true-colors.html#
[4] ”El auténtico y colorido aspecto de las estatuas clásicas”, disponível em: http://es.noticias.yahoo.com/blogs/arte-secreto/el-aut%c3%a9ntico-y-colorido-aspecto-las-estatuas-cl%c3%a1sicas-121014767.html

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Uma câmara fotográfica replica o funcionamento do olho humano? É biomimética?

Apesar do título ser longo e ter uma palavra pouco comum, o objetivo deste texto é ser o mais simples possível, relacionando o funcionamento de uma câmara fotográfica com o modo natural como “trabalha” o olho humano e adotamos alguns comportamento humanos inconsciente a esse funcionamento. Ou seja, a tese – que nem é muito original - aqui presente pretende demonstrar que se pode considerar uma câmara fotográfica como uma recriação do olho humano, logo um ato de biomimética.

A simplificação será a mais possível, pois facilmente se poderia cair em termos da ótica e biologia demasiado complicados. Então aqui vai.


lágrimas (1932) - Man Ray
Se deixarmos passar, através de um pequeno orifício luz para o interior de numa câmara escura, vinda do exterior, no local onde esse raio se projetar irá surgir uma cópia invertida da imagem exterior. Ou seja, isto é mais ou menos o principio base de funcionamento tradicional de uma “câmara escura” - um fenómeno ótico que acontece nas nossas câmaras fotográficas e nos nossos olhos. No caso das máquinas fotográficas essa projeção é registada em filme ou em sensor digital, o que permite posteriormente revelar fisicamente esse “registo de luz” – ou não significasse o termo fotografia “desenho de luz”. Para o olho humano, simplificando, o mecanismo é semelhante, com a projeção e ser lida e registada pelo cérebro humano através der impulso elétricos no nervo ótico.

Abordando as características das objetivas (ou lentes embora seja menos correto este termo, pois uma objetiva é normalmente composta por conjuntos de lentes) das máquinas fotográficas podemos encontrar justificações biológicas para alguns comportamentos humanos involuntários quando usamos os nossos olhos, pois o cristalino e a pupila funcionam mais ou menos como as objetivas. Por exemplo, é a dilatação da pupila que controla a entrada de luz para o interior do olho (a tal câmara escura), tão necessária para a adaptação às condições de luz natural que nos permite literalmente ver. Quando há pouca luminosidade a pupila dilata de modo a deixar entrar mais luz. O mesmo é válido para as objetivas, que têm vários tipos de abertura (normalmente as que permitem maiores aberturas, com melhores desempenhos em condições de pouca luz são as mais caras). É por isso que quando saímos de um local escuro para um outro espaço muito iluminado ficamos encadeados, conseguindo ver só passado algum tempo, somente quando a pupila se ajustou à abertura adequada para se construírem imagens.

No entanto, quanto maior for a abertura, tanto da pupila como da abertura do diafragma da objetiva, menor será a profundidade de campo - algo que se pode definir, simplificadamente, como definição em todos os planos nas várias distâncias: quanto maior a profundidade de campo maior a definição em todos os planos até uma determinada distância em profundidade de uma imagem. Assim, com aberturas pequenas conseguimos focar tanto o que está perto como o que está longe. É por isso que, inconscientemente, quando queremos ver melhor ao longe colocamos, tendencialmente, a mão sobre a testa a sombrear o olho, de modo a fazer diminuir o tamanho da pupila  e podermos focar o objeto lá longe (com uma maior profundidade de campo).

Muito mais haveria para falar entre a relação biomimética das câmaras fotográficas com o olho humano, mas o artigo vai longo. Quem sabe talvez num próximo.

Referências Bibliográficas

  • Ang, Tom; 2009. "Manual de Fotografia Digital". Civilização Editora.
  • Santos, Joel; 2010. "Fotografia - Luz, exposição, composição, equipamento". Centro Atlântico.
  • Wikipédia, "Olho Humano", disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Olho_humano




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