quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Linhas de Wellington – As linhas de vida cruzadas de uma sociedade em fuga


Sempre que um filme português, sobre Portugal ou feito por portugueses, se destaca, de algum modo, tento aborda-lo aqui no blogue. Muitos me escaparam com certeza, mas “As Linhas de Wellington” não podia deixar de por cá passar.
No primeiro impacto, no filme, impressiona o rol de atores e atrizes - verdadeiramente impressionante. Conseguiram juntar: Jonh Malkovich, Catherine Deneuve, Michel Piccoli, Isabelle Huppert, Marisa Paredes, Melvil Poupaud, Chiara Mastroianni, Vincent Perez, e muitos outros intérpretes estrangeiros. Do lado dos portugueses são de destacar: Nuno Lopes, Adriano Luz, Soraia Chaves. Tantos nomes sonantes, de tantas nacionalidades, que deve ter sido difícil reunirem todos eles. Provavelmente valeu nesse admirável feito o prestígio de quem pensou inicialmente no filme, mas que não teve tempo de o ver nascer antes de morrer – Raoul Ruiz morreu em 2011, tendo sido a sua esposa, Valeria Sarmiento, auxiliada por Paulo Branco, a realizar o filme. Apesar de algumas grandes performances, nem todas são assim tão boas, especialmente as de alguns atores que, apesar de contínuos desempenhos fracos, continuam a ter papeis aqui e ali. Mas Escolhendo o desempenho que mais surpreende pela positiva: parece que o filme foi feito a pensar em Victoria Guerra, ou então a jovem atriz é realmente muito talentosa.
Passando ao enredo. O filme retrata a caminhada das gentes do centro de Portugal e dos exércitos Luso-Ingleses desde a Batalha do Buçaco até à segurança das Linhas de Torres Vedras, desenhadas e pensadas por Wellington – o comandante das tropas que defendiam Portugal, e que mais tarde derrotaria Napoleão em Waterloo. Apesar na vitória luso-inglesa no Buçaco, civis e militares vêm-se obrigados à fuga, descendo o mais rápido que podem rumo a sul, fugindo do colossal exército do Marechal Massena - comandante da terceira invasão francesa, que tinha como objetivo controlar de vez Portugal. Essa caminhada forçada é descrita e recriada através da visão dos seus vários participantes, soldados e toda una sociedade que seguia em fuga. São cruzadas histórias de vida, relatados os dramas e dificuldades de quem viveu e foi sujeito àquele negro período da nossa história. Estas Linhas de Wellington poder-se-iam chamar as “Linhas de vida dos Fugitivos de Massena”. A ação do filme é lenta, tal como aquela longa marcha de fuga, em tempos que a tração animal era o mais veloz dos meios de transporte terrestres. O desenrolar dos acontecimentos é polvilhado de episódios de forte carga emocional e outros de forte dimensão poética.
Tirando um ou outro apontamento não muito conseguido no ambiente e cenário de recriação, um ou outro mau desempenho de um ou dois atores, e também alguns diálogos que parecem desajustados da mentalidade e cultura dos primeiros anos do século XIX português, estamos perante um bom filme! Recomendável de ver, especialmente para os Portugueses, sendo um bom modo de ver cinema de qualidade, feito cá, e de aprender algo sobre e com a nossa história.

2 comentários:

  1. Eu,um simples operário emigrante na Holanda desde 1964 e já velhote (88anos),digo simplesmente que acho cobardia da parte do Rei e seus Conselheiros ao fugir para o Brasil abandonando a Pátria e seus habitantes,ao furor dos corsários napoleónicos que cometerem enormes barbaridades em Portugal.Mas segundo consta também os «libertadores»ingleses, velhos «aliados»cometerem abusos de toda a ordem.
    E os «nuestros hermanos»aproveitaram a ocasião azarada para Portugal,e usurparam Olivença.

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  2. Foram amigos sempre com algum interesse em determinadas coisas, com uma amizade por vezes discutível. Mas, a bem ou a mal, ajudaram bastante, Ainda que alguns ficassem conhecidos por amigos de peniche.

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