sexta-feira, 26 de março de 2010

Polacos - Os Escravos dos Nazis

É um lugar-comum, apesar de extremamente importe e de não dever nunca ser esquecido, falar-se sobre o modo como regime de Adolf Hitler lidou com os Judeus alemães e dos demais países que invadiu durante o 3º Reich. No entanto os Judeus não foram as únicas vítimas do governo nazi da Alemanha, pois quem se opusesse ou fosse diferente do prescrito pelo modelo nazi, a nível racial e não só, sofriam na pele. Quem desalinhasse, fosse por natureza ou opção, dos cânones da ideologia nazi era  silenciado, roubado, humilhado, escravizado ou até mesmo eliminado. Hitler e os demais dirigentes nazis foram responsáveis pela prisão, tortura e massacre de várias minorias e etnias (ciganos, homossexuais, etc.) e também de intelectuais e pensadores que se opunham, directa ou indirectamente, ao regime e seus ideais.

Fogo na Noite - Goya
Os polacos sofreram muito sob a ocupação nazi por várias razões. Tal como os judeus, foram obrigados a usar um distintivo nas suas roupas que os identificava prontamente. Enquanto os Judeus eram forçados a usar a famosa estrela de 6 pontas, também conhecida como a estrela de David, os Polacos tinham de ostentar a letra “P” em todas as suas indumentárias. Apesar de não existirem provas de campos de concentração e extermínio para Polacos, não significa que tenham tido um tratamento muito melhor. Muitos dos Polacos tornaram-se mão-de-obra escrava sob o jugo nazi, podendo os industriaos ou proprietários agrícolas alemães requisitar polacos ao ministério do trabalho nazi para trabalharem gratuitamente nas suas terras.
Este tratamento para com os polacos tem motivos raciais (segundo a ideologia fascista nazi), históricos e geopolíticos. Os modernos polacos são descendentes dos antigos povos Eslavos, e que segundo os nazis eram inferiores por não serem considerado de origem germânica e ariana (nas línguas românicas há uma semelhança muito estreita entre o termo “escravo” e “eslavo”, podendo isso ter alguma relação histórica também, mas tratando-se apenas de mera especulação ou coincidência). As razões históricas e geopolíticas devem-se à derrota Alemã durante a 1ª Guerra mundial, da qual resultou a assinatura do tratado de Versalhes (1919), onde a Alemanha teve de ceder uma parte significativa do seu território para o recém-criado estado da Polónia. Assim, Hitler via o Tratado de Versalhes de 1919 como uma humilhação para a nação alemã, devendo a Polónia desaparecer do mapa e os polacos também por isso ser castigados.

Estes episódios fazem-me lembrar um dos ensinamentos que Sun Tzu prescreve na obra “A arte da Guerra”. Segundo Sun Tzu nem todas as vitórias são boas. Se com uma vitória humilharmos excessivamente os derrotados só iremos alimentar ódios e futuras guerras e insurreições contra o domínio ou paz imposta pela vitória em causa. 
Apesar disto, nada desculpa a acção nazi.

Fontes:
Documentário: A Prússia Oriental de Hitler
Livros: A arte da Guerra - Sun Tzu

sábado, 20 de março de 2010

O Neocolonialismo agrícola

Para quem pensa que o colonialismo é coisa do passado, que findoud o século XX, mantendo-se apenas resquícios de uma soberania meramente protocolar (Commonwealth, por exemplo), que se prepare para ser surpreendido. É sabido que, apesar das potências colónias terem abandonado o governo efectivo das suas colónias, os processos  de  globalização e o modelo capitalista manteclve as ligações comercias, dívidas externas e a presença de empresas a operar e explorar os recursos das antigas colónias em proveitos das antigas metrópoles, embora de uma forma supostamente mais benéfica para os países que nasceram das antigas colónias.
Guardando porcos - Gauguin
No entanto, algo de novo começa a ganhar forma: uma espécie de neocolonialismo orientado para as reservas de terrenos férteis. Muitos são os países africanos que, devido à sua falta de meios, infra-estruturas organização interna e cultural para o aproveitamento, em benefício próprio, dos seus recursos naturais, enveredam pela venda e pela cedência dos seus melhores solos agrícolas a agricultores e empresas estrangeiras. Isto, mais que tudo, prejudica as economias desses mesmos países africanos e torna-os, inevitavelmente, dependentes das potências estrangeiras, tal como permite ao países compradores e investidores suprir necessidades actuais e as futuras, inerentes ao seu crescimento (demográfico e económico).
Podemos dividir os países investidores no setor agrícola em dois tipos distintos, tendo em conta a sua situação actual e a futura: as chamadas potências emergentes apresentando elevadas taxas de crescimento demográfico (Índia, China, etc.), algo que não poderá ser sustentável pois num futuro próximo tenderão a exaurir os seus próprios recursos; outros os países desenvolvidos, que actualmente estão já em défice de produção alimentar e completamente dependentes da produção externa para poderem crescer (Japão, Coreia do Sul, etc.).
Continuando este estado de coisas, no futuro, as potências compradoras e arrendatárias poderão continuar a crescer, economicamente e demograficamente à custa de recursos alheios (algo que a Europa já fez), desequilibrando e controlando grande parte dos recursos alimentares mundiais.

A meu ver, esses países africanos que têm vindo a ceder grande parte dos seus terrenos agrícolas em troca de ajudas externas, na forma de fundos, infra-estruturas e tecnologia, deveriam poder ter opção de escolha. Deviam ser devidamente informados das consequências destes acordos (embora acredito estarem conscientes, pelo menos os seus governantes) e ajudados pelas actuais Nações desenvolvidas, de modo a que possam, por si só, gerir convenientemente os seus recursos, evitando que apenas um punhado de países detenham o monopólio dos recursos alimentares mundiais. Pode estar em causa a estabilidade internacional.

Referências:

Segundo o artigo “A grande corrida aos solos agrícolas”, publicado em Dezembro de 2009 na “Courrier Internacional” (texto original de: Fernando Peinado Alcaraz, do El País), "o Congo cedeu cerca de 1/3 do seu território para utilização por parte de agricultores estrangeiros".
Também na edição portuguesa do "Le monde diplomatique" de Janeiro de 2010, segundo o texto “Corrida às terras africanas cultiváveis” da autoria de Joan Baxter, se refere a tendência para a procura de terras férteis agrícolas por parte das grandes potencias, algo que aconteceu no passado quando o petróleo se assumiu com um dos recursos mais importantes da economia mundial.

quinta-feira, 18 de março de 2010

A origem Romana do nome dos Meses do Calendário.

Tenho de admitir que este texto estava na gaveta há algum tempo. Há muito que queria falar sobre a possível origem dos nomes que usamos para diferenciar os vários Meses do Ano. Existem muitas teorias sobre a origem e significado de cada um desses nomes. Podemos afirmar que a influência Romana é incontornável, mesmo que outras culturas e povos possam ter alterado e modificado, à sua maneira, de acordo com os seus costumes e tradições, os nomes dos meses que actualmente usamos.

O acordar do alvorecer - Miró
Apesar dos Romanos, enquanto cidade-estado, republica e Império, já façam parte da História, a sua influência permaneceu. À semelhança de outros episódios do passado, ao longo da História e um pouco por todo o mundo, muitos povos conquistadores acabavam por ser aculturados pelos conquistados, o que ocorria quase invariavelmente quando a cultura dos dominados era mais sofisticada e desenvolvida que a dos novos senhores. Isto aconteceu aos povos nórdicos invasores, quando formaram novos reinos a partir da imensidão do antigo Império Romano. Essa influência foi contínua ao longo dos séculos, sobrevivendo mesmo à queda de muitos desses reinos, também muito devido à influência da Igreja católica Romana (resquício do poder e organização política romana numa Europa fragmentada), que preservou algumas das características e legado cultural dos antigos romanos (O latim foi a língua oficial da diplomacia e dos tratados internacionais durante muitos séculos).
Então, cumprindo o propósito a que me predispus, aqui ficam algumas das possíveis origens para os actuais nomes dos meses do nosso calendário, tendo em conta uma génese romana:
 
Janeiro – Deriva do deus Jano, o qual era representado com duas caras olhando o ano que acaba e outra o que principia.
 
Fevereiro – de «februare», que significa purificar, por ser o mês durante o qual se celebram os sacrifícios expiatórios. O nome deste mês, antes do calendário de Júlio César (calendário juliano) era atribuído ao último mês do ano, e os sacrifícios realizados para pedir um bom ano. Foi também Júlio César que retirou o primeiro dia a Fevereiro, tendo-o acrescentado ao mês em sua honra (Julho). Augusto fez o mesmo, acrescentando também um dia ao seu mês (Agosto). Dai o mês de Fevereiro ter, à excepção dos anos bissextos, 28 dias.
 
Março – do nome do Deus Marte, deus da Guerra. Era nesta altura que se iniciavam as campanhas militares, pois era pouco usual combater no Inverno, dadas as limitações de manter e manobrar exércitos da antiguidade nessa época do ano (dificuldades de deslocação e de obtenção de víveres e forragens).
 
Abril – De «aperire», por ser a época em que a terra se abre para produzir seus frutos.
 
Maio – que vem de «Majore», nome dos senadores romanos, que neste mês começavam as suas sessões. Uma outra origem poderá ser a homenagem à Deusa Maia, uma antiga divindade da Primavera, de origem Itálica.
 
Junho – Nome da Deusa Juno /Hera), filha de Cronos (Saturno) e Gaia (Terra) e esposa de Júpiter (Zeus).
 
Julho – Do nome Julio César.
 
Agosto – do nome de César augusto.
 
Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro – querem dizer, respectivamente, sétimo, oitavo, nono e décimo, números de ordem que lhes correspondiam no calendário romano, o qual antes de Numa Pompílio, começava em Março e só se compunha de dez meses.

Bibliografia:
Livro de curiosidades, da colecção retalhos, da editora Menabel

quinta-feira, 11 de março de 2010

Jesus existiu realmente enquanto pessoa ou foi uma mera ideia?

Cada vez mais se questiona o que outrora era considerado factual. Informações que se davam como dados adquiridos são agora perscrutadas e investigadas pelas mais recentes tecnologias e formas de saber. À semelhança de outras áreas de interesse e actividade Humana, algumas perspectivas sobre as várias Religiões são também analisadas, especialmente naquelas que tiveram implicações históricas relevantes.
O Cristo de S. João da Cruz - Dalí
O livro “Tratado de Ateologia”, de Michel Onfray, questiona um desses temas que levantam polémica. Citarei então agora aqui um excerto dessa obra, para que posteriormente se possa analisar o conteúdo: “A existência de Jesus não está historicamente. Não se conhece nenhum documento contemporâneo do acontecimento, nenhuma prova arqueológica, nada de certo que nos permita concluir, hoje, pela verdade de uma presença efectiva na passagem entre dois mundos, abolindo um e instituindo outro.
Nada de túmulo, nada de sudário, nada de arquivos, a não ser um sepulcro inventado em 325 por Santa Helena, a mãe de Constantino, muito dotada, e a quem se deve também a descoberta do Calvário e a titulus, o pedaço de madeira que suporta o motivo da condenação. Uma peça de madeira que o método do carbono 14 data do século XIII (…). Enfim, três ou quatro referências vagas, muito imprecisas, nos textos antigos – Flávio Josefo, Suetónio e Tácito -, mas em forma de cópias efectuadas alguns séculos depois da pretensa crucifixão de Jesus e, sobretudo, muito depois do sucesso dos seus turifetários… (…) Ainda hoje, lemos os escritores da Antiguidade a partir de manuscritos, vários séculos posteriores aos seus conteúdos rearranjando-os de modo a validarem o sentido da História (…)”.

Independentemente da existência de um Jesus histórico, de um ponto de vista conceptual ele de facto existiu e continua a existir. Pois, tenha o Jesus no Novo Testamento sido um homem de carne e osso, poderemos sempre, de um modo conceptual, construir essa personagem através dos valores e ideias que nos chegaram. Apesar de poder ser uma engenhosa invenção com o intuito de cumprir vários fins, e de nem toda essa filosofia prescrita por Jesus ser tão imaculada, altruísta e pacífica como alguns nos querem fazer acreditar, é certo que Jesus, enquanto pensador e activista social, com preocupações éticas e morais, nos pode sempre ensinar alguns conhecimentos e perspectivas. Tentemos apreciar as boas ideias e a sabedoria pelo que valem, e não por qualquer necessidade ou crença mitológica.

Jesus é importante, nem que seja pela influência que teve na História da Humanidade, dai valer a pena saber mais sobre ele, nem que seja simplesmente analisado como uma ideia ou corrente filosófica.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Será que conhecemos Van Gogh?

Será que conhecemos mesmo Van Gogh, o famoso pintor Holandês expressionista, com fama de miserável e louco? Num texto da edição portuguesa da Courrier Internacional, intitulado de “O pintor que também era escritor”, da autoria de Hans Masselink, somos confrontados de uma recente investigação sobre a correspondência saída da mesma mão com que Van Gogh pintava.

Auto-retrato - Van Gogh
Muito escreveu Van Gogh, especialmente correspondência para o seu irmão Theo e também com outros pintores conhecidos da época - por exemplo Gauguin, um grande amigo de Van Gogh. Essas cartas foram recentemente alvo de um estudo levado a cabo pelo Museu Van Gogh e pelo Instituto Huygens-KNAW, tendo dessa investigação resultando informações preciosas sobre a personalidade de Van Gogh:
Não era maníaco-depressivo, como se diz muitas vezes. (…) Ele era extremamente fanático, apaixonado, de uma energia fervilhante, incansável”; “Van Gogh não tinha nada de miserável, mesmo se muitas vezes lhe era difícil fazer face às despesas, apesar do seu irmão Theo lhe dar dinheiro suficiente”; “Não era um pintor incompreendido. O mercado não estava preparado para a sua obra. Os quadros do seu amigo Gauguin praticamente não se vendiam, e os dele tão pouco. Mas dentro do círculo de conhecedores foi, porém, bastante apreciado
As razões para os mitos criados em torno de Van Gogh podem ter sido muitas, provavelmente algumas delas passam por simples questões de marketing e publicidade para fazer crescer o valor de mercado das suas obras. Independentemente disso trata-se de um grande pintor, dos melhores e mais originais que a História registou. 

Se há uma coisa que a investigação História demonstra é que o conhecimento histórico está em constante construção, e, em certos casos, emdesconstrução para uma nova e revolucionária edificação. Se é mesmo assim, e se tudo isto é mesmo factual para o caso da história de Van Gogh, imagine-se como poderá ser para os grandes momentos da história da humanidade, daqueles que influenciaram e continuam a influenciar a vida de milhões de pessoas.

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